_{Monumento ao Marquez de Sá da Bandeira © Pedro Medeiros | Projeto Echoes | 2021}

Integrada na XXIV Semana Cultural da UC, a exposição dedicada à cidade de Lisboa, mas sinalizando outras cidades e locais em Portugal, resulta de um exercício coletivo e dialógico de investigação sobre o seu património histórico e cultural, interrogado a partir das suas múltiplas intersecções com a história colonial e imperial portuguesa. Exercício crítico – certamente provisório, a carecer de aprofundamento e diversificação, particularmente explorando outros casos e problemas, convocando outras vozes e argumentos –, este projeto contribui de forma original e rigorosa para os debates sobre os passados e os presentes (pós)imperiais e coloniais, sobre a(s) história(s) e a(s) memória(s). Sobre o passado cimentado, e aqueloutro invisibilizado ou negligenciado, e o presente em construção, ou a precisar de reconstrução urgente.

A exposição baseia-se num acervo de imagens produzidos propositadamente pelo fotógrafo Pedro Medeiros e de textos produzidos por académicos, ativistas, museólogos, jornalistas, entre outras vozes e perspetivas, e que se debruçam sobre um leque diversificado de espaços, atores, instituições e símbolos. Estes, ao longo do tempo, com maior ou menor visibilidade, foram cunhando, e alterando, a forma como pensamos e nos relacionamos com a história, o património e as memórias associadas que de alguma forma remetem para os passados imperiais da cidade e dos seus territórios e comunidades envolventes. Dentro do amplo espectro de temas abordados, Lisboa é interrogada a partir de elementos que transpõem os limites da cidade (e do país), integrando outros espaços e atores – nacionais, imperiais, internacionais e transnacionais.

Abrangendo uma variedade de temas que se manifestam, de formas diversas, no património – das questões laborais e sociais à espacialização urbana da diferença étnico-racial, entre outras – a exposição oferece inúmeros exemplos dos modos como estas reflexões sobre a(s) história(s) e a(s) memória(s) (pós)coloniais e (pós)imperiais, podem, e devem, ser alcançadas: de modo informado, reflexivo e escrutinador das dinâmicas passadas e contemporâneas que enformam a nossa relação com a história, o património e a memória. A exposição é acompanhada por um catálogo, com o mesmo título, editado pela Tinta da China, que enquadra as obras apresentadas na exposição com os textos na íntegra. Existem duas versões, uma em português e outra em inglês.

Ecos Coloniais: Histórias, Patrimónios e Memórias é parte integrante do projecto ECHOES – European Colonial Heritage Modalities in Entangled Cities – financiado pela União Europeia (H2020) que debate o património colonial existente, tanto na Europa, como em outros continentes. Concebendo o património como legado e também como presença, problematiza modalidades de apropriação e de desapropriação nas sociedades contemporâneas. Procura, igualmente, conhecer linguagens e estratégias de valorização do património colonial que permitam criar condições para debates mais informados e rigorosos, participados e inclusivos. Analisa acções institucionais e iniciativas de movimentos sociais e de grupos de activistas que colocam o património colonial no centro de disputados debates públicos sobre a história e a memória.

O projecto é desenvolvido por: Universidade de Hull (Reino Unido); Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal); Universidade de Aarhus (Dinamarca); Universidade de Amsterdão (Holanda); Universidade de Varsóvia (Polónia); Universidade de Rennes (França); Universidade de Fudan (Shangai – China); Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Brasil); e Universidade do Cabo (África do Sul).


Apoio: Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra