A Colômbia combina duas características: estabilidade das macro-formas institucionais e uma larga tradição de conflitos armados difusos, duradouros e amargos, que geraram experiências, crenças, práticas e capacidades partilhadas por amplos sectores da população. Esta modalidade de constituição política permitiu o desenvolvimento de uma larga tradição pactista que oscila entre explosões cruzadas de violência e acordos de paz que terminam na destruição física dos protagonistas do acordo, na sua ruptura (abrindo assim um novo ciclo de confrontação), ou na concentração antidemocrática do poder nas mãos de um ou vários protagonistas do pacto.

No capítulo revemos duas destas experiências, que mantêm contudo grandes diferenças entre si: a das milícias populares em Medellín, e a dos grupos de esmeralderos no Ocidente de Boyacá. Através destas narrativas, buscamos investigar a natureza tanto das dinâmicas sociais como do Estado que estão detrás do movimento pendular violência-paz, e as suas consequências para as concepções de justiça e de cidadania e para as lógicas da emancipação.