Nota da Organização

Em nome da comissão organizadora do VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, realizado em Coimbra em 2004 (16 a 18 de Setembro), informam-se todos os participantes e a comunidade mais geral de cientistas sociais de língua portuguesa que, não obstante os nossos esforços, não foi possível proceder à edição da Revista Travessias (que tem vindo a ser editada por ocasião dos diferentes encontros) devido à impossibilidade de termos encontrado patrocínios a tempo de a mesma edição poder ser apresentada em Luanda, por altura do IX Congresso, em Novembro de 2006. Decidimos entretanto manter este site disponível – sobretudo tendo em conta a grande procura que tem tido – continuando, assim, a proporcionar a todos os interessados um acesso fácil às centenas de ‘papers’ resultantes das comunicações apresentadas neste Congresso. A pesquisa pode ser efectuada através das entradas habituais, ou seja, por ‘sessões plenárias’, ‘sessões temáticas’, ‘painéis’ e ‘grupos de discussão’. Em cada um dos títulos das comunicações existe um link de acesso ao respectivo texto em pdf (nos casos em que tal não acontece é porque o referido texto não foi entregue pelo autor), que facilmente pode ser imprimido.

Apresentação

A «questão social» foi, como se sabe, o tema que durante o século XIX mais preocupou as sociedades industrializadas da Europa. A isso se liga o próprio processo de definição das ciências sociais e o desenvolvimento dos seus principais paradigmas teóricos. Fosse para criar mecanismos de integração e harmonia social, fosse para abrir caminhos para uma sociedade mais justa, as ciências sociais são fruto de movimentos, injustiças e convulsões sociais que, desde há séculos, acompanham o modelo económico capitalista que continua a dominar a vida social no início do novo milénio.

Depois das profundas transformações, lutas e experiências sociais vividas ao longo dos últimos dois séculos, não só os mais diversos projectos de justiça social não se completaram, como os mais elementares direitos humanos continuam diariamente a ser desrespeitados e as injustiças e desigualdades sociais são hoje mais visíveis do que nunca, quer nos países centrais, quer, sobretudo, nos países periféricos do hemisfério Sul. A diferença é que, agora, tais problemas se tornaram ainda mais chocantes em intensidade e amplitude. As novas tecnologias da informação e o aumento da mobilidade e instabilidade nos planos económico, político, social e cultural são expressão da crescente complexidade dos fenómenos sociais globais, o que exige das ciências sociais e humanas maiores responsabilidades na análise e reflexão sobre as consequências da actual globalização económica. Daí que a «questão social» permaneça em aberto, assumindo contornos particularmente preocupantes no limiar do novo milénio.

É justamente no quadro destas preocupações, e tendo em vista estimular o debate e a cooperação entre as comunidades dos cientistas sociais dos países de língua oficial portuguesa, que propomos como principal tema de fundo a abordar no VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, A QUESTÃO SOCIAL NO NOVO MILÉNIO, a realizar em Coimbra nos dias 16, 17 e 18 de Setembro de 2004, organizado pelo Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (CES - FEUC) em colaboração com várias outras instituições.

Este importante encontro bienal foi iniciado em 1990, também em Coimbra e por iniciativa do CES. Desde então, as suas diversas edições têm decorrido em várias cidades (S. Paulo, Maputo, Lisboa, Rio de Janeiro, Porto), conquistando uma adesão crescente de especialistas das várias áreas das Ciências Sociais e Humanas (Sociologia, Antropologia, Economia, História, Línguas e Estudos Literários, etc.).

Cientes do papel crucial deste movimento de internacionalização das Ciências Sociais de expressão portuguesa – tanto no intercâmbio entre diferentes instituições, como no estreitamento das relações entre as nossas comunidades académicas –, estamos convictos de que o VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais será um momento de encontro, de solidariedade e de diálogo aberto. Contamos, por isso, que contribua para reforçar ainda mais os laços que nos unem e que estimule a criação de novas redes e formas de cooperação científica e cultural.