Gender Workshop

Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) e os desafios da modernidade

Jussara Parada Amed (UNIFIEO)

28 de setembro de 2011, 17h00

Sala 2, CES-Coimbra

Resumo

Na passagem do século XIX para o XX, com o aparecimento de novas revistas, jornais e editoras brasileiras, oriundas de novos capitais, abria-se  num espaço de cultura misógina a possibilidade  para as mulheres brasileiras escreverem e refletirem sobre os seus papéis para o novo século.
Apesar das demonstrações claras de que as mulheres pensavam e se dispunham a fazer parte das novas conjunções da sociedade brasileira, a desconfiança oriunda do meio intelectual masculino apresentava dificuldades para a inserção das mulheres junto ao seu grupo por desconhecimento e apego a uma mentalidade de resistência às produções intelectuais de natureza feminina. Curiosamente, as mulheres formavam no início do século XX, na cidade do Rio de Janeiro, um público leitor alvo, pois o número de escolas e alfabetização atingira um número maior de pessoas que moravam no centro urbano, ampliando o interesse por romances, crônicas e revistas que tratassem de assuntos diferenciados como moda, saúde, educação, higiene e debates acerca do papel social da mulher moderna.

Júlia Lopes de Almeida permeou grande parte da produção escrita possível de sua época, escreveu em jornais, revistas e ainda teve uma longa carreira como romancista. Seu pertencimento a elite carioca não poupou a escritora de passar por dificuldades que tiveram que ser contornadas por preconceitos culturais existentes em sua época. Como intelectual, Júlia Lopes participou intensamente dos debates que refletiam os papéis das mulheres, e sua obra aponta as  questões mais candentes com que as mulheres tinham que se confrontar e refletir nos mais diferentes ambientes ou categorias sociais.

Tendo em vista o panorama histórico-literário de produção de Júlia Lopes, bem como o cenário inteelctual brasileiro de então, pretende-se debater, a partir do texto de Susan K.Besse, a conflituosa contribuição feminina na letras, na educação do Brasil na modernidade e os conflitos e a dimensão dos conflitos da (falta de) inserção social feminina (e não só).

Palavras-chave: mulher, modernidade e produção intelectual feminina


Nota Biográfica

Jussara Parada Amed é PhD  em História Social pela Universidade de São Paulo, Brasil e é docente na UNIFIEO. Tem artigos na área de História e História do Brasil e orienta estudantes em Iniciação Científica.


ARTIGOS EM DISCUSSÃO: "Educação sem Emancipação" e "Redefinição do Trabalho das Mulheres" de Susan K. Bess (retirados de BESS, Susan K., "Modernizando a Desigualdade. Reestruturação da Ideologia de Género no Brasil, 1914-1940", EDUSP)


Organização: Gisele Wolkoff e Júlia Garraio (NHUMEP)

Nota: «Gender Workshop Series» é um espaço de discussão em torno de um ou dois textos sobre género que se realiza uma vez por mês.