Seminário | GRUPO DE TRABALHO POLICREDOS

Descolonizando a arquitetura religiosa: um olhar sobre os terreiros como espacialidades sagradas não-ocidentais

Andreia Moassab (UNILA)

28 de abril de 2023, 16h00 (GMT+1)

Evento em formato digital

Apresentação

A literatura sobre arquitetura religiosa tem privilegiado, ao longo do tempo, a análise de monumentos e edifícios relacionados a uma matriz judaico-cristã. Neste contexto, outras arquiteturas religiosas ficaram sub-representadas, nomeadamente aquelas associadas a pessoas racializadas e/ou percecionadas como integrantes de grupos minoritários. Consequentemente, uma reflexão sobre a materialidade do sagrado segundo lentes epistemológicas não-ocidentais tem sido invisibilizada e considerada de menor importância nos estudos da religião. Do mesmo modo, suas formas projetivas, modos de representação e estética passam à História como residuais e particulares. Na contramão deste apagamento, este seminário busca refletir sobre esta sub-representação dos terreiros na literatura acadêmica, seja da arquitetura, seja da religião. A crítica desta sub-representação se faz à partir de duas lentes teóricas: a do pensamento decolonial e a da teoria crítica racial. Observando os modos de organizar os espaços e de construir a relação com o sagrado, este seminário entrelaça os seguintes assuntos: (1) as diferentes gramáticas de construção e ocupação do espaço nos terreiros, (2) o racismo estrutural que sub-valoriza o candomblé e a umbanda como práticas religiosas legítimas na América Latina e (3) a urgência de descolonizar os estudos da religião e da arquitetura para que outras epistemologias do sagrado venham a emergir.


Nota biográfica

Andreia Moassab é arquiteta e urbanista, mestre e doutora pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da PUCSP. Em 2007/08 fez seu estágio de doutoramento no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal), sob orientação de Boaventura de Sousa Santos. Em seus artigos científicos tem abordado direito à moradia, direito ao território, feminismo, racismo, inserção social da tecnologia e patrimônio histórico. Desde 1992 trabalha com planejamento urbano e desenvolvimento regional, tendo coordenado projetos em diversas partes e biomas do Brasil . Trabalhou com regularização fundiária na CDHU-Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (1996-2001). Em Cabo Verde (África) foi consultora do MDHOT - Ministério do Desenvolvimento, Habitação e Ordenamento do Território - e das Nações Unidas. Foi coordenadora de investigação do Centro de Investigação em Desenvolvimento Local e Ordenamento de Território da Universidade de Cabo Verde (2009-2012) e docente do departamento de Ciência e Tecnologia. Atualmente é professora do curso de arquitetura e urbanismo  e dos programas de pós-graduação em políticas públicas e desenvolvimento e em integração contemporânea da América Latina da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA/Brasil). Foi também coordenadora do curso de arquitetura e urbanismo da UNILA [2013-15], responsável pela elaboração de seu primeiro projeto pedagógico. É líder do MALOCA - Grupo de Estudos Multidisciplinares em Arquiteturas e Urbanismos do Sul. É autora do livro "Brasil Periferia(s): a Comunicação Insurgente do Hip-Hop" (Educ/Fapesp, 2011), finalista do prêmio Jabuti 2013, na categoria ciências humanas. É autora, com Egon Vetorazzi, do livro "Morar na Barranca" (Edunila, 2019) e organizou, com Leo Name, o livro "Por um Ensino Insurgente em Arquitetura e Urbanismo (Edunila, 2020), considerado o segundo melhor livro de 2021 em ciências sociais aplicadas, pela ABEU - Associação Brasileira de Editoras Universitárias.


Seminário no âmbito do Grupo de Trabalho Policredos 

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Esta atividade realiza-se através da plataforma Zoom, sem inscrição obrigatória. No entanto, está limitada ao número de vagas disponíveis > https://zoom.us/j/86248055266 | ID: 862 4805 5266 | Senha: 277066

Agradecemos que todas/os as/os participantes mantenham o microfone silenciado até ao momento do debate. A/O anfitriã/ão da sessão reserva-se o direito de expulsão da/o participante que não respeite as normas da sala.

As atividades abertas dinamizadas em formato digital, como esta, não conferem declaração de participação uma vez que tal documento apenas será facultado em eventos que prevejam registo prévio e acesso controlado.