Catarina Costa
do fundo do abismo eu chamo-te Elohim - diz ela
enquanto mentalmente tilintam as cordas
é um chamamento que amiúde se repercute
numa masmorra
ou cama de hospital
mas desta vez as cordas são pressionadas
até ao nó da forca – fazem ranger
o único caule ainda em aprumo
não sabemos quem ela foi –
também nós aquando no fundo
chamámos e ouvimos as cordas
porém só nas antecâmaras
em vagos substratos
não fomos atendidos
e certamente ela também não
Não estilizarás
Se não se pode escrever poesia depois disto, então nem o lamento se deve permitir. O lamento, essa lamúria polida, peso melífluo ou pesarosa leveza que se frui na subvocalidade como musiquinha de glória. Ventríloquo cele
Antes se progrida seguindo os rituais dos antigos, dos que não atraiçoam. Fazer do espiritismo uma técnica
Não serão permitidos os sete minutos de silêncio. Prossiga-se, muito há ainda para afinar. Espiga o entender. Estendendo. A esquecer.
Catarina Costa nasceu em Coimbra em 1985. Estudou Psicologia. Publicou poemas em algumas revistas entre as quais a Oficina de Poesia e a Sibila. Em 2007 ganhou o Prémio de Poesia Guilherme de Faria, do qual resultou a publicação do livro Marcas de urze na Editora Cosmorama.
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