Debate

A Crise no Mediterrâneo é de toda a gente!

25 de maio de 2015, 16h00

Cafetaria do Teatro Académico de Gil Vicente (Coimbra)

Enquadramento

"Não vamos à procura de uma vida melhor. Vamos à procura de vida. Atrás de nós só há morte", relata Ahmed Abdalla, de 47 anos, que atravessou o Mediterrâneo para chegar à Europa, fugindo da guerra da Somália. Ahmed Abdalla está em Portugal desde 2009. Cada trajecto de sobrevivência contém uma história de vida – de uma verdadeira sub-vida -, como, recentemente, os meios de comunicação têm salientado na primeira pessoa.

Os números, esses, estão certamente subrepresentados, mas os que se encontram disponíveis permitem retratar a continuidade e, progressiva, intensidade desta tragédia. Em 2014, mais de 220 000 migrantes e requerentes de asilo alcançaram a União Europeia por mar, metade dos/as quais provindo da Síria, Eritreia, Somália e Afeganistão. Nesse ano, a Organização Internacional das Migrações registou a morte de 3 279 pessoas na travessia do Mediterrâneo, o que, por si só, representa 65% do total de vítimas mortais registadas a nível mundial, em termos de populações em fuga. Ainda estamos no primeiro semestre de 2015 e já foram contabilizadas 1 790 mortes, um número em constante actualização.

O Mediterrâneo tornou-se, assim, a representação espacial da crise – uma crise política, económica, social, cultural, mas também humanitária.

Até que ponto a implementação do Sistema Europeu Comum de Asilo, da vigilância, securitização e externalização das fronteiras (através de instrumentos como a Frontex, o EUROSUR, a EASO), da Directiva de Retorno, dos Acordos de Readmissão, se coaduna com a defesa dos direitos humanos e da dignidade da pessoa humana, plasmados, por exemplo, na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia?

No CES-UC, o Núcleo de Estudos sobre Humanidades, Migrações e Estudos para a Paz (NHUMEP) tem desenvolvido investigação na área das migrações. Constitui, assim, uma responsabilidade, protagonizada por todos membros do Núcleo, a criação de um espaço-debate em torno dos recentes acontecimentos no Mediterrâneo.

Partilhando uma concepção não restrita de conhecimento, defendemos a necessidade de “lugares de encontro” entre múltiplas formas de saber (em resultado da “experiência vivida”, do conhecimento institucional, do conhecimento científico, entre outros). Julgamos que só através de uma abertura da ciência à participação pública, sob forma dialógica e integrada, podemos efectivamente contribuir para a construção de novas formas de cidadania, socialmente comprometidas. A realização desta Sessão Pública persegue esse objectivo, procurando constituir uma oportunidade de debate participativo sobre o tema, cujo âmbito, alcance e resultados serão definidos pelos próprios intervenientes.


Programa

· Apresentação do Vídeo “A longa viagem de Muhammad”, Ana Gomes Ferreira e Vera Moutinho (Jornalistas do Público)

· Intervenções:
- Maria João Guimarães (Jornalista do Público);
- Estudante Internacional sírio;
- Lisa Matos (Especialista em populações refugiadas);
- Maria João Guia (Directora da CINETS – Rede Internacional Crimmigration Control);
- Mamadou Ba (SOS Racismo)
- Fabrice Schurmans (CES).

· Debate moderado por Joana Sousa Ribeiro (CES)

Organização: Núcleo de Estudos sobre Humanidades, Migrações e Estudos para a Paz (NHUMEP)

Apoio: TAGV (Teatro Académico Gil Vicente)