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A política do reconhecimento e a cidadania em Putumayo e na Baja Bota Caucana:
o caso do movimento dos cocaleros de 1996 Maria Clemencia Ramirez - Colômbia Este capítulo analisa o movimento dos cocaleros (camponeses cultivadores e recolectores de coca) de Putumayo na região Amazónica Colombiana, e examina o seu significado no contexto da guerra contra as drogas promovida pelos Estados Unidos, convertida, na prática, numa guerra contra-rebelde. Defende que o movimento dos cocaleros de 1996 não pode entender-se desligado de outros movimentos cívicos anteriores a este. Partindo de uma perspectiva de longa duração, estes movimentos constituem-se em manifestações conjunturais de um movimento social, centrado em torno da exigência, por parte dos habitantes desta região, de reconhecimento por parte do Estado-nação colombiano, tanto da sua cidadania como dos direitos adscritos a esta. É por isso que, perante a identidade que é imposta aos cocaleros por parte das Forças Militares, como narcotraficantes, migrantes em busca de dinheiro fácil ou auxiliares da guerrilha - o que legitima as políticas repressivas que se dirigem a esta região -, os camponeses respondem exigindo ser reconhecidos como actores sociais, como grupo social independente do narcotráfico e da guerrilha e mais ainda como cidadãos putumayenses. Isto significa, por um lado, envolver o Estado nas suas reivindicações, através da apropriação de espaços democráticos participativos por este propiciados, e, por outro lado, conquistar a sua visibilidade como pessoas com voz e voto na tomada de decisões que os afectem, procurando assim conseguir a sua incorporação no Estado-nação através da reivindicação não só dos seus direitos como cidadãos, mas também do seu enraizamento e pertença a uma região. Argumento que a apropriação política dos direitos constitucionais e sobretudo dos princípios de participação cívica, implica para os cocaleros, apoiar a sua luta num marco legal, única estratégia visível na busca da sua emancipação social numa zona de conflito e marginalização. Neste contexto, o capítulo defende que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - FARC não procuram substituir o Estado como provedor de serviços, já que apoiam as exigências dos camponeses, e mostra as divisões que emergem durante a negociação entre os funcionários do Estado a nível central, regional e local face às exigências dos líderes do movimento. |
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