Agência da União Europeia para os Direitos Fundamentais (FRA)
Pessoas negras na UE enfrentam cada vez mais racismo
Relatório de outubro de 2023
Quase metade das pessoas de ascendência africana na UE enfrentam atitudes de racismo e discriminação no seu quotidiano, o que significa um aumento desde 2016. O assédio racista e o perfil étnico também são comuns, especialmente para os jovens, constatação que resulta de uma nova investigação da Agência da União Europeia para os Direitos Fundamentais (FRA).
O segundo relatório “Ser negro/a na UE” da FRA destaca as experiências das pessoas de ascendência africana na EU, mostrando que, apesar da lei antidiscriminação vinculativa na UE desde 2000 e dos desenvolvimentos significativos de políticas desde então, as pessoas de ascendência africana continuam a enfrentar racismo, discriminação e crimes de ódio.
Na maioria das vezes, a discriminação racial efetiva-se na procura de trabalho ou de habitação. Nesse sentido, entre outos, a FRA solicita aos países da UE que:
a) façam cumprir adequadamente a legislação antidiscriminação;
b) identifiquem e registem crimes de ódio e considerem a motivação preconceituosa como circunstância agravante ao determinar as penas;
c) garantam que os órgãos de igualdade tenham os mandatos e recursos necessários para combater a discriminação e apoiar as vítimas;
d) tomem medidas para prevenir e erradicar práticas institucionais e culturais discriminatórias na polícia;
e) desenvolvam políticas específicas para abordar o racismo e a discriminação racial na educação, emprego, habitação e saúde.
Este relatório faz parte da terceira pesquisa da UE sobre experiências de imigrantes e descendentes de imigrantes em toda a UE. Analisa as respostas de mais de 6.700 pessoas de ascendência africana que vivem em 13 países da UE: Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Polónia, Portugal, Espanha e Suécia.
Sobre estas temáticas, o CES-UC têm vindo a produzir conhecimento, apresentando investigação conclusiva para se poder traçar um quadro fidedigno da situação que se vive em Portugal. Para mais informação, consultar:
- O trabalho de Ana Rita Alves, publicado no livro «Quando Ninguém Podia Ficar: Racismo, Habitação e Território» (Lisboa: Tigre de Papel), obra com a qual se procurou estabelecer como se tem (re)construído historicamente a relação entre periferia, direito à habitação e raça/racismo no Portugal contemporâneo.
- «RAP | ‘Raça’ e África em Portugal: um estudo sobre manuais escolares de história» , projeto de investigação coordenado por Marta Araújo que teve como objetivo principal a análise interdisciplinar da (re)produção do eurocentrismo nos manuais de história do 3.º Ciclo do Ensino Básico, considerando os seus contextos de produção, disseminação e consumo.
- «COMBAT | Combating racism in Portugal: an analysis of public policies and antidiscrimination law», projeto de investigação coordenado por Silvia Rodríguez Maeso que procurou investigar de que forma o racismo institucional é combatido, ou silenciado, nas atuais políticas públicas e na legislação antidiscriminação, nomeadamente no que diz respeito às áreas da educação e da habitação.