Seminário

Popularização da ciência e coprodução do conhecimento: a criação do campo de “autoajuda científica”, marcadores de gênero e subjetividades

Fabíola Rohden (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

14 de outubro de 2014, 14h30

Sala 2, CES-Coimbra

Comentário: Madalena Duarte (CES)


Resumo

A pesquisa tem como objetivo investigar a constituição de um campo de produção editorial no Brasil centrado na popularização, divulgação ou promoção do conhecimento científico de base biomolecular, relativo às diferenças de gênero e à sexualidade, expressas sobretudo por meio da referência ao cérebro e aos hormônios e sua possível conexão com comportamentos diferenciados. Insere-se em um campo mais amplo de estudos relativos aos usos sociais da medicina e das ciências biomédicas em distintos momentos desde meados do século XIX, que tem permitido perceber certos processos de ruptura e de continuidade, tendo em vista os marcadores relativos a gênero e à sexualidade. Para além da argumentação científica propriamente dita, produzida no âmbito mais fechado da produção e interlocução entre cientistas e periódicos especializados, o que interessa aqui são as mediações realizadas com fins de atingir um público mais amplo. Essas mediações ocorrem via a transmissão de informações nos periódicos especializados em divulgação científica, jornais e revistas de grande circulação, e, até mesmo, por meio da criação de linhas editoriais destinadas a publicar as obras de experts que passam a se dedicar à comunicação com o grande público. O caráter prescritivo e normativo de muitos desses trabalhos permite que se possa, inclusive, rotular alguns de “autoajuda científica”. São exemplos que deixam evidente o impacto da junção entre ciência e tecnologia e as complexas cadeias de associação mobilizadas no processo de alargamento da sua importância no mundo contemporâneo. Tem destaque principalmente a conformação de uma determinada concepção de distinção entre natureza a cultura e de criação de diferenças de gênero que seriam biologicamente embasadas.
Comentário: Madalena Duarte (CES)


Nota biográfica

Fabíola Rohden é antropóloga, Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. As suas áreas de pesquisa incluem ciência e comunicação; interfaces entre biomedicina, política e masculinidades; gênero, sexualidade, ciência e história; medicalização da sexualidade e diferenças de gênero.


Atividade no âmbiro do Núcleo de Estudos sobre Ciência, Economia e Sociedade (NECES)