Que suporte aos técnicos que intervêm em crises, desastres ou catástrofes?

Imagem: REUTERS/YANNIS BEHRAKIS

 

Seguindo o objetivo de promover o conhecimento sobre a prevenção do trauma psicológico resultante de crises, desastres e catástrofes, o Centro de Trauma (CT) do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra tem tomado especial atenção aos técnicos que intervêm nestes contextos, estando sujeitos ao duplo papel de prestadores de socorro e/ou potenciais vítimas. Desse modo, os investigadores associados do CT deixam algumas sugestões que possam facilitar o bom desempenho e a proteção destes profissionais. Recomendam:

  1. Dirigir especial atenção ao processo de recrutamento e formação de técnicos que atuam nas primeiras linhas de intervenção, considerando as suas caraterísticas pessoais de vulnerabilidade e resiliência. Estudos demonstram que, mesmo aqueles que possuem formação específica, podem, por vezes, não contribuir para o sucesso da missão; há que ter em conta que os stressores extraorganizacionais podem assumir grande preponderância em determinados momentos da vida.
  2. Disseminar momentos de capacitação específica, tanto para técnicos, como para públicos estratégicos inseridos na sociedade civil, a fim de que estejam melhor preparados para lidar com as suas próprias reações emocionais e, posteriormente, com as dos outros que terão de apoiar/socorrer.
  3. Potenciar uma intervenção psicossocial precoce e efetivamente preparada, estruturada e coordenada, considerando as suas diferentes fases, para que as respostas sejam mais eficientes.
  4. Promover o envolvimento comunitário no encontrar de soluções durante e após o incidente crítico.
  5. As organizações que fazem intervenção de continuidade baseada nos recursos comunitários devem As organizações que fazem intervenção de continuidade baseada nos recursos comunitários devem promover processos de follow-up e referenciação de quem, na sequência da fita de tempo, manifeste reações não expectáveis a um registo de “normalidade”.
  6. Incrementar, dentro das organizações de primeira linha, reuniões de supervisão e orientação por parte das chefias e dos psicólogos – com acompanhamento externo, se necessário.
  7. Reforçar a boa prática das organizações realizarem,Reforçar a boa prática das organizações realizarem, após a missão, processos regulares de follow-up junto dos seus técnicos, contribuindo assim para a ativação dos recursos internos de cada um, auxiliando na recuperação da perceção de controlo sobre as suas vidas, bem como no retorno à normalidade.
  8. Potenciar o apoio de pares nas organizações de primeira linha, bem como estimular culturas organizacionais que apostem na boa comunicação e confiança. Partilhar experiências de trabalho tem efeito de ajuda e de prevenção de futuros problemas psicológicos – além de fortalecer o sentimento de pertença à equipa.
  9. Incrementar estruturas de apoio aos técnicos que necessitem de ser referenciados. Esta referenciação, para dentro e/ou fora da organização de origem, deve funcionar de forma ágil, confidencial e profissional.

 

15 de outubro de 2018,                                                                                                                             

Os investigadores associados do Centro de Trauma/CES

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