Licínia Regateiro
Olhos diluídos
Onde nunca circulam
Os comboios da infância
Cravadas na pele
Viagens sonhadas
Escurecida de solidões
Encontrar tranquilidade
Nos afectos
Ausentes
De um velho
Menino
Só
No cinzeiro dos dias adiados
Pontas esmagadas
Da captura que oprime
O açaime
Arritmia vi
Angústias dissolvidas
Num gesto
Eficaz
Guilhotina para emoções
Incómodas
Não se engavinham mais
As urtigas
Na carne castigada
Abulia
Silêncio no teclado abandonado
"Quem se eu gritasse me ouviria dentre as ordens dos anjos?"
Rilke
Rodeia-nos
um círculo de som
onde não há
trilhos
em atropelos mudos
no espaço do sopro
onde não há
trilhos
cresce o campo
em excesso de palavras
onde não há
trilhos
em íntimo silêncio
aportam os anjos
do outro lado do mar
Licínia Regateiro, natural de Mira, nasceu a 7 de Dezembro de 1972 em Coimbra, onde reside actualmente. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas/variante de Estudos Portugueses na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Leccionou em várias escolas e coordenou um projecto de teatro amador na Escola Secundária de Campo Maior, este grupo levou a cabo várias representações, nomeadamente num Festival de Teatro em Elvas, no Teatro Crisfal, em Portalegre, e na Expo 98, em Lisboa.
Em 2006 concluiu o Curso de Formação Especializada em Educação Especial no Domínio Cognitivo e Motor, na Escola Superior de Educação de Coimbra.
Em 2007 fez o Curso livre Oficina da Poesia na FLUC e passou a integrar o grupo Oficina de Poesia.
Actualmente encontra-se a trabalhar na Associação Integrar em Coimbra como professora destacada pela DREC.
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