Mark Wallace
duas secções sem título de
The End of America, Book 8 (O Fim da América, Livro 8)
Grande Show
Companhias de seguros inchadas de dinheiro vivo
nada acontece
“acusando-te daquilo que eu fiz”
só quero o meu lugar no canto
perto das cheias
e do fogo das estatísticas
Temos formas de te fazer gostar disto
serviço rápido, serviço a frio
TV anti-depressiva
É tempo de fazer aparecer uma visão
transcendente: cargueiro
militar a brilhar no porto
ou homens a jogar powerball
com direito a voto de estudantes por formar
tanta coisa não detectada
a tristeza registada
na prancheta dos que decidem os fundos
sentes a aragem
passando a porta que se fecha?
America, não sei
nada daqueles que deixas
fantasiando-se para ti
na noite da banca minguante
Vou caminhar
até ao oceano e sentar-me
no muro ao lado
do concreto
da calçada, a sonhar
com o meu braço dado
a outro braço, a última
e mais nobre mentira
a ranger-me os dentes
Procurando um fragmento
de horror contido
com um contexto um tanto noir
de uma burla imobiliária
na Califórnia do Sul
útil para reenquadrar uma visão privada
que se esboroa
Centro de Apoio Comunitário
em queda
menu de última oportunidade
antes que a via rápida se faça em duas
aberta exactamente através do esterno
isolamento sónico in-ato
que ruge fundo quando te apanha
os sonhos com as calças
em baixo enroladas nos artelhos do vizinho
Queres muito
viver
sentir a pele pressionada contra
as superfícies que se perdem
névoa imensa
invadindo a frente deserta
reconstruída da praia
mansões e T3
poderiam ser metáfora
o corpo que envelhece
sem nunca dizer
como cada um está preso
no outro
“só” outra forma de conexão
que a regulação tenta
rotular numa manobra
de posse,
o “meu” respirar, os “teus” olhos,
tarde arrumada calma suburbana
dentro de um espavento montado pela
morte
cuidadosamente organizada;
Toma uma pequena amostra de cancro
a parte de baixo da tua língua
substituindo um momento de aprendizagem
oficialmente permitido
sobre o que quer que aconteça
lá em baixo na via rápida, fazem-se apostas
Exxon em cinco, sem mojo para Kabul
Lá em cima, no monte, as ervas balançam
até estarem secas como rastilho
e algum rapazinho sequioso
estonteado
as acenda como se pensasse que era o universo
Duelo de gracejos conversão de ficheiros
traduz a escura
metade do cérebro em formatos
úteis para uma nova
década remodelada
ferramentas para o momento instituído
com amor recarregável
pacotes de devastação
voice logo adicionado
por cima de todas as visões ilusórias
não autorizadas
ordenando a noite caduca
mesmo quando aleatoriamente
instalada pela febril adjacente
carne humana real de marca registada
que nunca conseguiu controlar
esta vontade de quebrar a pulseira
electrónica presa a cada agitar de respiração
moção de censura mecanismo custo-tempo
restituindo pequenos pedaços
da pessoa
que poderíamos ter sido
através de camadas de princípio de distorção
ocultando o preço
até ao nível três dos interiores em colapso
canta eléctrica eléctrica
com vozes em massa
100 suecos
cantores de backup techno
dando-te as boas-vindas para que
te abandones à categoria
“música do coração”
em harmonia com a autenticidade falsa
de uma outra era um-pausa dois-pausa
com cornetas
Presidentes de empresas tentando
comprar um lugar
político em 480
canais de cabo
estatísticas informáticas estourando
nas cabeças de quem quer que tente
decifrar
a linguagem ou não
uma alta filosofia
circular que diz
uma coisa ou o seu exacto
oposto
sempre que relevante;
o futuro uma colisão
de conceitos que jogam
com as conas, pilas, cus da gente
com a estimulação
centros nervosos
nos vossos cérebros bombardeados
e no meu
ciclo de dados info constante alimentados
por via intravenosa--
o que fazes
para resolver isso sempre mais lentamente--
ah, é o nosso sexo que esgotamos
exaurindo-nos
no não sermos capazes de saber muitas vezes
o quê e por quê fazemos
simples surto físico
de um e outro
que as vias respiratórias ensinam
sobre como trocar
a Kate Durbin, sabes
as virgens da América estão deprimidas
nunca se vestindo contra
qualquer esfreganço tecnológico de alto comando
Um homem grita
“Monstro,” não sabendo
que um homem lhe acertou
corpos em ondas
– como se a ver a minha mão
num espelho,
meu rosto sem qualquer pista
sobre o que estou pensando
quando não quero que “luta”
seja a metáfora
e não sei como
descrever uma refeição
no meio da fome
voraz
Mark Wallace é autor de mais de quinze livros e folhetos de poesia, ficção e ensaios. Temporary Worker Rides A Subway ganhou o Gertrude Stein Poetry Award de 2002, tendo sido publicado pela editora Green Integer Books. Tem artigos críticos e recenções em diversas publicações e é co-organizador de duas antologias de ensaios: Avant Garde Poetics of the 1990s e A Poetics of Criticism. Publicou recentemente o romance The Quarry and The Lot (2011) e um livro de poemas, Felonies of Illusion (2008). É professor na California State University San Marcos.
Financiamento: | |