Projetos de teses desenvolvidas em Portugal com recurso aos dados do Consórcio ADJUST ESTSS COVID-19 Study Group.
Concluídas
- Tese de Mestrado
A pandemic: From suffer to resilience (04 de outubro, 2022)
Inês Moço dos Santos
Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade de Coimbra
Durante a pandemia do Covid-19, foram observáveis diferentes comportamentos para lidar com a experiência. Tendo em conta que a resiliência não se manifesta de igual modo nos indivíduos, o objetivo deste estudo é entender o quão resilientes foram os participantes europeus durante este evento e como a resiliência é influenciada por variáveis sociodemográficas, bem como por experiências de negligência infantil, sintomas de stress pós-traumático e bem-estar geral.
Métodos: Para este fim, uma amostra de 8459 participantes (67.1% feminino e 32.9% masculino, com uma idade média de 43.95 e desvio-padrão de 16.13), disponibilizada pela European Society for Traumatic Stress Studies, foi avaliada. Os instrumentos escolhidos foram o Adverse Childhood Experiences, em particular a dimensão da negligência, o Primary Care PTSD Screen for DSM-5, o questionário de 5 itens World Health Organization Well-Being Index e a Resilience Evaluation Scale. Questões relativas a caraterísticas sociodemográficas também foram avaliadas.
Resultados: Níveis elevados de resiliência foram associados com o aumento da idade, maior nível de escolaridade, ausência de experiências de negligência na infância e sintomas de stress pós-traumático, e com o bem-estar geral.
Conclusão: Considerando o contexto pandémico, a resiliência ocupa um lugar importante na perceção dos participantes e influencia os seus comportamentos relativos a uma ameaça global. Tendo em conta que a resiliência se desenvolve a partir e dentro do contexto, é expectável que indivíduos resilientes se mantenham estáveis durante a experiência traumática. Palavras-chave: resilience; adverse childhood experiences; post-traumatic stress; well-being; Covid-19; European population.
- Tese de Mestrado
Adjustment Disorder during de Covid-19 pandemic: the role of coping mechanisms and coexistent mental disorders (29 de maio, 2023)
Ana Rita Severino
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
Este estudo procura explorar a dinâmica dos mecanismos de coping, Perturbação de Ajustamento e diagnóstico prévio de doença mental durante a pandemia COVID-19 e a associação entre estas variáveis. Conduzimos um estudo longitudinal usando dados da população portuguesa que ingressou no primeiro e terceiro momentos do estudo ADJUST da ESTSS. 91 participantes responderam aos questionários ADNM-8, BRIEF-COPE, PCS e PHQ-4 e forneceram informação sobre a existência de um diagnóstico prévio de doença mental em ambas as ocasiões. Os resultados indicaram que a prevalência de Perturbação de Ajustamento foi de 26.4% no primeiro e 20.9% no terceiro momento. Apenas se verificaram alterações significativas entre as duas avaliações em relação à ansiedade, uso de "coping ativo", "planeamento", "reinterpretação positiva" e "expressão de emoções", tendo todas diminuído. Em ambos os momentos, identificamos uma correlação positiva entre coping disfuncional e Perturbação de Ajustamento e verificamos que indivíduos com diagnóstico prévio de doença mental têm um risco superior de desenvolver Perturbação de Ajustamento. Estes achados sugerem alterações psicológicas positivas no decorrer da pandemia, uma vez que os mecanismos de coping adotados parecem ter sido eficazes em mitigar o impacto desta na saúde mental.
- Tese de Mestrado
Posttraumatic stress disorder and Adjustment disorder among Covid-19 infected adults and their loved ones (29 de maio, 2023)
Beatriz Ramos
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
Introdução: Estudos mostram uma elevada prevalência de transtorno de stress pós-traumático (PTSD) em indivíduos infetados pelo vírus e nos seus entes queridos. Porém, a desordem de ajustamento (AjD) não foi exaustivamente estudada.
Objetivo: Este artigo tem como objetivo examinar PTSD e AjD entre adultos portugueses infetados com covid-19 e seus entes queridos.
Métodos: Foram utilizados dados recolhidos entre julho e dezembro de 2020 da primeira vaga do Estudo ADJUST da European Society of Traumatic Stress Studies e do Observatório do Trauma de Coimbra. A amostra final foi constituída por N = 1945 adultos portugueses. Os testes de χ2, Mann- Whitney U e Kruskal-Wallis foram aplicados para avaliar diferenças entre indivíduos infetados e não infetados por covid-19 e entre os indivíduos infetados para avaliar diferenças entre várias características sociodemográficas, mas também para avaliar diferenças quanto a conhecer alguém infetado.
Resultados: A prevalência de sintomas de AjD e PTSD em toda a amostra foi de 21,0% (n=408) e 14,0% (n=273), respetivamente. Não foram observadas diferenças significativas entre infetados e não infetados por covid-19, nem entre conhecer alguém infetado ou não. Entre os infetados (n=165), a prevalência de AjD foi de 26,1% (n= 43) e a prevalência de PTSD foi de 14,5% (n=24). Dentro deste grupo, ter antecedentes de doença psiquiátrica revelou diferenças no provável diagnóstico de AjD, χ2 (2, n=165) =25,46 p <.001, V = .39 e PTSD, χ2 (2, n= 165) =14,88, p = 0,001, V = 0,30. A gravidade da infeção revelou diferenças no diagnóstico de AjD, χ2 (3, n=164) =19,52, p < 0,001, V= 0,35.
Conclusão: A pandemia de covid-19 gera necessidades de apoio psicológico adicional.