O projeto MARGINS, Pessoas, arroz e mangais nas periferias: Interfaces híbridas em contestação num mundo em mudança, tem-se ocupado da memória, relações internacionais, antropologia e ecologia de lugares que se constroem na interface entre arrozais e mangais na Guiné-Bissau. Estes espaços têm vindo a ser abalados pela sobreposição de fatores sociais, económicos e políticos que dificultam a reprodução do arroz como modo de vida, condições estas agravadas pelos efeitos do aquecimento global. Com o MARGINS temos vindo a olhar para estas transformações com intuito de contribuir para os processos de decisão com os quais o mundo do arroz é confrontado.

A forte componente de formação do projeto faz com que as e os estudantes de mestrado marquem o ritmo dos processos que vamos vivendo. Com grande parte da recolha empírica terminada, estamos a tempo de ouvir falar sobre impressões, resultados e análises preliminares e de os discutir. Os diálogos interculturais e interdisciplinares com os quais nos comprometemos lançam-nos para desafios de interpretação, tradução e procura por modos de ouvir e ser ouvida/o. Além disso, o enraizamento no transtorno e incerteza climáticos provocam o embate com a ideia de crise como categoria analítica para olhar o presente, revelando-se também a necessidade de olhar para as crises anteriores, e para a vida apesar delas.

Durante o seminário queremos interpretar, traduzir e cruzar experiências, observar os velhos limites, compreender as novas crises e, a partir de lugares específicos, olhar para onde julgarmos necessário. Procuraremos também pensar como expressar a transdisciplinaridade, nomeadamente reconhecer a partilha de conhecimento por agricultoras e agricultores, a experiência de quem trabalhou em ministérios, ONGs, e colegas, e que têm colaborado com o MARGINS. 

Endereçando também o convite a mais colegas que se queiram juntar, gostaríamos de poder seguir procurando caminhos para nos reinventarmos perante as diferentes disciplinas, linguagens, olhares e experiências que pautaram os nossos percursos de formação e vivência. Esperam-nos as hipóteses, as incertezas e o ânimo para estabelecer este diálogo que se realizará entre Coimbra e Bissau, a várias línguas e muitas vozes. Nestes dois dias de seminário, é ainda nossa aspiração contribuir para a ação situada, nos seus lugares locais e globais, em relação às alterações climáticas que conduziram e continuarão a levar à reconfiguração forçada de zonas costeiras como aquelas onde se produz a base do sustento guineense – o arroz.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS:

Evento em formato híbrido, com possibilidade de participação remota em todas as sessões excepto na sessão CRISE E TRANSDISCIPLINARIDADE NA IMAGEM II | VÍDEO)

O evento contará com interpretação instantânea de português para inglês e vice-versa. Os/As participantes deverão escolher no Zoom (no ícone "Interpretação") a língua preferida para assistir ao seminário. Intervenções em kriol guineense serão bem-vindas e traduzidas pela equipa MARGINS.

As inscrições são gratuitas, mas obrigatórias em: https://ces.uc.pt/pt/agenda-noticias/agenda-de-eventos/2023/a-crise-climatica-na-guine-bissau/inscricao
Prazo limite para inscrição: 26 de outubro de 2023

Comissão organizadora: Adilson Infande (CES-UC, ISCTE, Lisboa), Benício Có (ODZH, Bissau), Bucar Indjai (CEF, ISA, Lisboa; INEP, Bissau), Dionísio Tavares (CES-UC, ISCTE, Lisboa), Djone Camala (ODZH, Bissau), Joana Sousa (CES-UC, Coimbra), Luís Catarino (cE3c, FCUL, Lisboa), Luísa Acabado (CES-UC, Coimbra), Madalena Matias (cE3c, FCUL, Lisboa), Maira da Costa (cE3c, FCUL, Lisboa), Naninquio Luís (UAC, Bissau), Raul Mendes Fernandes (UAC, Bissau), Rita Campos (CES-UC, Coimbra). 

Colaborações:
ParaDocma - Viver melhor [a cidade], é preciso! (5.ª edição)
Oficina Ecologia e Sociedade (ECOSOC-CES)

*Evento realizado no âmbito do projeto MARGINS, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P. (PTDC/SOC-ANT/0741/202), que assenta numa colaboração entre o Centro de Estudos Sociais (CES-UC), o Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Climáticas (cE3c) em Lisboa, a Universidade Amílcar Cabral (UAC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP), ambos em Bissau.