Este projecto tem um duplo objectivo: contribuir para a reinvenção da emancipação social; contribuir para a renovação das ciências sociais.

1 - A crise do paradigma da emancipação social desenvolvido pela modernidade ocidental é profunda e irreversível. A emancipação social tem, assim, de ser reinventada. Para isso é necessário concebê-la como uma forma de globalização contra-hegemónica constituída por alianças locais-globais entre grupos sociais que lutam contra a exclusão, a exploração e a opressão produzidas pela globalização hegemónica neoliberal. Tais lutas traduzem-se na criação de alternativas à lógica monolítica e excludente do capitalismo global, espaços de participação democrática, de produção não-capitalista de bens e serviços, de criação de conhecimentos emancipatórios, de promoção de trocas culturais pós-coloniais e de novas solidariedades internacionais.

2 - As ciências sociais desenvolvidas nos países centrais a partir do séc. XIX esgotaram a sua capacidade de renovação e inovação. Com isso deixaram de ser a consciência da transformação social progressista e passaram a legitimar o status quo e a reprodução da injustiça social em que ele se traduz.

Ao pôr em rede um grupo considerável de cientistas sociais oriundos de países que têm estado fora dos centros hegemónicos de produção de conhecimento científico, o projecto pretende criar uma comunidade científica apostada em desenvolver novos paradigmas de conhecimento social, de relacionamento entre diferentes tipos de conhecimento e de compromisso entre conhecimentos e práticas sociais.

O projecto envolve seis países:

• África do Sul
• Brasil
• Colômbia
• Índia
• Moçambique
• Portugal

Em cada país foram investigados os seguintes temas:

• Democracia participativa
• Sistemas alternativos de produção
• Multiculturalismo emancipatório, justiças e cidadanias
• Biodiversidade e conhecimentos rivais e direitos de propriedade intelectual
• Novo internacionalismo operário

Para sublinhar o objectivo de promover conhecimentos alternativos e conhecimentos rivais, o projecto integra As Vozes do Mundo. Trata-se de entrevistas em profundidade a activistas e líderes de iniciativas locais ou de movimentos sociais destinadas, não só a recolher as suas opiniões e avaliações sobre a sua prática, mas também a aceder à sabedoria que através dessa prática conquistaram sobre o mundo, a sociedade e a natureza, e sobre o passado e o futuro.

O projecto teve início em Janeiro de 1999 e terminou em Dezembro de 2001.