Seminário
Btrans, bgirl, blouca: imagens dos transfeminismos à brasileira e a educação básica
Adriana Gehres (Universidade de Pernambuco)
15 de julho de 2019, 17H00
Sala 2, CES | Alta
Resumo
Nossa proposta se estabelece em torno das discussões sobre o corpo e a dança na educação, a partir de uma perspectiva de dança como corpomídia (Greiner, 2008), de educação como experiência (Larossa, 2018) e de currículo cultural (Neira, 2018). Nesse caminho temos nos aproximado das discussões sobre corpo, cultura, imagens como processos (Greiner, 2017). Assim, temos desenvolvido, juntamente com professores da educação básica, experiências com corpos e danças que procuram produzir intersecções entre corpos, danças e culturas juvenis. Neste seminário estamos nos propondo a discutir o que se passa nas escolas enquanto:
1- A Mangueira (escola de samba) canta, desfila e dança e é campeã do carnaval do Rio de Janeiro de 2019:
"Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês"
2- O presidente eleito de extrema-direita divulga em sua rede social, durante o período de carnaval, uma imagem de "golden shower" que é seguida por um manifesto dos artistas que o produziram e parece conseguir silenciar, temporariamente, o presidente nas redes sociais, pois este é estatisticamente reprovado, em sua atitude, pela população. Talvez essa tenha sido a única derrota midiática do presidente até agora. Todos os seus outros excessos têm-lhe sido permitidos, até mesmo afirmar que o nazismo foi um movimento de esquerda.
3- MC Xuxu canta "Eu fiz a chuca" no seu clipe, Anitta lança seu CD em Los Angeles com contagem regressiva no Spotify em Santiago, Salvador e Bogotá, e lhe perguntam qual é o seu nome. E ela vestida em roupa colante de estampa de onça diz: é Anitta amor, é só olhar a sua volta, tá em todo lugar.
4- Nas "Batalhas" (forma de atuação das danças do hip hop), as meninas do passinho e do hip hop, e não somente, "chegam chegando"(refrão de música da Ludmila, cantora de funk que leva 1,2 milhão de pessoas às ruas do Rio de Janeiro, durante a passagem do seu bloco de carnaval - o Fervo da Lud).
Interseccionalidades, pós-colonialismos, feminismos e "transgredismos", os corpos que povoam essas imagens parecem-nos produzir transindividualidades que nos insultam (pulam no nosso pescoço) e atualizam-se a cada performance. Aqui não se trata de nomear, escrever ou perguntar o quê, ou quem são esses corpos, mas quem sabe atuar com o como estão elxs e como estamos nós ao mesmo tempo com elxs, nelxs e para elxs? E como a dança e a educação têm tematizado esses estados nas escolas da educação básica?
Atividade no âmbito do projeto de investigação CILIA-LGBTQI+ - Desigualdades ao longo da vida de pessoas LGBTQI+: uma abordagem comparativa e interseccional em quatro países europeus.