Mesa-Redonda
Lutas camponesas e a reinvenção do sistema alimentar mundial: A Via Campesina e o paradigma da soberania alimentar
Boaventura Eugénio Monjane
José Miguel Pacheco
Nuno Belchior
18 de abril de 2016, 16h30
Sala 1, CES-Coimbra
Resumo
A recente crise alimentar mundial, caracterizada pela subido dos preços dos alimentos, demonstra claramente que o sistema alimentar e agrícola mundial é ineficiente e insustentável. Nos últimos 20 anos, organizações e movimentos camponeses do mundo inteiro, articulados através da Via Campesina – o maior movimento social internacional do campo – vêm expondo e denunciando a insustentabilidade do sistema alimentar e propondo sua reinvenção. De acordo com a Via Campesina, estamos diante de um confronto entre dois modelos de desenvolvimento económico, social e cultural no mundo rural. Este movimento camponês propôs um paradigma alternativo: a Soberania Alimentar, como a única solução para alimentar o mundo e devolver o poder aos camponeses e camponesas do sector familiar. Esta proposta contra hegemônica exige que os povos tenham direito à alimentação saudável e culturalmente adequada, produzida através de métodos ecologicamente corretos e sustentáveis. Neste sentido, camponeses e camponesas exigem o direito a definir, eles próprios, seus sistemas alimentares e agrícolas, em vez das corporações e dos mercados.
Nos últimos anos, o paradigma da Soberania Alimentar inspirou a emergência de um vasto movimento social nas cidades e no campo e despertou o interesse de académicos e instituições de pesquisa que, cada vez mais, desenvolvem investigações sobre esta temática. Este evento decorre em celebração do 17 de abril, dia mundial das lutas camponesas, em recordação do assassinato de 19 camponeses em Eldorado dos Carajás (Brasil), a 17 de abril de 1996, massacrados pelas forças policiais brasileiras, quando se manifestavam para exercer pressão sobre o governo brasileiro para realizar reforma agrária.
Intervenções
José Miguel Pacheco - Membro da Direção da Confederação Nacional da Agricultura/Via Campesina Portugal e representante da CNA na Coordenação Europeia Via Campesina
Nuno Belchior - Permacultor e líder do projeto 270, um movimento em defesa da terra, soberania alimentar, agroecologia e educação integral.
Boaventura Monjane - Ativista e jornalista moçambicano, militou no movimento camponês em Moçambique (UNAC) e trabalhou com a Via Campesina Internacional. É também doutorando em Pós-colonialismos e Cidadania Global, no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
Moderadora: Sofia da Palma Rodrigues - Jornalista freelance e doutoranda em Pós-colonialismos e Cidadania Global, no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Faz parte da direcção dos Bagabaga Studios, uma cooperativa dedicada à produção, formação e investigação de media digitais e desenvolvimento.
Atividade no âmbito do Núcleo de Estudos sobre Democracia, Cidadania e Direito | DECIDe