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Desde a sua primeira edição, em 1990, que o CONGRESSO LUSO-AFRO-BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS tem promovido o desenvolvimento de uma comunidade de cientistas sociais de língua portuguesa. O repto lançado por Boaventura de Sousa Santos em Coimbra, por altura do I Congresso, dirigia-se explicitamente à questão da interdisciplinaridade e sublinhava a estreita relação entre as ciências sociais e a democracia. Organizado pelo Centro de Estudos Sociais (CES) e subordinado ao tema “Saber e Imaginar o Social. Desafios às Ciências Sociais em Língua Portuguesa”, o Congresso reuniu alguns dos mais proeminentes cientistas sociais de Portugal, do Brasil e dos países africanos de
língua oficial portuguesa (PALOP). Em resposta aos objectivos fundadores deste projecto, em cada biénio vêm-se estreitando os laços multilaterais e ampliando as redes e mecanismos de cooperação científica entre investigadores e instituições destes países.
Em 1992, coube ao Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo organizar o II CONGRESSO LUSO-AFRO-BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS. Nessa ocasião, as grandes linhas de discussão giraram em torno das consequências e desafios da modernidade nas sociedades semiperiféricas do espaço luso-afro-brasileiro. O programa deste Congresso teve a particularidade de oferecer três cursos: africanidade, cultura brasileira e cultura portuguesa.
Em 1994, o III CONGRESSO LUSO-AFRO-BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS debateu o fenómeno da multiculturalidade e foi organizado pelo Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa. Subordinado ao tema “Dinâmicas Culturais: novas faces, outros olhares”, o Congresso centrou-se nos novos desafios criados pelas sociedades multiculturais e no papel das ciências sociais no estudo das relações daí emergentes.
Em 1996, o IV CONGRESSO LUSO-AFRO-BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS debateu o tema “Territórios da Língua Portuguesa Culturas, Sociedades e Políticas no Mundo Contemporâneo” e a sua organização esteve a cargo do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS-UFRJ). Neste Congresso foi discutida a criação da «Associação Luso-Afro-Brasileira de Ciências Sociais», que seria encarregada da organização dos congressos futuros, de um intercâmbio mais sistemático entre os interessados e da publicação de uma revista.
Em 1998, teve lugar o V CONGRESSO LUSO-AFRO-BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, o primeiro e, até agora, o único realizado em África. Foi organizado pela Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, Moçambique e abarcou um leque variado de temas-base: Segurança das Sociedades, Novas Democracias, Artes e Sociedades, Populações e Territórios e Oceano Índico. Decidiu-se constituir a Associação de Ciências Sociais e Humanas em Língua Portuguesa (ACSHELP) e o lançamento de uma publicação própria, a revista Travessias, apresentada como a revista da Associação de Ciências Sociais e Humanas em Língua Portuguesa.
Em 2000, o VI CONGRESSO LUSO-AFRO-BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS foi subordinado ao tema “As Ciências Sociais nos espaços de língua portuguesa: balanços e desafios” e a sua organização esteve a cargo do Centro Leonardo Coimbra da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Em 2002, o VII CONGRESSO LUSO-AFRO-BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS realizou-se uma vez mais no Rio de Janeiro. Ao definir como tema dominante “As Linguagens da Lusofonia”, a organização procurou problematizar essa noção da língua partilhada, ao abordar a questão da diversidade das comunidades falantes da língua portuguesa. A organização do Congresso esteve a cargo do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ)/Universidade Cândido Mendes. (www.iuperj.br/Lusofonia/papers.htm)
Alguns investigadores presentes no último congresso do Rio de Janeiro apresentaram a proposta de realização do próximo congresso novamente em Coimbra e sob responsabilidade organizativa do CES, proposta esta que foi aprovada por unanimidade pela assembleia de congressistas. Por outro lado, e dadas as dificuldades de natureza jurídica e organizativa (localização da sede, sua rotatividade, estatutos, etc.), foi decidido que se abdicaria de uma Associação de Ciências Sociais e Humanas enquanto estrutura formal e, em vez dela, foi eleita uma Comissão Permanente do Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, entendida como uma estrutura mais flexível que acompanharia a organização dos vários congressos (além da edição da revista Travessias).
Para além dos encontros bienais, o impacto dos congressos tem-se traduzido no aumento das iniciativas de apoio à cooperação entre instituições e cientistas sociais dos países de língua oficial portuguesa. Os diversos programas de intercâmbio, activados nos últimos anos, têm envolvido algumas das instituições mais prestigiadas nas ciências sociais, nomeadamente o CES, ICS e o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). A título de exemplo, refira-se: a Bolsa Luso-Afro-Brasileira, atribuída desde 1994 por períodos de um ano, pelo ICS, que visa promover o debate científico e a participação em conferências e seminários no âmbito do Programa de Pós-Graduação; em 2001, foi criada a Bolsa Um Mês no CES, para estimular o intercâmbio com outras instituições e destinada especialmente a professores universitários e investigadores dos países de língua oficial portuguesa e o Prémio CES, que desde 1999, vem sendo atribuído bienalmente a trabalhos de investigação em ciências sociais realizados por jovens investigadores de expressão portuguesa, tendo distinguido até à data cientistas sociais de diferentes origens. Além disso, no passado mês de Agosto de 2003, foi criada uma cátedra de ciências sociais entre o ISCTE e a Universidade Estadual de Campinas, no Brasil (Unicamp). De igual modo, nos últimos anos foram realizados diversos projectos de envergadura sediados no CES em particular na área da justiça sobre países de expressão oficial portuguesa, nomeadamente Angola e Moçambique (que incluem protocolos com várias Universidades e centros de pesquisa).
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