Este seminário, ligado à investigação de pós-doutoramento desenvolvida no CES/UC, objetiva abordar a utopia como método na formação de professores/as de linguagens. No quadro teórico do estudo, conjugou-se a concepção de utopia desenvolvida por Ernest Bloch (2005) à proposta metodológica defendida por Ruth Levitas (2013).  O estudo discute uma experiência de projeção imaginativa da escola como ainda-não que se baseou na proposta metodológica que Levitas nomeia como Reconstrução Imaginária da Sociedade (IRS), realizada com estudantes das Licenciaturas em Letras de uma universidade pública situada no Estado do Rio de Janeiro. Apresentam-se a fundamentação teórica, os procedimentos e os resultados de uma experiência realizada no contexto da disciplina Estágio Supervisionado de Língua Portuguesa e Literaturas. 

O pressuposto da pesquisa, em síntese, é que o método utópico coloca em movimento a imaginação epistêmica, configurando uma ferramenta crítica para a reflexão holística e para o engajamento na construção de caminhos educacionais democráticos e transformativos que apontem para o que ainda-não-é (Bloch, 2005). Os resultados da investigação indicam que as memórias do futuro (Dilas-Rocherieux, 2000) produzidas por estudantes de graduação, na medida em que buscam anunciar futuros possíveis, denunciam que as escolas que conhecem no contexto em que circulam estão em desacordo com o que está definido na legislação e proposto em pesquisas pedagógicas. Ou seja, na reconstrução imaginária das escolas, alcançaram o que já deveria ser.

Apesar disso, é possível reconhecer que as escolas sonhadas pelos estudantes se direcionam ao futuro possível e que, nessa medida, o acionamento da imaginação epistêmica no planejamento das escolas e na escrita de contos utópicos permitiu-lhes o exercício da esperança e da disposição para o otimismo militante (Bloch, 2005, p.  197).

PALAVRAS-CHAVE: Formação de Professores; Utopia como Método; Imaginação Epistêmica; Crítica; Ainda-não; Otimismo Militante.


Nota biográfica

Marcia Lisbôa Costa de Oliveira | Investigadora em pós-doutoramento no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Doutora em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002). Professora Adjunta do Departamento de Letras da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde atua na Licenciatura em Letras, em programas de pós-graduação (PROFLETRAS, PPLIN, PPGEDU). Coordena projetos de extensão, iniciação científica e iniciação à docência voltados ao desenvolvimento de práticas de ensino de linguagens em perspectivas anticoloniais. É líder do grupo de pesquisa Formação de Professores, Linguagens e Justiça Social (CNPQ/FFP-UERJ).