Programa

What is a pushback? | Nagehan Uskan, RePlito collectives, 2023, Greece, Turkey, 8’
Criado durante a oficina Visual Storytelling as Resistance (Narrativa Visual como Resistência) em Lesbos, “What Is a Pushback?” (O que é uma repulsão?) apresenta relatos em primeira mão de migrantes sobre repulsões e o impacto humano das práticas fronteiriças europeias. São mostradas várias imagens e testemunhos de repulsões. Ao destacar os testemunhos pessoais, o filme realça como estas ações minam a confiança nas instituições estatais e apontam para a impossibilidade dos migrantes entrarem no contrato social e participarem plenamente na sociedade. O filme coloca as vozes dos migrantes em contraste com o silêncio do filme anterior. «What is a Pushback?» incentiva os espectadores a reconsiderarem a forma como as «democracias avançadas» lidam com a migração, muitas vezes ignorando os direitos humanos.


Teen Angst | Inga Pylypchuk, 2024, Germany and Ukraine, 29’
«Lembras-te da sensação de viver sem guerra?» Nove histórias sobre crescer em tempos de guerra, contadas por três refugiados e seis adolescentes ucranianos deslocados internamente. Estes nove testemunhos de pessoas que vivem numa zona de guerra ou que têm de lidar com as consequências da guerra mostram como a migração permite às pessoas reconstruir a confiança no presente e no futuro da sociedade. Mas como podem cuidar de si próprios, quando o medo pela família, a morte, a separação e o trauma são omnipresentes? A migração ajuda a suportar as dificuldades da guerra. Eles falam da busca pela segurança e felicidade, pela vida quotidiana e pela esperança.


O homem do lixo | Laura Gonçalves, 2022, Portugal, 11’
“O Homem do Lixo” é uma curta-metragem documental animada, sobre um português que emigrou para França, durante a ditadura, onde trabalhou como recolhedor de lixo. Ao regressar a Belmonte, ele trouxe consigo objetos considerados lixo em França, mas ainda úteis em casa. O filme explora, de forma concreta e simbólica, como as experiências de um migrante desenvolvem a resiliência que traz de volta para o seu país de origem. A resiliência é uma qualidade com a qual os migrantes contribuem tanto para os países de acolhimento como para os países de origem, ajudando a promover o contrato social em tempos de transição ou «crise». Eles também contribuem para a renegociação das relações socioeconómicas, recorrendo a modos de vida locais e estrangeiros.


Outra ilha | Eduardo Saraiva, 2024, Portugal, 32’
«Outra Ilha» retrata uma comunidade de cabo-verdianos que se estabeleceu nos arredores do porto de Sines na década de 1980, construindo gradualmente as casas, ruas e jardins que se tornaram no bairro Amílcar Cabral. O filme mostra como estes migrantes criaram raízes em Portugal, mesmo que os seus filhos nunca tenham visto a terra dos seus antepassados. Através de histórias de resiliência, construção da dignidade e (re)existência, o filme leva à reflexão sobre como a migração transforma territórios e contribui para a reconstrução da sociedade local. Os migrantes contribuem assim voluntariamente para o contrato social, antes de serem reconhecidos como partes interessadas legítimas ou capazes de articular exigências sociais.

Aneni | Jack Hawkins, 2019, United Kingdom, 17’
«Aneni» acompanha uma mulher de limpeza zimbabweana que vive no Reino Unido e, enfrenta dificuldades financeiras enquanto luta para sustentar a sua filha no seu país natal. O filme destaca os desafios da migrante em relação à dignidade, à sua resiliência ao sobreviver com salários baixos, e à (des)confiança que molda a sua relação com a sociedade e as instituições locais. «Aneni» mostra como a dignidade e os direitos fundamentais dos migrantes são negados ou dependem de condições contratuais sobre as quais têm pouco controle. Os migrantes contribuem assim para a construção da sociedade, mantendo a dignidade apesar dos desafios colocados pela posição desfavorecida que ocupam na sociedade.


Adnan's Father | Sylvia Le Fanu, 2017, Denmark, 25’
“Adnan’s Father” relata a experiência de Sayid, um médico refugiado sírio, que se esforça para se estabelecer numa zona rural da Dinamarca, com o seu filho Adnan, após receber a autorização de residência. Esta é a história de um pai decidido e empático que se esforça para aprender um novo estilo de vida, defendendo a sua dignidade e a do filho, recusando atalhos e favores especiais. Isso merece a admiração e o respeito do filho. O filme destaca como os migrantes fortalecem a humanidade e a dignidade na sociedade que os acolhe, defendendo a igualdade dos seres humanos, independentemente das suas qualificações e das dificuldades que enfrentam.


Under The Endless Sky | Alexandra Dzhiganskaya, 2022, Ukraine, 4’
Em “Under the Endless Sky”, Alexandra Dzhiganskaya reflete sobre as memórias da sua infância, antes da invasão em grande escala da Ucrânia, enfatizando que “as nossas memórias desempenham um papel importante na construção da identidade e da autoconsciência”. O filme destaca a resistência da população civil, vítima da guerra, e mostra como preservar a memória se torna uma forma vital de sobrevivência pessoal e reexistência social. As memórias dos migrantes permitem que os indivíduos se reconectem com o seu passado, as suas famílias e as suas vidas anteriores. Enquanto os refugiados anseiam por uma nova vida, muitos trazem consigo os seus diários de «memórias», para os ajudar a navegar e sobreviver à nova realidade dos países de acolhimento. Os migrantes constroem sociedades pós-guerra.
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Voice Notes from Palestine | Amal Al-Agroobi, 2024, Palestine, 10’
“Voice Notes from Palestine” relata as vozes de estudantes palestinianos, com necessidades especiais, da Universidade de Gaza. Os estudantes usam as redes sociais para partilhar o seu sofrimento, perda, esperança e resiliência ao longo dos muitos meses de bombardeamentos e deslocamento forçado da Faixa de Gaza, causados pela ocupação e violência israelitas. O filme destaca diferentes formas de fortalecer a resiliência, a (re)existência, a dignidade e a (des)confiança nas instituições internacionais. No meio de múltiplas camadas de desvantagem e injustiça, os migrantes resistem à destruição e mantêm a sociedade viva. Eles retratam uma visão além do colonialismo, da guerra e da destruição, com o objetivo de reconstruir um contrato social que permita condições de vida dignas.


MIGRANT | Ezequiel Dalinger, Daniel Iezz, 2019, Argentina, 6’
A emigração pode ser entendida sob várias perspetivas, pois cada emigrante tem uma experiência única. Expectativas, desesperos e sonhos, muitas vezes colidem com necessidades urgentes, pressões de sobrevivência ou, a busca por ideais políticos. Essas realidades complexas nem sempre são visíveis quando se encontra um migrante. «Migrante» é uma curta-metragem animada com uma mensagem poderosa sobre as oportunidades únicas proporcionadas pela migração. É baseada em testemunhos reais e animada por mais de 50 artistas de 11 países latino-americanos, reunidos pela Anima Latina. O filme mostra as várias formas como a migração promove a resiliência, gera resistência aos desafios sociais e a (re)existência após transições sociais, moldando sociedades resilientes e contratos sociais.