Seminário Internacional

Violências, memórias e justiças no tempo presente

20 e 21 de maio de 2013

Teatro da Cerca de S. Bernardo (Coimbra) e CES-Coimbra

Enquadramento

Nos últimos anos têm-se avolumado os estudos sobre as justiças de transição e sobre os debates abertos em torno das memórias públicas em vários contextos, o que explica porque o direito à história tem vindo a ganhar um crescente reconhecimento, apelando a uma análise política da construção das representações e narrativas sobre o passado e os seus legados no presente. As representações da história medeiam as relações de poder e os processos identitários, determinando que projetos e perspetivas são vistos como legítimos e validados através de atos de memória. No campo das ciências sociais uma vertente dos trabalhos tem-se centrado nos processos normativos do Estado e os arranjos institucionais globalizados como ferramentas da justiça de transição (ex. comissões da verdade, corpos legislativos de reconhecimento das vítimas de violação dos direitos humanos). Uma outra vertente tem-se debruçado sobre a análise sócio-histórica, antropológica e de estudos culturais sobre a violência política e os seus legados. Transversal neste corpo de estudos e debates são as lutas pelas memórias no reconstituir de sentidos e de novos espaços geopolíticos, em debate com os limites impostos pela violência inerente à construção moderna do Estado.

Este seminário internacional pretende ser um espaço interdisciplinar para ampliar a discussão e a reflexão crítica sobre os sentidos de justiça e de reconciliação à escala nacional e regional dilatando, numa perspetiva plural, o contexto, processos históricos, a multiplicidade de atores e de projetos políticos envolvidos.


Programa

Dia 20 de maio, segunda-feira, 21h30 | Teatro da Cerca de S. Bernardo (Coimbra)

Sessão cinematográfica e debate
"Nietos. Identidad y memoria" [2004; Argentina] de Benjamín Ávila
Sinopse do filme: A partir de testemunhos de alguns dos filhos dos "desaparecidos" durante a ditadura militar em Argentina (1976-1983), Benjamin Ávila tenta recompor, a sua maneira, o tortuoso puzzle destas identidades construídas com base num passado que se (re)escreve com as buscas e reflexões do presente. Estas vozes, dos que sobreviveram aos quase 500 desaparecidos, se alimentam com a necessidade de sempre questionar, e lembrar repensando, a história, seguindo o exemplo das Avós da Praça de Maio. Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=0nw7haWfG-A
Comentário: Gabriel Gatti (UPV)


Dia 21 de maio, terça-feira | CES-Coimbra

10h00 – Apresentação: Maria Paula Meneses

10h15-11h30  | Estado, violências políticas, guerras e repressão: a política de produção, gestão e reconhecimento de memórias e vítimas/afetados
Chair: Silvia Maeso (CES)
Gabriel Gatti (UPV)
Margarida Calafate Ribeiro (CES)
11h30-12h00 Discussão

12h00-14h00 Almoço

14h00-15h30 | As histórias do depois
Chair: Catarina Gomes (CES)
Bruno Sena Martins (CES)
Sheila Khan (Universidade do Minho)
15h30-16h00 Discussão

Coffee Break

16h15-17h00Arquivos, memórias e História na literatura e no cinema
Chair: Maria Paula Meneses (CES)
António Sousa Ribeiro (CES) [* a confirmar]
Fabrice Schurmans (CES)
Diana Andringa (CES)
Claúdio Tomás (U. Agostinho Neto/ISCTE)
Miguel Cardina (CES)

 

Nota: Atividade no âmbito do projeto "«Os comprometidos»: questionando o futuro do passado em Moçambique" e Núcleo de Estudos sobre Democracia, Cidadania e Direito (DECIDe)