Da lesão vértebro-medular à inclusão social: a deficiência enquanto desafio pessoal e sociopolítico |
Projecto |
As pessoas com deficiência vivem na nossa sociedade numa flagrante situação de exclusão num contexto social opressivo das suas especificidades. Apesar de sucessivas propostas legislativas e do continuado desenho de políticas sociais, elaboradas no propalado desígnio de conduzir a uma inclusão social deste grupo particularmente vulnerável, a realidade social vem dando prova de uma tenaz perpetuação deste quadro excludente.
Este facto é tanto mais premente quanto sabemos, segundo dados dos censos de 2001, que existem em Portugal 636 059 pessoas com deficiência, o que corresponde a 6, 1 % da população.
Este projecto, intentando contribuir para um questionamento cultural e sociopolítico do campo da deficiência, um campo cujas explorações no meio académicas são ainda embrionárias em Portugal, procurará articular-se com as temáticas que noutros países vêm sedimentando a área dos Disability Studies. Neste campo de estudo tem estado em causa, fundamentalmente, o confronto entre uma concepção fatalista de deficiência, culturalmente dominante, que enfatiza as incapacidades funcionais individuais, naturalizando a exclusão e, por outro, uma crítica social que denuncia a exclusão social das pessoas com deficiência enquanto produto de condições estruturais de opressão social.
A nossa proposta de trabalho visa concretamente uma exploração analítica dos percursos biográficos das pessoas que viram as suas vidas marcadas por uma lesão medular e, simultaneamente, das respostas institucionais e sociais a estas pessoas. A lesão medular tem como implicações físicas mais comuns e evidentes a paraplegia (perda de mobilidade e/ou sensibilidade ao nível dos membros superiores), a tetraplegia (perda de mobilidade e/ou sensibilidade nos quatro membros) e, eventualmente, outras disfunções orgânicas.
Neste estudo, uma forte componente de trabalho empírico incidirá sobre a lesão vértebro-medular e os seus efeitos no quadro de vida do lesionado, uma realidade relativamente circunscrita, médica e biograficamente, mas ao mesmo tempo procurar-se-ão fazer pontes com a situação mais ampla das pessoas com deficiência em Portugal.
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