Debate
Desemprego e emprego no pós-troika: a real dimensão do fenómeno
Francisco Madelino
João Ramos de Almeida
Jorge Gaspar
31 de março de 2015, 18h30
CES-Lisboa (Picoas Plaza | Rua do Viriato, 13, Lj. 117-118)
Moderação: Manuel Carvalho da Silva (CES)
Enquadramento e Programa
A diminuição do desemprego e a criação de emprego são dois pontos oficialmente apontados como sinais da retoma da economia, do fim da crise e do sucesso do programa de ajustamento. Na realidade, o mercado de trabalho português encontra-se numa situação depressiva sem precedentes, e sem perspetivas de recuperar a prazo. Por outro lado, o aprofundamento da crise económica tem tido uma forte influência na crise dos próprios indicadores estatísticos.
Pela primeira vez, os valores do desemprego «não oficial» – que retratam dimensões do fenómeno do desemprego que o conceito de desempregado não abarca – ultrapassaram os números do desemprego "oficial". A descida gradual do número oficial de desempregados, a partir de 2013, tem sido paulatinamente contrariada pelo aumento do número de desempregados não reconhecido pelas estatísticas. Tendo em conta as diversas formas de desemprego, o subemprego e as estimativas prudentes sobre a situação laboral dos novos emigrantes, a taxa real de desemprego poderia situar-se, no segundo semestre de 2014, em 29% da população ativa, caso os trabalhadores emigrados tivessem ficado no país.
Por outro lado, em vez de uma descida do desemprego, é mais adequado falar-se numa situação de estabilização do desemprego em níveis bastante elevados e do emprego num nível bem mais reduzido do que o estimado no início do programa de ajustamento. A criação de emprego verificada recentemente assenta em bases frágeis. Excluindo dos valores oficiais os desempregados ocupados – quantificados como empregados – ter-se-ão destruído 463,6 mil postos de trabalho de 2011 até o 2º semestre de 2013 e criado apenas 37,9 mil postos de trabalho a partir daí. Finalmente, o desemprego atual é um desemprego mais desprotegido do que no início do programa de ajustamento e o emprego gerado assenta, sobretudo, em atividades precárias, estágios financiados publicamente, mal remuneradas e sem perspetiva de continuidade.
Tomando como base de reflexão o próximo Barómetro das Crises, que se dedica à análise destas questões e que será divulgado dia 26 de março no sítio do Observatório sobre Crises e Alternativas, este debate conta com a apresentação do documento por João Ramos de Almeida (Observatório sobre Crises e Alternativas/CES), discussão e reflexão de Francisco Madelino (Presidente do Instituto de Políticas Públicas do ISCTE-IUL) e Jorge Gaspar (Presidente do IEFP), e moderação de Manuel Carvalho da Silva (Observatório sobre Crises e Alternativas/CES).