Annett Lotzin, Linda Krause, Elena Acquarini, Dean Ajdukovic, Xenia Anastassiou-Hadjicharalambous, Vittoria Ardino, Kristina Bondjers, Maria Böttche, Małgorzata Dragan, Margarida Figueiredo-Braga, Odeta Gelezelyte, Piotr Grajewski, Jana Darejan Javakhishvili, Evaldas Kazlauskas, Lonneke Lenferink, Chrysanthi Lioupi, Brigitte Lueger-Schuster, Trudy Mooren, Luisa Sales, Aleksandra Stevanovic, Josefin Sveen, Lela Tsiskarishvili, Irina Zrnic Novakovic, Ingo Schäfer & ADJUST Study Consortium

Contexto

A pandemia COVID-19 é uma emergência sanitária que implica múltiplos agentes de stress que podem estar relacionados com a doença de stress pós-traumático (PTSD).

Objetivo

Este estudo examinou as relações entre os fatores de risco e de proteção, os fatores de estresse relacionados com a pandemia, e PTSD durante a pandemia COVID-19.

Métodos

Foram utilizados dados da Sociedade Europeia de Estudos de Stress Traumático (ESTSS) ADJUST Study. N = 4.607 participantes expostos a situações traumáticas com 18 anos ou mais foram recrutados a partir das populações de onze países (Áustria, Croácia, Geórgia, Alemanha, Grécia, Itália, Lituânia, Países Baixos, Polónia, Portugal, e Suécia) de Junho a Novembro de 2020. Avaliámos fatores sociodemográficos (por exemplo, género), relacionados com a pandemia (por exemplo, consumo de notícias), e relacionados com a saúde (por exemplo, estado geral de saúde), fatores de risco e proteção, fatores de stress relacionados com a pandemia (por exemplo, medo de infecção), e provável PTSD (PC-PTSD-5). As relações entre estas variáveis foram examinadas usando a regressão logística em múltiplos conjuntos de dados imputados.

Resultados

A prevalência do provável PTSD foi de 17,7%. Os factores associados a um risco acrescido de PTSD foram a idade mais jovem, o sexo feminino, mais de 3 horas de consumo diário de notícias relacionadas com a pandemia (vs. nenhum consumo), um estado de saúde satisfatório, pobre, ou muito mau (vs. uma condição muito boa), um diagnóstico actual ou anterior de um distúrbio mental, e exposição a traumas durante a pandemia COVID-19. Os fatores associados a um risco reduzido de PTSD incluíam um rendimento médio e alto (vs. rendimento muito baixo), contacto presencial menos de uma vez por semana ou 3-7 vezes por semana (vs. nenhum contacto), e contacto social digital menos de uma vez por semana ou 1-7 dias por semana (vs. nenhum contacto). Os factores de stress relacionados com a pandemia associados a um risco acrescido de PTSD incluíam a gestão e comunicação de crises governamentais, recursos restritos, contacto social restrito, e condições habitacionais difíceis.

Conclusão

Identificámos fatores de risco e de proteção, bem como fatores de stress que podem ajudar a identificar indivíduos expostos a situações de trauma para a PTSD, possibilitando um acesso mais eficiente e rápido aos cuidados.