PhD Thesis proposal

Comida e Urbanidades: A Produção das Paisagens Alimentares - o Rio de Janeiro

Supervisor/s: Carlos Fortuna

Doctoral Programme: Cities and Urban Cultures

Funding: FCT

Comer constitui, simultaneamente uma necessidade biológica e uma construção socio-espacial. A prática alimentar promove um conjunto de relações entre sujeitos e entre os sujeitos e seus territórios. No entanto, a comida vem sendo negligenciada da investigação sobre as urbanidades contemporâneas. A partir do nexo comida-pessoas-território, trabalha-se o conceito de paisagem alimentar, e questiona-se a produção do espaço-tempo social a partir das relações mediadas pela comida, nas práticas cotidianas do comer urbano.

A relação entre a comida e as urbanidades é interrogada a partir da aproximação às paisagen(s) alimentar(es) do Rio de Janeiro, a partir de três territórios da cidade, diversos em suas características sociais, históricas e paisagísticas - comunidades quilombolas, conjunto de favelas e um bairro planeado.

O seu objeto teórico centra-se fundamentalmente nos contributos Lefebvrianos da produção do espaçotempo social, combinada com os conceitos de Sitopia (Steel, 2013) e de espaço social alimentar (Poulain, 2004), em diálogo com abordagens contemporâneas da relação entre a comida e as urbanidades.

O objeto empírico recorre a metodologias qualitativas (oficinas participativas, entrevistas semiestruturadas e pesquisa bibliográfica) combinadas na produção de cartografias rítmicas do comer urbano.

Identifica rotas, estratégias e imaginários promovidos pela relação entre a comida e as urbanidades, organizadas a partir da proposta metodológica da ritmanálise (Lefebvre).

A investigação inova ao apresentar uma possibilidade de localização radical das paisagens alimentares, na medida em que cartografa a produção social do espaço a partir de um gesto cotidiano simultaneamente individual, identitário e compartilhado, como a prática alimentar. Dessa forma, contribui para uma modalidade alternativa de pensar as urbanidades que inclua a comida como corpo estruturante da produção sócio-tempo-espacial da cidade, apontando possibilidades de inserção dos estudos alimentares na agenda investigativa das urbanidades.