Enquadramento

Exibição do filme de João Mendes: “Rumo à Vida - A Obra de Assistência na Beira Litoral”. Intervenções de Ricardo Jerónimo e Paulo Providência

Filme: Rumo à Vida - A Obra de Assistência na Beira Litoral | Realizador: João Mendes | Texto literário: Henrique Galvãon | Ano: 1950 | Duração: 23m

Intervenções:

Ricardo Jerónimo, Hospital Sobral Cid, uma instituição psiquiátrica promovida por Bissaya Barreto: perspectivas arquitectónicas, políticas e médicas

Resumo: Depois de lançar as bases para a sua acção político-sanitária, entre o final dos anos de 1920 e toda a década de 30 – onde o médico, político e promotor arquitectónico Bissaya Barreto estabeleceu como prioridades o combate à tuberculose e o desenvolvimento da puericultura –, outras vertentes começaram a ter resultados práticos, em campos como a lepra e as doenças mentais. Mediante este desígnio, o Presidente da Junta de Província da Beira Litoral concebeu uma rede de dezenas de edifícios, ligados à Saúde, consequência do mais longo e vincado exercício de poder na região Centro, durante o Estado Novo. Centrando-nos na construção do Hospital Psiquiátrico Sobral Cid, nos seus modelos e contextos, analisaremos a perspectiva do seu impulsionador, focando-nos na relação entre o papel do médico na materialização da arquitectura por si promovida.

Paulo Providência, O Hospital Colónia Rovisco Pais e a saúde mental: programas e projectos.

Resumo: Progressivamente construído entre 1941 e 1956 o Hospital Colónia Rovisco Pais, projecto conjunto de Bissaya Barreto, Carlos Ramos e Raul Maçãs Fernandes, vai sofrer acrescentos que traduzem diversas orientações sobre a doença e a saúde mental dos doentes que alberga. Essas orientações são desde logo legíveis no “programa de uma colónia para leprosos”, redigido pelo Director Geral de Saúde em 1934, acentuando-se na segunda fase de construção entre meados dos anos 1950 e 1956, descrita como “Fase Complementar”, e que se conclui com a inauguração dos “pavilhões destinados a infecto-contagiosos/tuberculosos/alienados/presos”.
Centrando-se nas preocupações programáticas e projectuais do Hospital Rovisco Pais, a comunicação aborda a experiência e leitura dos intervenientes sobre os efeitos psíquicos da doença e no papel que atribuem à arquitectura, considerando que tanto Bissaya quanto Ramos tinham já experiência no projecto de hospitais pavilhonares para doentes mentais.

Notas biográficas

Paulo Providência é Doutor em Arquitectura pela Universidade de Coimbra e docente de Projecto no Departamento de Arquitectura da mesma Universidade; é também investigador do Centro do Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e coordenador do núcleo Cidades, Culturas e Arquitectura.
Publicou dois trabalhos sobre construções hospitalares: “A Cabana do Higienista”, sobre o papel de António Augusto da Costa Simões nas reformas do Hospital da Universidade de Coimbra então localizado no Colégio das Artes, e conjuntamente com Sandra Xavier organizou o volume “Leprosaria Nacional”, editado pela Dafne, centrado no processo de projecto desse Hospital, exemplificado pelo texto “Programas, tipologias, paradigmas” e por um “dossier de projecto”.

Ricardo Jerónimo Azevedo Silva é Doutor, pela Universidade de Coimbra, em Teoria e História da Arquitectura, com a Tese “Arquitectura hospitalar e assistencial promovida por Bissaya Barreto”. Ao longo do seu trabalho integrou linhas de investigação dedicadas ao tema da arquitectura e território no século XX português, bem como à acção dos seus regimes na política de obras públicas. Publicou vários artigos e participou, com comunicações, em diversas conferências nacionais e colóquios internacionais. Actualmente desenvolve investigação de pós-Doutoramento no CES – Centro de Estudos Sociais, em Coimbra, dedicando-se à problemática do impacto das construções hospitalares, em Portugal, no século XX, bem como ao papel de Coimbra e da região Centro neste quadro.

Atividade no âmbito do Núcleo de Estudos sobre Políticas Sociais, Trabalho e Desigualdades (POSTRADE)