Seminário
"Regresso a casa" = perpetuação do estigma? A representação dos deportados cabo-verdianos
Katia Cardoso (CES)
11 de novembro de 2010, 11h00
Sala de Seminários (2º piso), CES - Coimbra
Num cenário internacional marcado pela vertigem securitária, o controlo da entrada e permanência de estrangeiros em território nacional, e consequente deportação tem ganho novas expressões. É neste contexto que a representação do “outro” (especificamente aquele cuja alteridade é marcada pela diferença de nacionalidade, de cultura, etc.) surge cada vez mais associada a uma lógica de criminalização e de estigmatização. Enquanto instâncias centrais de representação e de construção de identidades, os meios de comunicação social contribuem de forma particular neste processo, seguindo maioritariamente um padrão unidimensional marcado pela reprodução de “estereótipos depreciativos” (apud Carvalheiro, 2006: 77).
Neste seminário proponho-me a abordar a representação social dos deportados em Cabo Verde, recorrendo, nomeadamente, a algumas peças jornalísticas produzidas pelos dois principais semanários cabo-verdianos: A Semana e Expresso das Ilhas.
A questão central que coloco é a seguinte: em que medida a representação social do deportado contribui para a perpetuação – ou não – do binómio deportação-violência? Por outras palavras, a forma como os deportados são representados em Cabo Verde reproduz/mantém a abordagem de estigmatização de que são alvo nos países de acolhimento, ou por outro lado, a desconstrói, contribuindo para facilitar o processo de (re)integração, aquando do seu “regresso a casa”?
Bibliografia: Carvalheiro, José Ricardo, (2006), “Da Representação Mediática à Recepção Política. Discursos de uma Minoria”, Sociologia, Problemas e Práticas, 51, 73-93.
Nota Biográfica
Katia Cardoso é investigadora do Centro de Estudos Sociais e membro de Núcleo de Estudos para a Paz e colaboradora do Núcleo das Migrações. É doutoranda no Programa Pós-colonialismos e Cidadania Global. Os seus interesses de investigação centram-se em questões relacionadas com violência colectiva juvenil, juventude em África, pós-colonialismos e diáspora cabo-verdiana.