Nota biográfica

Giovanna Micarelli é Professora adjunta de Antropologia na Pontificia Universidad Javeriana, Bogotá, Colômbia, e Investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Foi vencedora de uma bolsa Marie Curie, em 2013. A sua investigação está maioritariamente orientada para a região da Amazónia, refletindo a sua tentativa de conciliar o trabalho académico com a prestação de apoio aos povos indígenas nas suas lutas emancipatórias. Desde 1995, tem trabalhado com o povo Shipibo-Conibo, na região do Ucayali, no Perú, os Ticuna do rio Amacayacu e os povos indígenas que pertencem ao grupo étnico, People of the Center at the periphery of the Colombian town of Leticia. Os seus interesses reúnem duas diferentes áreas de estudo: uma - mais política - explora a participação fundamental dos povos indígenas no processo de desenvolvimento e modernidade, o espaço de interpretações socioambientais na construção e defesa do território, o surgimento de movimentos de direitos indígenas e de políticas culturais em contextos interculturais. A outra - mais epistemológica - concentra-se nas formas nativas de entender as teorias indígenas sobre o indivíduo, o poder, a experiência e a sociabilidade. A extensão da sua investigação científica mais recente centra-se nas epistemologias indígenas: o conhecimento e as perspetivas das populações nativas amazonenses sobre o conhecimento, como se adquire e como é transmitido, assim como quais os resultados pretendidos. Giovanna relaciona estes conceitos, os quais são mediados pelo organismo, mito, atividade prática e relações de produção e de partilha com a gestão de bens comuns e públicos, e com as noções indígenas de bem-estar. Indaga sobre o espaço destas epistemologias indígenas nas interações interculturais e altamente politizadas que giram em torno das, mas não circunscritas às práticas educacionais. O argumento principal é explicar como essas teorias nativas são mobilizadas nos envolvimentos indígenas com o mundo ocidental, são um passo essencial para a produção de alternativas contra-hegemónicas para o capitalismo global e para descolonizar a investigação das ciências sociais. Outro campo de investigação é a antropologia alimentar. De 2018 a 2019 liderou um projecto de investigação em colaboração em quatro regiões da Colômbia, analisando a soberania alimentar, a soberania territorial e os bens comuns, em relação às onto-epistemologias locais. É actualmente membro da equipa intercultural que trabalha para a criação da Universidade indígena biocultural do povo Inga da Colômbia.