Seminário

Lirismo e Libertação no cárcere: impactos da leitura e de projetos de remição por leitura em cadeias femininas do Brasil

Maria Nilda de Carvalho Mota (Pós-Doutoranda USP)

26 de março de 2020, 17h00 (CANCELLED)

Sala 2, CES | Alta

Resumo

Diversos dados revelam que o aprisionamento de mulheres tem crescido vertiginosamente: o Brasil ocupava, em 2014, o quinto lugar na lista de países com maior número de detentas, mas desde então, a quantidade destas só vem aumentando (University of London, 2017, INFOPEN, 2018), sendo o tráfico de drogas responsável pela maior parte das detenções (62%). Assim, o Brasil conta agora com cerca de 42 mil mulheres presas, sendo a quarta maior população carcerária feminina do mundo.

O tema deste estudo é focado nas obras literárias lidas por mulheres encarceradas e/ou inseridas em projetos de Remição por Leitura na cidade de São Paulo, Brasil. Tais projetos são regulamentados segundo a Lei n. 7.210/84 de Execução Penal (LEP). De acordo com a Recomendação n. 44 do CNJ, deve ser estimulada a remição pela leitura como forma de atividade complementar, especialmente para apenados aos quais não sejam assegurados os direitos ao trabalho,educação e qualificação profissional. Segundo a legislação brasileira, cada obra lida possibilita a remição de quatro dias de pena. Nesse sentido, é perceptível que leitura e liberdade estão literalmente relacionadas e nossa principal hipótese é a de que a Literatura, por si mesma, seria uma possibilidade efetiva de libertação e re-humanização de pessoas que se encontrem em situação de extrema vulnerabilidade.
 

Nota biográfica

Dinha (pseudônimo de Maria Nilda de Carvalho Mota) nasceu na cidade de Milagres, Ceará, em1978. Mudou-se para São Paulo, trazida pela família no ano seguinte. Em 1999 participou da fundação da Posse Poder e Revolução – grupo de pessoas, ligadas ao movimento hip-hop, dispostas a realizar intervenções políticas e culturais em suas comunidades. No mesmo ano iniciou o curso de Letras na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

Atualmente é pós doutoranda da área de Literatura e Sociedade, no Instituto de Estudos Brasileiros IEB/USP leciona na rede pública municipal de ensino, é autora dos livros De passagem mas não a passeio (2008), Onde escondemos o ouro (2013), Zero a zero – quinze poemas contra o genocídio da população negra (2015), Das contradições do Capitalismo – ou Metralhadora de Chocolate (Me Parió, 2017), Gado Cortado e Mil Prantos (2018) e María Zé Povo/María Pepe Pueblo.

Dinha é também  integrante fundadora do selo independente Edições Me Parió Revolução.
 

Organização do Programa de Doutoramento em Estudos Feministas (CES/FLUC) em colaboração com o Doutoramento em Literaturas de Língua Portuguesa (FLUC).