Seminário
Hannah Arendt e a banalidade do mal
Adriano Correia (Universidade Federal de Goiás)
4 de abril de 2025, 13h30
Sala 2, CES | Alta
A “banalidade do mal” é certamente a noção moral mais discutida desde seu aparecimento na obra Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal (1963), de Hannah Arendt, e se tornou desde então fundamental à compreensão de eventos extremos em tempos sombrios. Todavia, o conceito teve seus contornos pouco delineados na obra da autora, o que contribuiu, junto à polêmica que causou, para que ele se tornasse quase um lugar comum para se referir à disseminação do mal no mundo. O livro que é tema dessa palestra (Adriano Correia, A Banalidade do Mal, Ed. 70, 2025) foi concebido para ser proveitoso para quem se interessa pelo significado do mal em geral e da banalidade do mal em particular. Atravessa sua concepção o esforço por escrever com clareza, ainda que sobre questões difíceis que seriam trivializadas se não tratadas em sua complexidade própria, conceitual ou simplesmente trágica. Trata-se de um tema fundamental à compreensão do mal ético e político em nossos tempos.
A apresentação contará com a exposição da obra pelo autor, seguida por comentários de Cristiano Gianolla (CES) cuja pesquisa se concentra na análise de movimentos de extrema-direita. Moderação: Jonas Van Vossole (CES)
Notas biográficas
Adriano Correia | Professor titular de ética e filosofia política da Universidade Federal de Goiás, atua nos programas de pós-graduação em Filosofia e em Artes da Cena da UFG, além de ser professor convidado do Programa de Pós-graduação em Direito da USP. Doutor em filosofia (Unicamp/2002), com pesquisas de Pós-doutorado na Freie Universität Berlin (2011, Ciência Política), The New School (Nova York, 2017, Filosofia) e Universidade de São Paulo (Faculdade de Direito, 2023-2024). Professor e pesquisador visitante em várias universidades estrangeiras (Alemanha, Argentina, Chile, Colômbia, Estados Unidos da América, Espanha, México, Portugal, Venezuela), com pesquisas nas áreas de filosofia política, ética, filosofia da arte e filosofia do direito. Presidente da seção regional Cerrado da Sociedade Kant Brasileira (2024-2026). Membro da Associação Ibero-americana de Filosofia Política e diretor (vocal) da Sociedade Interamericana de Filosofia (2019-2024). Foi por duas vezes presidente da Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia (2017-2020). É autor, dentre outros, de Hannah Arendt (Zahar, 2007) e O Caso Eichmann: Hannah Arendt e as Controvérsias Jurídicas sobre o Julgamento (Ed. 70, 2023). É também tradutor de vários textos de e sobre a obra de Hannah Arendt.
Cristiano Gianolla | Investigador do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra (UC), onde integra a linha temática de investigação sobre Democracia, Justiça e Direitos Humanos. É formado em filosofia e doutorou-se em Sociologia e Ciência Política (cum Laude, Coimbra e Roma-Sapienza) através de uma dissertação sobre a teoria democrática de Gandhi e de um estudo comparativo dos partidos políticos emergentes na Índia e em Itália. Cristiano é o Investigador Principal do projeto UNPOP (FCT, 2021-2025) sobre emoções, populismo e extrema-direita. É coordenador do curso de doutoramento "Teorias e Instituições Democráticas" e do curso de mestrado "Diálogo Intercultural Crítico" na Faculdade de Economia da UC, onde também leciona no curso de doutoramento "Estado, Democracia e Pluralismo Jurídico". Suas publicações incluem livros, capítulos e artigos de sua autoria e organizados sobre teoria democrática, populismo, emoção, narrativa, pós-colonialismo, diálogo intercultural, cidadania e migrações.
Jonas Van Vossole | Investigador individual FCT-CEEC no CES-UC, doutorado em Ciência Política e associado ao ECOSOC do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Detém um mestrado em Ciência Política e um mestrado em Economia Geral, ambos pela Universidade de Ghent. Estes são complementados com uma pós-graduação em Estudos Avançados da Democracia no Século XXI, na Universidade de Coimbra. Sua área de interesse inclui o estudo da democracia, os movimentos sociais, o protesto social, a ciência política crítica, ecologia política e economia política. Sua pesquisa de doutoramento focou na influência da crise do euro sobre a legitimidade democrática. Sua pesquisa atual combina uma continuação da abordagem crítica em teoria democrática adotada na pesquisa de doutorado com perspectivas de ambientalismo trabalhista. A abordagem é inspirada pela reincorporação da perspectiva de Rosa Luxemburgo sobre o imperialismo como uma relação entre Capital e Natureza e sua abordagem da greve de massas em relação aos sindicatos e à política prefigurativa. Jonas é co-coordenador do Grupo de Trabalho Ecologia e Sociedade (ECOSOC) no CES e co-coordenador para a região centro de Portugal da Associação de Economia Política. Integra os Observatórios para as Condições de Vida e Trabalho (OCVT-UNL) e da Violência (UECE).