Palestra-Debate

Gayatri Spivak / Frantz Fanon

28 de junho de 2011, 21h15

Galeria Santa Clara - Coimbra

Vidas e Vozes / Diálogos Contemporâneos
Ciclo de Palestras-Debate (Janeiro-Junho de 2011)

Última Terça-Feira de cada mês / Galeria Santa Clara - Coimbra, 21H15

Com este ciclo pretende-se projectar e debater de uma forma panorâmica, simultaneamente analítica, polémica e didáctica, e junto de um público que se deseja o mais alargado possível, as vidas, as obras e as escolhas de autores/as – pensadores, cientistas, políticos, teólogos, escritores, artistas – com uma intervenção relevante para os processos de compreensão, de representação e de revisão crítica do mundo contemporâneo. Em cada sessão dois intervenientes debruçar-se-ão sobre dois autores, se possível colocados em confronto. Seguir-se-á o debate.


28 de Junho
Gayatri Spivak / por Adriana Bebiano
Frantz Fanon / por Catarina Martins

Gayatri Spivak
Famosa pelo seu trabalho em áreas como os Estudos Pós-coloniais, os Estudos Feministas, a História, o Marxismo ou a Desconstrução, Gayatri Chakravorty Spivak  é Professora de Literatura Comparada, tradutora, filósofa e activista. Nascida em Calcutá, em 1942, a sua formação académica é em Literatura Inglesa e feita nos Estados Unidos, onde ensinou em diversas universidades até se fixar na Columbia University. Ligada ao Subaltern Studies Group, o seu ensaio “Can the Subaltern Speak?” (1988) é ainda hoje uma referência incontornável. Tradutora de Derrida (Of Grammatology, 1976) e da ficção da autora Bengali  Mahasweta Devi (Breast Stories, Old Women, entre outros), entre as suas publicações de maior impacto destacam-se In Other Worlds. Essays in Cultural Politics (1987), Outside in the Teaching Machine (1993) ou Other Asias (2007). Defensora do ensino como forma de activismo e da íntima ligação entre a investigação e a acção, fundou um programa que promove a educação de jovens nos espaços rurais mais pobres da Bengala Ocidental. A literatura como forma de conhecimento, as dificuldades da tradução cultural e a ambiguidade das identidades são algumas das questões que problematiza de forma desassombrada.


Frantz Fanon
Originário da Martinica, Frantz Fanon (1925-1961) aliou a psiquiatria a um pensamento filosófico e político que viria a ser considerado pioneiro da teoria pós-colonial. O seu primeiro livro, Peau Noire, Masques Blancs, de 1952 (Pele negra,máscaras brancas, tradução portuguesa de 1975), apresenta uma teoria do racismo que articula a psicopatologia do Negro com a análise dos fundamentos políticos, económicos, sociais e culturais da relação colonial entre Brancos e Negros. Mais tarde, é sobretudo a partir da experiência como militante pela independência da Argélia que molda um pensamento revolucionário, de filiação marxista, relativo às questões do colonialismo, da luta anti-colonial, da descolonização, e da fundação e desenvolvimento das novas nações independentes. O testamento político de Fanon, Les Damnés de la Terre, de 1961 (a tradução portuguesa, Os condenados da terra, saíu na Olisseia no mesmo ano), cuja publicação coincidiria com a morte prematura devida a uma leucemia, teve uma influência profunda nos movimentos anti-colonialistas, assente sobretudo no projecto utópico de um Terceiro Mundo fundador de um novo humanismo.


Notas biográficas dos palestrantes

Adriana Bebiano (CES) é doutorada em Literatura Inglesa, investigadora do Centro de Estudos Sociais e professora auxiliar da Faculdade de Letras e da Universidade de Coimbra, onde é docente de Estudos Feministas e de Estudos Anglo-Americanos. Faz investigação e tem publicado particularmente em Estudos Irlandeses e ficção contemporânea de autoria feminina. Recentemente organizou – com Maria Irene Ramalho – o nº 89 da Revista Crítica de Ciências Sociais; Estudos Feministas e cidadania plena (2010). Já em 2011 publicou os ensaios “Engendering the Nation: Irish Women and Nationalism” (São Paulo: Humanitas) e “Mad, Bad, and Dangerous to know: the Stories of Chicago May and Eliza Lynch” (in Irish Women Writers. Frankfurt: Peter Lang). A sair em breve, na Tinta-da-china, o ensaio “Gayatri Chakravorty Spivak: a teoria como prática de vida”, incluída na colectânea Correntes do Pensamento Crítico Contemporâneo.

Catarina Martins (CES) é Professora Auxiliar do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Investigadora do Centro de Estudos Sociais, onde participou nos projectos "Modernismos" e "A Representação da Violência e a Violência da Representação". É Doutorada em Literatura Alemã pela Universidade de Coimbra (2008). Tem publicado sobre temas de literatura comparada e de literatura de expressão alemã, em especial da literatura austríaca, bem como sobre pós-colonialismo e literaturas africanas não lusófonas, em particular de mulheres, tendo em conta problemáticas feministas, por um lado, e a representação da violência e da infância, por outro.
 

Moderadora: Júlia Garraio (CES)

Organização: Núcleo de Estudos sobre Humanidades, Migrações e Estudos para a Paz