Curso de Formação Avançada

Reimaginar as instituições, as práticas e os direitos na saúde mental e psiquiatria

10 e 11 de outubro de 2022, 10h00 - 19h00

ADEB - Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares (Lisboa)

Notas biográficas

Carina Carvalhais Matos | Mestre em Psicologia Clínica pelo Ramo de Especialização em Terapias Familiares e Sistémicas. Frequentou um curso de extensão universitária em Práticas Complementares e Integrativas em Saúde Humana. Trabalha como Hostess numa Residência de Saúde Mental com vertente artística. É membro do Movimento Ouvir Vozes desde Maio de 2021, no qual tem vindo a facilitar algumas sessões do Grupo de Familiares e Amigos de Ouvidores.
Ao fim de alguns anos a anotar as suas canalizações (forma como compreende o que ouve), passou, recentemente, a valorizar o potencial artístico destas e a escrevê-las em peças de roupa que confeciona a partir de tecidos de deadstock. E, poetizando as terapêuticas - já que vê duplo sentido nos nomes dos psicofármacos -, cria, além de roupas, outras formas de arte.”

Célia Colimão | Licenciatura em Artes Plásticas - Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. A par disto frequentou um Curso de Monitores de Expressão Plástica Infantil no CAI (Centro de Arte Infantil) da Fundação Calouste Gulbenkian, desenvolvendo o seu trabalho, dentro da filosofia da Educação pela Arte, em diferentes projetos de ateliers informais para crianças, em diversos contextos sociais e étnicos e também com pessoas portadoras de deficiência cognitiva e de diagnóstico psiquiátrico. Em dezembro de 1997, foi diagnosticada com bipolaridade, e esta circunstância, despertou-lhe forte interesse por questões relacionadas com o foro psiquiátrico e a inclusão. Em 2018, frequentou um curso de Cerâmica Criativa, no CENCAL, Caldas da Rainha, onde desenvolveu técnicas de produção artesanal e em série.

Celina Vilas-Boas | Psicóloga, acompanha pessoas com experiências de realidade alterada ou não consensual, isto é, pessoas que ouvem, veem, sentem ou creem coisas que outras pessoas não (p.e. ouvir vozes ou sentir-se perseguida). A sua abordagem é influenciada pelo Movimento Ouvir Vozes, pelo Diálogo Aberto, pelo Acompanhamento Terapêutico e, de uma forma geral, pelas abordagens alternativas à psicose que se têm vindo a desenvolver muito por força do trabalho e da perseverança de pessoas com estas experiências. É também facilitadora de grupos no Movimento Ouvir Vozes - Portugal e acompanhamento na crise na Horizonte.

David W. Oaks | Ativista de direitos humanos dos sobreviventes psiquiátricos desde 1976.
Todos os seus avós eram imigrantes da Lituânia, que se estabeleceram em Illinois. Ambos os seus avôs foram mineiros de carvão durante 31 anos. David nasceu em 1955 e foi criado na classe trabalhadora na zona sul de Chicago. Frequentou a Universidade de Harvard com bolsas de estudo, incluindo uma bolsa do sindicato de seu pai. Enquanto estava na faculdade, David foi confinado em instituições psiquiátricas cinco vezes, onde foi forçado a tomar drogas psiquiátricas e experienciou o confinamento solitário. A associação de voluntários estudantis de Harvard colocou David como estagiário numa das primeiras organizações de sobreviventes psiquiátricos, a Mental Patients Liberation Front (MPLF)/ Frente de Liberação de Doentes Mentais.
David recuperou mental e emocionalmente através da proximidade familiar, exercícios, grupos de apoio de colegas, nutrição, aconselhamento, viagens em áreas de natureza selvagem, de ações de protesto, do trabalho e muito mais. Em 1977, formou-se em Harvard com distinção e optou por deixar todas as drogas psiquiátricas. Com o apoio de outros líderes do MPLF, incluindo a autora Judi Chamberlin, iniciou um dos primeiros centros comunitários de sobreviventes psiquiátricos cuja propriedade e administração eram inteiramente de utentes. David mudou-se para o Oregon na década de 1980 e ajudou a iniciar a organização sem fins lucrativos que se tornou a MindFreedom International (MFI), uma das principais associações independentes de direitos humanos no campo da saúde mental. Foi Diretor Executivo da MFI por 25 anos e   em uma dúzia de países. Em 2009, a revista Utne nomeou David Oaks um de 50 visionários.
Em dezembro de 2012, David sofreu um grave acidente; caiu e partiu o pescoço, ficando tetraplégico com a voz deficiente e usando uma cadeira de rodas.  Baseando-se nas suas décadas de experiência e de deficiência, David continuou a ser ativo para a mudança social e lançou um negócio de consultoria em deficiência verde, Ačiū! Instituto.
David tornou-se muito ativo local e nacionalmente com a sua Igreja Unitária Universalista (UU). Atua como presidente do Grupo encarregue de Acessibilidade da Igreja. David iniciou e coordena um grupo no Facebook com mais de 250 membros para Justiça de Saúde Mental UU.
David ganhou vários prémios, mesmo após suas profundas deficiências. Em 2021, David ganhou um Lifetime Achievement Award da National Coalition for Mental Health Recovery. Ganhou também o Oregon Advocacy Award da Associação de Saúde Mental de Portland.
David mora com a sua esposa Debra, em Eugene, onde é ativista por uma revolução não-violenta não apenas na saúde mental, mas no enfrentamento da crise climática.

Luís Oliveira | Licenciado em Psicologia, Mestre em Neuropsicologia aplicada do adulto pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT) e atualmente doutorando do 2º ano em Ciências da Educação na ULHT.  É investigador integrado no   Centro de estudos interdisciplinares em educação e Desenvolvimento (CeiED) e docente na Universidade Europeia na Pós-Graduação Saúde Mental no Adulto. Investiga e intervém na área da Neuropsicologia nas patologias Unipolar e Bipolar. Atualmente é Vice-presidente da Direção, membro do conselho científico e neuropsicólogo da Associação de Apoio a Doentes Depressivos e Bipolares (ADEB), IPSS comunitária, de âmbito nacional de utilidade pública que atua na área da reabilitação psicossocial. Coordena o espaço de arte ADEB, onde efetua estimulação cognitiva através da atividade física e das artes.   Desenvolve e colabora em diversos projetos artísticos, reabilitação e   investigação.  colabora com a revista Bipolar e representa a associação em inúmeros eventos nacionais e internacionais. É ativista dos direitos das pessoas com deficiência e doença mental.  É Conselheiro no Conselho Nacional de Saúde e no Conselho Nacional de Saúde Mental. É ainda membro do Conselho Consultivo Científico do Observatório Português de Cannabis Medicinal.  É mentor do projeto www.falamedemúsica.net (ensino de música para pessoas cegas e baixa visão), escritor de poesia, intérprete e instrumentista (viola, cavaquinho e precursões) e bailarino de dança contemporânea.

Maira Santana | Diretora de serviços da BDLTPT - Associação Borderline Portugal. Formada em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, veio fazer o mestrado profissional em Segurança contra Incêndios Urbanos em Edifícios Urbanos na Universidade de Coimbra e voltou à Universidade de São Paulo para fazer o MBA em Gerenciamento de Facilidades. Quando finalmente foi diagnosticada borderline, voltou a Portugal, entrou no grupo Borderline Portugal como moderadora e esteve envolvida na fundação da agora associação. Cria a associação de pares para pares, para encontrar o apoio necessário com a comunicação de quem sabe o que se está a passar.

Mattia Faustini | Doutorando e pesquisador do Centro de Estudos Sociais. Formado em Psicologia clínico-dinâmica na Universidade de Padova (IT), os seus interesses focam-se na área da literatura e da sociologia da cultura, particularmente na escrita poética e poetry-therapy. Atualmente inscrito no curso de doutoramento interdisciplinar “Discursos: Cultura, História e Sociedade” (CES ), estuda as oficinas de poesia como metodologia participativa de pesquisa e como espaço de imaginação contra-hegemónica da cidadania. É membro e autor na Secção Cultural de Escrita e Leitura da Associação Académica de Coimbra (SESLA), com a qual organiza ciclos de eventos culturais e de performance em contextos urbanos. Psicólogo entre poetas e poeta entre psicólogos, Mattia Faustini não é nunca, no fundo, nem uma coisa nem outra.

Mônica Nunes | Médica psiquiatra, PhD em Antropologia, Professora Titular do Instituto de Saúde Coletiva – UFBA, Coordenadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Saúde Mental – NISAM, Membro do Núcleo Coordenador da Comissão de Ciências Sociais e Humanas em Saúde da Associação Brasileira em Saúde Coletiva – ABRASCO, atualmente Professora visitante no Centro de Estudos Sociais – Universidade de Coimbra. Autora de mais de cinquenta artigos em jornais científicos e coeditora das coletâneas Legitimidades da Loucura. Sofrimento, luta, criatividade e pertença e Saúde Mental na Atenção Básica: Política e Cotidiano, entre outras.

Paulo Amarante | Médico, Especialista em Psiquiatria, Mestre em Medicina Social, Doutor e Pós Doutor em Saúde Pública. Pesquisador Sênior da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz). Foi fundador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (LAPS), da referida fundação, do qual foi Coordenador e Pesquisador Titular. Segue sendo Líder do Grupo de Pesquisas do mesmo nome, do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq). Fundador e ex-Presidente da Associação Brasileira de Saúde Mental (ABRASME), e Presidente Honoris causa. É Doutor Honoris causa da Universidade Popular de Madres de Plaza de Mayo (Argentina); Professor Honorífico da Faculdad de Psicolog[ia de la Universidad Naional de Rosario (Argentina). Membro do Conselho Consultivo da Plataforma Brasileira de Política de Drogas; Membro do GT de Saúde Mental Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO). Membro do Comitê Executivo Brasileiro da International School Franca & Franco Basaglia (OMS/Centro de Studi e Richerce per la Salute Menta/Trieste/Itália). Membro do Comitê de Participação da Copersamm (Conferenza Permanente per la Salute Mentale nel Mondo); Membro do International Institute for Psychiatric Drugs Withdrawal (IIPDW). É autor dos livros "Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica no Brasil", "Teoria e Crítica em Saúde Mental - Textos selecionados", “Loucura e Transformação Social – autobiografia da Reforma Psiquiátrica no Brasil”, dentre outros. Consultor do projeto PSYGLOCAL.

Sílvia Portugal | Doutorada em Sociologia pela Universidade de Coimbra. Professora Auxiliar da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC). Investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) no Núcleo de Estudos sobre Políticas Sociais, Trabalho e Desigualdades (POSTRADE). O seu trabalho de investigação tem usado a teoria das redes para discutir as relações entre sistemas formais e informais de produção de bem-estar. Neste âmbito, tem pesquisado sobre a importância da família no sistema de protecção social português, dando especial destaque ao papel das mulheres. Os seus interesses de investigação e pesquisas mais recentes centram-se nas temáticas da deficiência, da doença mental e da cronicidade. Editou Cidadania, Políticas Públicas e Redes Sociais (IUC, 2011); Doença Mental, Instituições e Famílias. Os desafios da desinstitucionalização em Portugal, com Pedro Hespanha et al. (Almedina, 2012); Famílias e Redes Sociais. Ligações Fortes na Produção de Bem-estar (Almedina, 2014); Experiência, Saúde, Cronicidade: um olhar socioantropológico, com Reni Barsaglini e Lucas Melo (FIOCRUZ/IUC, 2021) e A Saúde Reiventada: Novas perspectivas sobre a medicalização da vida, com Tiago Pires Marques (CES/Almedina, 2021). É Co- Investigadora Responsável do projeto PSYGLOCAL.

Tiago Pires Marques | Investigador Principal FCT no Centro de Estudos Sociais (CES), Universidade de Coimbra desde 2014. Doutorado em História no Instituto Universitário Europeu de Florença, com a dissertação Crime and the Fascist State (Routledge, 2016). Realizou o seu pós-doutoramento entre 2008 e 2013, com o projeto “Ciência, religião e subjetividades”, no Institut d’Histoire et de Philosophie des Sciences et des Techniques (Ecole Normale Supérieure - Universidade de Paris 1), Cermes3 (CNRS) e na Universidade Católica Portuguesa, no âmbito do qual coordenou o livro Experiências à deriva. Paixões religiosas e psiquiatria na Europa - Séculos XV a XXI (Cavalo de Ferro, 2013). Investiga a história dos modelos de saúde mental na sua relação com a medicalização da vida e com a história dos direitos humanos. Interessa-se especialmente pelos saberes, propostas políticas e alternativas à psiquiatria produzidas pelos movimentos de utentes no campo da psiquiatria. De entre as suas publicações recentes, destaca-se o livro Legitimidades da Loucura. Sofrimento, luta, criatividade e pertença (Edufba – Editora da Universidade Federal da Bahia, 2018; coord. em colaboração com Mônica Nunes) e A Saúde Reinventada: Novas perspetivas sobre a medicalização da vida (CES/ Almedina; coord. em colaboração com Sílvia Portugal). É Investigador Responsável do projeto PSYGLOCAL.

Teresa Santos | Fez a licenciatura em Ciências Farmacêuticas na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa 1981/1987. É Mestre em Ciências Farmacêuticas-Especialista em Farmácia Industrial na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa desde 2019. Após a obtenção da Licenciatura, entre 1988 a 1990, emigra para Macau onde exerce o cargo de Garantia de Qualidade numa fábrica produtora de antibióticos nesta colónia portuguesa. Já em Portugal, exerce ainda a sua profissão de Farmacêutica numa outra fábrica, na área de assuntos regulamentares. Em 2005 foi diagnosticada como tendo Síndrome de Asperger e Autismo - termos técnicos psiquiátricos que conduziram a períodos de isolamento e falta de confiança nos medicamentos. Este facto tem um forte impacto individual na sua vida. Ingressa então na AEIPS – Associação para o Estudo e Integração Psicossocial. Estabiliza do ponto de vista pessoal, familiar, social e económico. Nesta Instituição descobre o mundo da  Mente, da Cidadania e da Diversidade Cultural.