Palestra-Debate

Pierre Bourdieu / Slavoj Žižek

José Manuel Mendes

Nuno Ramos de Almeida

27 de março de 2012, 21h15

Galeria Santa Clara, Coimbra

Pierre Bourdieu por José Manuel Mendes (CES)
Slavoj Žižek por Nuno Ramos de Almeida

Moderação: Miguel Cardina


Pierre Bourdieu (1930-2002) | Sociólogo francês e Professor no Collège de France que, devido ao seu empenhamento público, se tornou, no final da vida, um dos intervenientes principais da vida intelectual francesa. O seu pensamento é extremamente importante nas ciências sociais e humanas, tendo exercido uma influência particular sobre a sociologia francesa do pós-guerra. A sua obra sociológica é dominada por uma análise dos mecanismos de reprodução das hierarquias sociais, entre os quais destaca a importância dos fatores culturais e simbólicos, criticando o primado atribuído pelas concepções marxistas aos fatores económicos. Sublinha ainda que a capacidade dos agentes dominantes de impor as respetivas produções culturais e simbólicas desempenha um papel essencial na reprodução das relações sociais de dominação. O conceito de violência simbólica torna-se, nesta perspetiva, central na sua análise sociológica. Outro conceito-chave na obra deste sociólogo francês é o conceito de campos, ou seja, de espaços sociais como o campo artístico ou o campo político, especializados na realização de uma determinada atividade social, dotados de uma autonomia relativa em relação ao conjunto da sociedade e hierarquizados segundo os conflitos entre campos dominadores e campos dominados que, para Bourdieu, são essenciais para a compreensão do funcionamento de qualquer sociedade. Grande parte da sua influência sobre as ciências sociais deve-se ainda ao conceito de habitus, central numa teoria da ação que aponta paraas estratégias ou os princípios de ação dos diferentes agentes sociais, fundados num pequeno número de dispositivos adquiridos no processo de socialização.


Slavoj Žižek nasceu em 1949, em 21 de Março de 1949 em Liubliana, capital da Eslovénia, na altura parte da Jugoslávia. É investigador do Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana e professor visitante em várias universidades, entre as quais, Columbia, Princeton, New School for Social Research, New York University, University of Michigan. Tem doutoramento em Filosofia pela Universidade de Liubliana e em psicanálise pela Universidade de Paris, em que estudou com Jacques-Alain Miller (genro de Jacques Lacan). Slavoj Žižek tornou-seconhecido como teórico contemporâneo a partir da publicação de "O sublime objecto da ideologia", seu primeiro livro escrito em Inglês, em 1989. Desde aí, publicou mais de 30 livros. Na sua obra, escrita num estilo muito peculiar, reconhece-se a influência de Lacan, do idealismo Alemão e do estruturalismo francês. Organizou em 2009, com Alain Badiou, uma conferência internacional em Londres com o propósito de relançar a ideia do comunismo. Nesse encontro participaram, entre outros, Negri, Rancière e Gianni Vatimo. Uma conhecida revista conservadora apelidou-o como "o mais perigoso filósofo ocidental". Ainda não fez a revolução, mas não será por falta de livros publicados. Os mais conhecidos são, para além do "Sublime objecto da ideologia", "Tarriyng whit the negative", "O sujeito Incómodo" e "The Parallax View". No seu último livro, "Viver nos fim dos tempos", defende que o capitalismo atingiu do seu "ponto-zero apocalíptico" e que os quatro cavaleiros do Apocalipse são: a crise ecológica; as consequências da revolução biogenética e os problemas da propriedade intelectual; os conflitos vindouros em torno das matérias-primas, recursos alimentares e a água; e o aumento explosivo das divisões e exclusões sociais. Bem-vindos ao deserto do real.


Notas biográficas dos palestrantes

José Manuel Mendes é doutorado em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, onde exerce as funções de Professor Auxiliar. Investigador do Centro de Estudos Sociais, tem trabalhado nas áreas das desigualdades, mobilidade social, movimentos sociais e ação colectiva e, mais recentemente, nas questões relacionadas com o risco e a vulnerabilidade social. É cocoordenador com Pedro Hespanha da Área Temática "Novas Solidariedades: Locais, Nacionais, Globais" e do Núcleo de Cidadania e Políticas Sociais.
É coordenador do Observatório do Risco - OSIRIS, sediado no Centro de Estudos Sociais.
É cocoordenador com Luísa Sales do Centro de Trauma do Centro de Estudos Sociais.

Nuno Ramos de Almeida nasceu em Praga na então Checoslováquia. Estudou economia no ISEG e sociologia no ISCTE. Jornalista de profissão, foi diretor da revista Cadernos Polítika, jornalista da SIC e da TVI, diretor-adjunto do semanário Já, diretor da Revista Focus, é atualmente editor-executivo do jornal diário i. No âmbito do seu trabalho tem vários documentários e grandes reportagens televisivas realizadas, das quais se destacam trabalhos realizados no terreno sobre Cuba, os zapatistas, o conflito basco, a guerra de guerrilhas na Colômbia e o papel do rap nos subúrbios de Lisboa.
Foi dirigente da ATTAC, tendo participado na organização das manifs globais contra a guerra em 15 Fevereiro de 2003, foi o coordenador do primeiro Fórum Social Português realizado em Junho de 2003, e integrou os comités organizadores do primeiro Fórum Social Europeu realizado em Florença e o do segundo que teve lugar em Paris.