Resumo

Neste artigo publicado pela primeira vez em 2004, a bióloga feminista Anne Fausto-Sterling reconstrói a trajetória histórica da ideia de raça na ciência ocidental e a sua persistência sob novas formas, nas ciências da vida e da saúde contemporâneas. A partir do caso dos Estados Unidos, a autora mostra a complexa relação entre o biológico e o social e o modo como desigualdades e exclusões baseadas na naturalização e essencialização das diferenças produzem formas de discriminação no acesso à saúde. Em tempos de convergência de uma pandemia, de uma crise económica e da explosão da revolta contra a opressão racial e a persistência de formas coloniais de dominação, a releitura deste artigo contribui para a indispensável e urgente reflexão sobre a atual crise e sobre a relação entre ciência e política.