3º Ciclo de Conferências "Patrimónios de Influência Portuguesa"

São Tomé: os últimos contratados (2009)

Diana Andringa

Leão Lopes

Mirian Tavares

7 de março de 2013, 17h00

Sala 1, CES-Coimbra

Visionamento e debate com Leão Lopes. Mirian Tavares e Diana Andringa


Produção e realização de Leão Lopes. Imagem de João Abel Aboim. Som e edição de Paolo Martelli.

Sinopse do filme:

Segundo António Carreira, a emigração para São Tomé e Príncipe teria tido início em 1863. A cultura intensiva do cacau acabava de ser introduzida no arquipélago. Era necessário mão de obra também intensiva. A administração colonial portuguesa recorreu a expedientes vários para coagir angolanos, moçambicanos e caboverdeanos a emigrarem sob contrato temporário para as roças de São Tomé e Príncipe. As condições de trabalho dos contratados ou serviçais nessas roças eram de tal forma degradantes que o cacau produzido nessas ilhas foi nessa altura apelidado pelos ingleses de cacau escravo.

Em Cabo Verde a fome de 1947-1949 junto a efeitos da 2ª Grande Guerra é o culminar de mais uma das muitas crises profundas que fustigavam o arquipélago. S. Tomé era um destino, a derradeira alternativa para grande número de caboverdeanos que migrava na esperança de uma vida melhor. Alguns dessa leva regressaram, muitos outros ficaram nas ilhas, quase esquecidos.


Notas biográficas

Leão Lopes - Professor universitário doutorado pela Universidade de Rennes 2, França e Artista Plástico diplomado pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em Pintura, Leão Lopes é fundador do M_EIA, Instituto Universitário de Arte, Tecnologia e Cultura, na cidade do Mindelo, onde desempenha as funções de reitor. Para além da docência tem desenvolvido, ao longo dos anos, uma intensa atividade nos domínios da criação artística; Artes Plásticas, Design e Cinema, bem como no da investigação aplicada a ações de desenvolvimento de comunidades rurais e urbanas em Cabo Verde.

Co-fundador e editor da revista Ponto & Vírgula (1983-1987), Leão Lopes é autor de programas de ensino técnico e artístico tendo produzido e editado uma significativa obra nos domínios da escrita, das artes plásticas, do cinema, do design gráfico e de equipamento, do design de desenvolvimento de comunidades.

Como cineasta assinou a primeira longa metragem caboverdeana, Ilhéu de Contenda, o documentário Bitu e mais recentemente S. Tomé – Os Últimos Contratados. O próximo documentário já em fase de rodagem trata da presença em Cabo Verde, ilha de S. Nicolau, dos revolucionários portugueses da ilha da Madeira, 1931; os primeiros degredados do regime de Salazar para o arquipélago, antes da abertura do Campo de Concentração do Tarrafal. Tem em preparação uma próxima longa metragem e dois documentários.

Obras escritas publicadas: A História de Blimundo (conto para a infância); Unine (conto para a infância); Manual Básico de Construção; A Fabulosa História de Tom Farwell – o Pirata de Monte Joana; Baltasar Lopes - um homem arquipélago na linha de todos as batalhas (biografia / tese); vários ensaios, em publicações nacionais e internacionais sobre cultura, identidade e civilização caboverdeana; manuais técnicos.

No domínio cívico e político, para além de ser fundador da ONG Atelier Mar (1979), desempenhou cargos públicos como Deputado Nacional; Ministro da Cultura e da Comunicação; Membro do Conselho da Presidência da República. Presentemente é de novo Deputado Nacional.


Mirian Tavares - Professora Associada da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve. Coordenadora do CIAC, Centro de Investigação em Artes e Comunicação. É diretora do Curso de Mestrado e vice-diretora do Doutoramento em Comunicação, Cultura e Artes. Com formação académica nas Ciências da Comunicação, Semiótica e Estudos Culturais (doutorou-se em Comunicação e Cultura Contemporâneas, na Universidade Federal da Bahia), tem desenvolvido o seu trabalho de investigação e de produção teórica em domínios relacionados com o cinema, a literatura e outras artes, bem como nas áreas de estética fílmica e artística.


Diana Andringa - Iniciou-se no jornalismo na década de 1960, ao colaborar com o Diário de Lisboa, onde se profissionaliza. Presa pela PIDE entre 1970 e 1971, trabalha como copywriter de publicidade. Colabora em 1978 no documentário Sol a Sol realizado para a RTP, onde ingressa como apresentadora de programas como o Telejornal; Zoom (actualidade internacional); Triangular (reportagem nacional); Informação/2 - Internacional; Grande Reportagem; Projectos Especiais; Documentais e Eruditos; Departamento de Artes e Documentários. Realiza ainda entrevistas com escritores como Jorge Luís Borges e Marguerite Yourcenar e políticos como Kurt Waldheim, Paul Hartling, Delfim Neto, George Pym, Enrico Berlinguer, Georges Marchais, entre outros. Exerce o cargo de subdirectora da RTP2 entre 2000 e 2001.

Ainda na RTP assina a realização de inúmeros programas, como José Rodrigues Miguéis (1998), Jorge de Sena - Uma Fiel Dedicação à Honra de Estar Vivo (1997), António Ramos Rosa - Estou Vivo e Escrevo Sol (1997), Rómulo de Carvalho e o Seu Amigo António Gedeão (1996), Vergílio Ferreira: retrato à minuta (1996), Corte de Cabelo: História de amor, Lisboa, anos 90 (1996), Fonseca e Costa: A descoberta da vida, da luz e da liberdade, também (1996), Humberto Delgado: Obviamente, assassinaram-no (1995), O Caso Big Dan's (1994), Iraque, o país dos dois rios (1985), Aristides de Sousa Mendes, o Cônsul injustiçado (1983), Goa, 20 anos depois (1981), entre outros.

Foi sub-directora do Diário de Lisboa (1989/90), cronista do Diário de Notícias (1983/89) e do Público (1993/95). Co-organizou em 1994 o livro Em defesa de Aquilino Ribeiro, prefaciado por Mário Soares. Foi professora da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal (1998/1999) e da Escola Superior de Comunicação Social do Instituto Politécnico de Lisboa (1998/01). Júri do ICAM na categoria de Documentário (1999).

Distinguida diversas vezes por trabalhos jornalísticos, Diana Andringa é Comendadora pela Ordem do Infante D. Henrique e membro do Conselho da mesma Ordem. É pós-graduada em Jornalismo, pelo ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, desde 2000.
 

Organização: Programa de Doutoramento "Patrimónios de Influência Portuguesa" e Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra.