Novas Poéticas de Resistência: o século XXI em Portugal

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Rachel Zolf

 


de The Tolerance Project


Amor no arquivo

para a Kate

 

 

A minha camisa de lenhador fala entre as bolhas

tirei-as da blioteca

a quebrar a nostalgia como uma luva nova

 

A hora, essa é renda, mamilo do relógio

se copa se

me-engulo-te de cócoras no seu capital

de novo e

 

Força impermanente

que altera o modo como um sistema

evolve com o tempo e se eu não

tivesse tido poderia ter

enferrujado na floresta

 

Os teus estão excepcionalmente

interessantes esta noite

a pintura original

transparece

 

Será que posso verificar

aquela arestazinha ali?

 

Mergulhando o absurdo sobretudo quando faz sentido

do teu trabalho inicial para ver toscamente

através das camadas mulheres doentes mais altas

reais, grandes dimensões

do ponto-de-vista de um vampiro refinado

 

E oh como vocês mulheres que estão seladas

esta mão por cima e este passe sobre

o vosso sistema de gestão da dor um piano Morse

o humano é fácil erro fortuito de ser

carne e coração e fígado e pulmões e suor

 

Como é perigoso isto que cerca

entre tão real que ilumina o trevo

sem distorção de nome, sem chapéu

por entre os campos místicos de

eu vagueava e vislumbrei um bosque

 

 

 

 

 



de The Tolerance Project


Porcarias úteis

 

Olá, Kristen, não há aqui nada que me interesse.

Toda a violência implicada na primeira secção se tornou mais explícita pela imagética relacionada com o corpo da mulher, os moluscos e suas conchas.

Quem é que fala porquê – bolas de cotão e o holocausto? Não entendo.

Confia no princípio dos livros. Leveza pode querer dizer “falta de força” e o som de disparos usando palavras que sugerem invaginação: “pregueado”, “fenda”, “díptico”, “gorjal”, “debrum”, “plissado” e “enrugado”.

Chamas a isto uma natureza performativa? No meu Sersembrilho, norma, forma e função são reveladas como alegremente editáveis. Quero o meu curso terminal, mas não estamos a competir.

Estamos todas embrulhadas em plástico, depois transformadas numa entoação para lá da mente “pirata” irrigada. Porque não centrares os teus poemas – tanto física como teoricamente?

Sê mais visual e visceral. Se os poemas de amor forem escritos em piton pidgin, experimenta uma vinheta sobre comunicação difícil que se estende para além da articulação linguística dentro da boca e na ou perto da zona genital.

Polémica é uma má réplica contra o triunfo do “capricho”, mas eu quero que a poesia seja engraçada. Poderias querer desistir completamente, aprender a escrita linear e fazer a tua memória.

Reflectir sobre estas questões foi um exercício difícil mas simpático.

 

   

 

 

 

 

 

 

 





Rachel Zolf –
o seu quarto livro de poemas, Neighbour Procedure, foi publicado pela Coach House Books em 2010. As três obras anteriores são Human Resources, agraciado com o Trillium Book Award for Poetry de 2008 e finalista do prémio Lambda Literary Award, Masque, Shoot & Weep, e Her absence, this wanderer. Tem trabalhos incluídos em antologias como Prismatic Publics: Innovative Canadian Women’s Poetry and Poetics (Coach House) e uma antologia de escrita conceptual, em preparação, a publicar pela Les Figues Press. Trabalhou em documentaries e comunicações e foi editora-fundadora da revista The Walrus. Pode aceder-se ao seu trabalho de MFA (Mestrado em Belas Artes), em colaboração, em thetoleranceproject.blogspot.com. Nascida em Toronto, Rachel Zolf vive em Nova Iorque.

 

 

 

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