Seminário
"Mas quem sabe se a categoria de pessoa existirá sempre": epidemiologia psiquiátrica e o eu quantificado
Carlos Ramalheira
Tiago Pires Marques
19 de março de 2015, 14h30
Sala 2, CES-Coimbra
Resumo
Em 2013, foi publicado um estudo quantitativo sobre a doença mental que se define como “o primeiro estudo de epidemiologia psiquiátrica em Portugal”. Delineado desde o final dos anos 1990, este estudo colocou em prática um complexo dispositivo metodológico cujo objectivo principal foi identificar as doenças mentais na sociedade.
Este aspecto crucial distingue-o das estatísticas da doença mental obtidas em contextos médicos. Este debate interrogará historicamente este evento da saúde pública em Portugal, nas suas implicações epistemológicas, nomeadamente a concepção de saúde mental e construção de uma certa geografia social. Pretende-se compreender a especificidade da epidemiologia psiquiátrica como manifestação de valores e como forma de interpelação do público e do poder político.
Este seminário promoverá um ciclo de debates sobre os processos de reforma e desinstitucionalização psiquiátrica e as redes de cuidados na saúde mental. Serão objeto de atenção particular os seguintes temas: saúde pública e modelos de governação institucional; paradigmas psiquiátricos, sistemas de valores e ética médica e dos profissionais de saúde mental; formas de participação nos processos decisionais nas instituições e democratização do sistema de saúde mental; representações literárias da doença psiquiátrica e expressões artísticas dos utilizadores de serviços; associações de pacientes e de cuidadores.
Atividade no âmbito do Núcleo de Estudos sobre Políticas Sociais, Trabalho e Desigualdades (POSTRADE)