Simpósio

Ó Fala que Foste Fala: a literatura da tradição oral portuguesa

11 e 12 de junho de 2014

Sala 1, CES-Coimbra

- Ana Paula Guimarães

Ó conto que foste conta: ensaio sobre verbos e verbas
Conversa (in)formal sobre cruzamentos interdisciplinares: literatura, tradição, ecologia, matemática, medicina…

- Adriana Bebiano

Oficina de reescritas de contos
Caracterizado pela criação de mundos alternativos e situado no extremo oposto da ficção realista, o maravilhoso é comummente considerado como desvinculado do real empírico. No entanto, uma leitura atenta deste tipo de textos revela que também eles refletem as circunstâncias históricas e as práticas das comunidades que os escrevem – e também eles criam modelos de comportamentos para quem os ouve ou lê, contribuindo, nomeadamente, para a construção de feminilidades e masculinidades.

Na primeira parte desta Oficina far-se-á uma discussão da vertente política de alguns contos tradicionais e uma abordagem de algumas reescritas feministas desses contos, que propõem modelos alternativos de “feminino” pela transgressão dos modelos tradicionais e pela criação de utopias feministas. São representações que dão forma a possibilidades futuras: criam modelos novos, que podem conduzir a novas práticas. Entende-se o texto como agente transformador do real.

Na segunda parte, serão propostos exercícios de reescrita de alguns contos centrais ao imaginário ocidental – textos curtos, a ser partilhados e comentados pelo grupo. Não abdicando da vertente estética e lúdica próprias do maravilhoso, pretende-se explorar a hipótese de configurações de personagens e de tramas que figurem identidades sexuais e relações sociais mais justas.

- Arnaldo Saraiva

A  (in/ex)citação proverbial
Microtextos antigos ou relativamente antigos, e solidamente codificados, os provérbios podem no entanto conhecer, como qualquer texto de curso oral, variantes ou variações ao longo do tempo e do espaço, podem tolerar algumas liberdades citacionais e podem estimular intervenções estilísticas ou ideológicas de diverso tipo, sério e risonho, favorecendo em quem os reconhece como lugares comuns a passagem a lugares incomuns, e tornando-se afinal, contra todas as expectativas, incitantes ou excitantes bases ou motivos de invenção e criatividade.

- Cristina Taquelim

Em volta de donzelas guerreiras
A relação com o belo, a construção do sentido estético, rítmico e melódico da linguagem, constroem-se na relação com muitos tipos de “textos” e também com as expressões do imaterial. Pretendo trazer o ponto de vista do mediador de leitura quando recorre à utilização de textos da tradição oral na sua intervenção junto de diferentes tipos de comunidades e que papel estes textos podem cumprir hoje.

- Isabel Cardigos

Apresentação do Catálogo de Contos Tradicionais Portugueses
Desde a sua fundação em 1994 que o CEAO (Centro de Estudos Ataíde Oliveira, Universidade do Algarve) tem vindo a trabalhar num arquivo de contos da nossa tradição oral, publicados e inéditos, que tem vindo a classificar segundo os catálogos internacionais (e não só). Deste arquivo (ACTP) surgiu primeiro o Catalogue of Portuguese Folktales (Helsínquia 2006) que foi crescendo ao longo de mais dez anos até estar enfim maduro para ser agora publicado em língua portuguesa, com um enriquecimento de contos congéneres dos países da lusofonia.

- Maria da Conceição Ruivo

O oral em letra de forma: reflexões sobre um percurso
Viagem através  de uma trajectória que começou com a  fruição de literatura de tradição oral, num círculo restricto,  e conduziu à “abertura ao público” de  tesouros de família e da memória.  Este trabalho, que até ao presente  se traduziu na publicação dos livros : “Ó Fala que foste Fala – Décimas de Joaquim Espadinha” e “Contos de João Pedro Ruivo”,  suscita  reflexões  sobre diversos aspectos, que vão desde  o critério para a fixação do texto até à relevância para as comunidades, hoje,  da nossa herança cultural.