Ciclo Cinema e Memória

"A Lei da Terra" e "Luta do Povo: Alfabetização em Santa Catarina"

6 de julho de 2011, 21h00

Casa do Brasil (Rua Luz Soriano, 42), Lisboa

"A Lei da Terra" de Alberto Seixas Santos e Solveig Nordlund (Grupo Zero)

[Portugal, 1977, 75 minutos]
Sinopse: A Lei da Terra é um documentário assinado pela cooperativa de filmes Grupo Zero, sendo a sua realização atribuída a Alberto Seixas Santos. Ideologicamente empenhado no apoio da luta dos trabalhadores, o documentário opta por uma abordagem de estilo objectivo: há uma narração em voz off que expõe os factos e contextualiza historicamente a luta dos trabalhadores agrícolas alentejanos. Pela voz de alguns entrevistados, declaram-se as condições de vida relativas ao emprego sazonal, ao trabalho jornaleiro incerto e árduo, às caminhadas longas, à fome e à miséria. Através de testemunhos, explica-se como as cooperativas se organizaram para trabalhar as terras abandonadas. Neste salto do particular para o geral, o exemplo tomado como regra cumpre uma função de validação e assume uma posição partidária da luta.

 

 

"Luta do Povo: Alfabetização em Santa Catarina" de Cooperativa Grupo Zero (com coordenação atribuída a Solveig Nordlung) [Portugal, 1976, 25 minutos]

Sinopse: O golpe de Estado de 1974 desencadeou um processo revolucionário em que a modificação radical das relações que até então se processavam no seio da família, no trabalho e no conjunto da sociedade jamais permitiu retrocesso. Se muitos tentam pintar esse processo convulsivo, e inevitavelmente conturbado, como um desastrado momento de rebeldias gratuitas e simplesmente folclóricas, este filme da Cooperativa Grupo Zero contém a resposta mais cabal que poderemos dar a tais interpretações analiticamente pouco sérias. Naqueles anos de brasa, raras vezes se filmou tão judiciosamente o povo tomando nas mãos o seu futuro. Na aldeia Santa Catarina, no Alto Alentejo, o povo discute a sua vida, os seus valores, as suas necessidades. Um dos pontos de encontro é o curso de alfabetização. Alfredo é um dos alunos. Homem feito e "crestado" do trabalho na terra, só aos 44 anos pode finalmente a ler e a escrever o essencial,porque em pequeno tinha sido tempo de "trabalhar, passar fome e levar porrada." Com o advento da democratização, aprenderá as letras e com elas mais do que é a política, a participação no pulsar colectivo da sua comunidade, a vida organizada e livre de peias na cooperativa agrícola a que pertence.

Comentador: António Loja Neves [Nota biográfica: Nasceu na Madeira. Jornalista do Expresso. Tem desenvolvido actividades em torno do cinema, como divulgador, programador e crítico. Realizou alguns filmes na área do documentário. Organizou ciclos e festivais no Brasil, em Portugal, em Moçambique, em Cabo Verde, em Timor-Leste, na Irlanda, em França e na Galiza. Foi fundador da revista Cinearma, e chefe de redacção da Cinema em Português. Fez parte da redacção do semanário África e de revistas como Cinema e Camões, entre outras, portuguesas e estrangeiras, onde colaborou mais esporadicamente. Participou na fundação da Federação Portuguesa de Cineclubes e também da AporDoc - Associação Portuguesa pelo Documentário. Pertence aos corpos gerentes da Associação Portuguesa de Realizadores].


Organização