Daniel Reis é antropólogo e pesquisador do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular no Brasil. Ali coordena o programa da Sala do Artista Popular, uma iniciativa museológica de marcado caráter coletivo que vem sendo desenvolvida há mais de três décadas com o objetivo de valorizar a cultura local na sua expressão mais simples ao longo do território brasileiro.
Nesta Conversa, Daniel abre mão da sua experiência para nos falar dos desafios que envolve este processo de descoberta de sentidos onde os ritmos e as formas são ditados pela partilha de mundos.
Numa “antropologia da simplicidade”, arte e natureza parecem confluir num discreto discurso que ecoa no mundo a partir de esta Sala, para ressignificar percursos de vida, mas também para fazer-nos sentir a infinitude da diversidade cultural do Brasil.
Denise Barata é professora na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, criadora do Grupo de Pesquisa CNPq Laboratório de Oralidade, Memória Africana e Diáspora, e coordenadora do `Museu Vivo dos Cantos Negros´. Estes e outros desafios formam parte do seu dia a dia em torno de uma outra dimensão da cidade do Rio de Janeiro: a da Africa Atlântica.
Nesta Conversa, Denise partilha connosco os desafios quotidianos do seu último projeto. Com foco na Região da Grande Madureira - nos arredores do RJ - o projeto “Os territórios sagrados dos cantos negros: música e memória na grande Madureira” constitui um exercício de democracia que toma como ponto de partida a memória musical da região, para difundir sonoridades e incorporá-las na história da música carioca.
Ao longo do percurso emergem lugares onde o samba, o choro e jongo têm outros ritmos, outras cores e outras formas. Lugares onde a memória da tradição tem uma força e uma beleza próprias, lugares onde o conceito de “Museu a céu aberto” passou a ser uma ferramenta política e poética que permite visibilizar as dimensões intangíveis de uma diáspora em efervescência.
Investigadora e professora nas áreas da história, do património e da museologia, Áurea desenvolve o seu trabalho em contextos relativos ao desenvolvimento sociocultural das comunidades que habitam no Estado do Piauí, no nordeste do Brasil. Este é o caso do projeto atualmente em curso no Delta do rio Parnaíba: “Paisagens da Ilha”.
Com foco na Ilha das Canárias, uma reserva extractivista que respira tensão cultural, social e ambiental devido à existência de uma riqueza incalculável, mas também à ausência de um programa adequado de desenvolvimento integrado e à crescente pressão turística, Paisagens toma como ponto de partida e desafio, a construção de um processo dialógico entre comunidades, temporalidades, saberes e experiências locais.
Pelo caminho parece emergir a necessidade de uma nova casa onde a comunidade possa ser, pensar e agir sobre si mesma… mas também sobre a sua Ilha, sobre os seus patrimônios, e sobre as “margens” do seu caminhar.
Alguém falou de uma Museologia da Subalternidade?
Investigadora nas áreas do anti-racismo, do multiculturalismo e da diáspora africana, Anna Rastas partilha as suas ideias sobre a realidade multiétnica das sociedades europeias no contexto do seu último projeto de investigação: “African presence in Finland”. Nesse projeto optou por incluir, não só como produto final, mas também como ferramenta estratégica de mudança social, a criação de uma exposição participativa realizada a par e passo com as comunidades africanas que habitam na Finlândia.
Pelo caminho, fala-nos do processo de criação da rede de agentes e comunidades africanas que dão vida a esta experiência, e também da forma como todos/as confluem no território do Museu do Trabalho da Finlândia para contribuir com esta exposição para a construção de uma sociedade culturalmente inclusiva.
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