Colóquio Internacional CULTURS
Agendageral

>>> Programa detalhado disponível aqui.


Pré-conferência – Quarta-feira, 13 de novembro
12:30
  Almoço conjunto
15:00  Masterclass pré-conferência: Where Cultural Mapping Meets Cultural and Social Planning: Exploring and Critiquing Selected Models of Community-University Collaboration. +info

Dia I – Quinta-feira, 14 de novembro
08:30  Registo
09:15  Boas-vindas e visão geral do CULTURS
10:00  Plenária: Renato Cymbalista and Stuart Poyntz
11:15  Coffee Break
11:30  Mesas-redondas A e E e Sessão paralela A
13:00  Almoço
14:30  Mesa redonda B e Sessão paralela C
16:00  Coffee Break
16:30  Mesas-redondas C e D
18:00  Exposição no DARQ
20:00  Jantar do colóquio - Restaurante Nacional

Dia II – Sexta-feira, 15 de novembro
08:30  Registo
09:00  Plenária: “Resiliência Criativa: o futuro das cidades”
09:45  Coffee Break
10:00  Sessões paralelas D e E
11:30  Sessões paralelas F e G
13:00  Almoço
14:30  Sessões paralelas H e I
16:00  Coffee Break
16:30  Sessões paralela B e J
18:00  Debate Final / Sessão de Encerramento

Pós-conferância – Sábado, 16 de novembro
10:00  Oficina pós-conferência: Making Sense of Community-Engaged Research Methods: Stories from the Field, For the Field. +info

Temasdassessõesdeapresentações

Convidamos à apresentação de propostas de trabalhos/apresentações relacionados com os seguintes temas:

 

Modelos de governança para a política cultural baseados em direitos
Coordenadores: Nancy Duxbury (CES), Isabel Ferreira (CES), Jordi Baltà (Universidade Ramon Llull - Blanquerna, Espanha)

Há ligações significativas entre o direito à cidade e o âmbito da política cultural local. Inclui-se aqui o papel central conferido aos imaginários urbanos por parte de defensores do direito à cidade como forma para transformar a urbanidade (Petcou e Petrescu, 2015) e a forma como, na obra de Henri Lefèbvre, o direito à cidade é complementado pelo direito à diferença, com realce para o papel da cultura enquanto espaço de combate à homogeneização (Martin, 2006; Baltà Portolés, 2021) e modo de viabilizar o surgimento do pluralismo interativo e da diversidade. Estas ligações também estão incorporadas em abordagens recentes para a política cultural baseada em direitos culturais, as quais colocam a cultura como terreno de construção de espaços onde cidadãos e cidadãs se possam entender entre elas e a si mesmas e embarcar livremente nos seus projetos de vida (UCLG, 2015). Para esse entendimento torna-se central a disponibilidade de espaços e processos de governança que permitam deliberação, negociação e tomada de decisão de forma inclusiva e diversificada. Isso que pode assumir uma variedade de formas, que vão do envolvimento da comunidade na governação e gestão de espaços ou projetos culturais, frequentemente a nível de freguesia ou distrito, através de órgãos decisórios formais a nível municipal, envolvendo uma variedade de partes interessadas, até ao desenvolvimento de modelos de avaliação que dão relevo ao exercício dos direitos. Esta sessão visa reunir reflexões e experiências sobre as implicações das abordagens baseadas em direitos para a governança da política cultural, em especial ao nível local, mas não só. Os contributos podem incluir estudos de caso e reflexões gerais sobre implicações específicas dessas abordagens, bem como sobre obstáculos que impedem mais avanços.

 

A viragem financeira na arquitetura: perspetivas críticas da Europa
Coordenadora: Eliana Sousa Santos (CES)

Esta sessão tem por objetivo apresentar perspetivas críticas sobre o capital e as práticas arquitetónicas em contextos sociais e políticos do passado recente e contribuir com um conhecimento substancial para a tarefa crucial de mapear e analisar os múltiplos fenómenos subjacentes a alguns dos problemas fundamentais do presente, como a habitação e a desigualdade espacial. Entre 1970 e o presente, emergiram novas políticas de habitação e novos instrumentos financeiros, criando uma viragem financeira com o aparecimento de novas formas de lógicas extrativas na economia através da exploração de propriedades materiais e da criação de instrumentos financeiros abstratos. A análise da produção arquitetónica e especificamente dos projetos habitacionais, em paralelo com os campos sobrepostos da política económica e social, pode ser útil na caraterização de outros eventos, como a crise financeira global de 2008, e no discernimento sobre a atual escalada de desigualdade social e o início da crise global da habitação. A noção alargada de capital, baseada nas definições de capital social, cultural e simbólico de Pierre Bourdieu, pode ser útil na exploração de novas metodologias de análise e de crítica das operações arquitetónicas. Bourdieu reconheceu a influência da história da arquitetura no desenvolvimento de alguns dos seus utensílios concetuais, o habitus em específico, originado pela leitura e tradução que fez em 1967 de Gothic Architecture and Scholasticism de Erwin Panofsky (1951). Já na década de 1980, Bourdieu identificou o fenómeno crescente da financeirização da habitação e analisou o mercado imobiliário em França, estudo posteriormente publicado em inglês, The Social Structures of the Economy (2005).

São bem-vindos trabalhos centrados na produção da arquitetura enquanto capital, nas suas formas alargadas (financeira, social, cultural e simbólica), e dirigidos a diferentes contextos sociais e geográficos na Europa. Os temas a explorar podem incluir, entre outros, os seguintes:
● relações entre a produção arquitetónica e o capital;
● capital simbólico e cultural das práticas arquitetónicas;
● financeirização nas suas várias escalas, local, regional e global;
● desigualdade espacial;
● privatização de antigos edifícios públicos, habitação social, parques públicos e paisagens.

 

Inovação e regeneração baseadas no lugar: os atores culturais como agentes de mudança
Coordenadores: Nancy Duxbury (CES), Sílvia SIlva (CES), Paula Abreu (FEUC, CES), SÍlvia Ferreira (FEUC, CES), Anna Hildur Hildibrandsdóttir (Universidade de Bifröst, Islândia)

Desde o período pandémico de COVID-19, tornou-se central o bem-estar da comunidade, com realce das estratégias de coopetição, das práticas de atores da economia social e do desenvolvimento de acordos e redes de colaboração locais. Esta situação cria um quadro para desenvolver estratégias sensíveis ao lugar, com atores culturais a assumirem frequentemente papéis de liderança na promoção de iniciativas inovadoras, culturalmente sensíveis e com base no lugar que beneficiam as comunidades e os territórios locais. Com o objetivo de ir além da mera apresentação de projetos inspiradores, esta sessão explora os desafios e as oportunidades dos atores culturais como agentes de mudança. Debate-se a narração de histórias, as indústrias criativas e os modelos de negócio sustentáveis podem desencadear vagas transformadoras nas comunidades locais e criar soluções inovadoras para enfrentar os desafios locais. A sessão tem por objetivo examinar a forma como os agentes culturais alavancam affordances e recursos locais, assim como as principais características e condições que permitam aos atores culturais desenvolver iniciativas impactantes e sustentáveis para benefício local. Considera como as agências públicas podem responder para apoiar estas iniciativas. Permitirão que estes agentes e iniciativas se tornem parte da política cultural e do planeamento territorial?

 

Abordagens à investigação com envolvimento comunitário
Coordenadores: Nancy Duxbury (CES), Sílvia Silva (CES), Cláudia Pato de Carvalho (CES), Stuart Poyntz (Universidade Simon Fraser, Canadá)

O envolvimento da comunidade em projetos de investigação desempenha um papel crucial na compreensão do caráter único de cada lugar, articulando as narrativas e os conhecimentos que emergem da história local e das histórias da comunidade e a partir delas, elaborando novas iniciativas. As abordagens multissetoriais de envolvimento comprometido  da comunidade podem facilitar o diálogo entre diferentes intervenientes e setores, incentivar a partilha de valores e aspirações e contribuir para promover sentidos mais profundos de comunidade, apropriação e capacitação que podem prevalecer ao longo do tempo. Podem também ser cruciais ao oferecer possíveis soluções para os problemas sociais identificados na comunidade. No meio académico contemporâneo, as aspirações a “cocriar” conhecimento com as comunidades estão a crescer e a tornar-se mais visíveis, embora também se observem resistências em aceitar plenamente os desafios e as implicações inerentes a uma colaboração significativa entre a comunidade e o meio académico. Estas dúvidas e hesitações levantam questões sobre as implicações mais amplas da democratização do conhecimento através de processos significativos de envolvimento comprometido da comunidade. E, contudo, é através de abordagens de investigação com o envolvimento da comunidade que se pode alimentar, capacitar e aprovar uma mudança significativa e enraizada. A sessão examinará as principais práticas de trabalho centrado na comunidade através da lente da participação, do empenho, das infraestruturas e dos impactos locais. Como se pode, repensando através da prática, redefinir o papel dos investigadores? Como pode a academia empenhar-se melhor com contextos fora da universidade?  Como se pode codesenvolver projetos de inovação social que estejam alinhados com as necessidades das comunidades? Como podem os investigadores trabalhar de forma significativa e próxima com os membros das comunidades para seguir trajetórias que formem o futuro?

 

Laboratórios vivos educativos: investigação e práticas para um espaço público inclusivo
Coordenadores: Gonçalo Canto Moniz (DARQ, CES), Rita Campos (CES), Cláudia Pato de Carvalho (CES), Isabel Ferreira (CES)

Mais do que nunca, a cultura de privatização ameaça o espaço urbano que ocupa não só praças, ruas ou parques, mas também instituições públicas, como escolas e museus. A dimensão pública do espaço urbano não está garantida como um espaço onde os cidadãos e as cidadãs têm a oportunidade de erguer a voz e se associar de forma participativa e colaborativa, nomeadamente para decidir sobre o seu futuro, o seu bairro e a sua cidade. Os laboratórios vivos são laboratórios experimentais baseados em contextos reais promovidos por grupos de cidadãos e partes interessadas para cocriar soluções para as necessidades específicas do seu território. Estas ações criam um espaço dinâmico de interação entre diferentes tipos de instituições, indivíduos e organizações, são bottom-up e criam a oportunidade de diálogo entre instituições - como municípios, academia, escolas ou associações culturais - para apoiarem o processo. As instituições educativas, em particular, desempenham um papel importante na ativação de outras formas de empenhamento de cidadãos e cidadãs para identificar necessidades e explorar soluções que coloquem no centro do espaço público as crianças, os jovens, as famílias e as comunidades à sua volta. Neste sentido, os laboratórios vivos educativos podem transformar o espaço público em estruturas mais democráticas e abertas, onde as crianças e os jovens desempenhem um papel ativo. A articulação dos laboratórios vivos com uma ciência social cidadã empenhada, promovendo o desenvolvimento de pequenos projetos de investigação crítica que possam integrar diferentes conhecimentos, amplia ainda mais o potencial transformador destes processos. Investigadores e profissionais são convidados a apresentar e discutir investigações ou práticas que visem ativar um laboratório vivo educativo em espaços públicos, bem como em escolas (e outros espaços relacionados com a educação), considerando também as relações entre laboratórios vivos e práticas de ciência cidadã.

 

Cocriação de soluções baseadas na relação humano-natureza: investigação e práticas para uma regeneração urbana e rural inclusiva
Coordenadores: Gonçalo Canto Moniz (DARQ, CES), Isabel Ferreira (CES), Beatriz Caitana (CES)

Os territórios urbanos e rurais estão a mudar drasticamente nas últimas décadas devido a fenómenos sociais e ambientais, como o turismo, a migração e as alterações climáticas, entre outros. As comunidades locais estão organizadas e pretendem participar na regeneração do espaço público para enfrentar os desafios locais e globais e promover outras formas de o utilizar. Os programas nacionais e internacionais apoiam iniciativas de base comunitária, mas também iniciativas governamentais ou académicas que colocam os cidadãos e as cidadãs no centro destes processos de regeneração. O objetivo é reforçar a cocriação de soluções que possam combinar as dimensões social e ambiental para resolver desafios relacionados com a alimentação, a socioeconomia, o desporto, a educação e a cultura. De facto, as soluções baseadas na relação humano-natureza podem contribuir para melhorar a inclusão no espaço público através do processo de cocriação, colocando as pessoas em diálogo e favorecendo a criação de sentido de comunidade. O ambiente de cocriação é também um lugar de partilha de conhecimentos, nomeadamente os científicos, técnicos e empíricos, que provêm da experiência quotidiana de cidadãs e cidadãos. A partilha de conhecimentos é facilitadora do desenvolvimento de estratégias de cogovernação reguladoras do diálogo entre os diferentes atores que pretendem cocriar em conjunto. Os investigadores e os profissionais são convidados a apresentar e discutir investigações ou práticas que promovam a cocriação de soluções baseadas na relação humano-natureza para os seus territórios urbanos e rurais. Os processos de cocriação podem ser ativados por grupos de cidadãos e cidadãs e partes interessadas, bem como por municípios ou universidades. Os trabalhos devem discutir o quadro concetual, apresentar a metodologia de cocriação e explorar os resultados com base em estudos de casos concretos.

 

Ligar a cartografia cultural e o planeamento estratégico da cultura
Coordenadores: Nancy Duxbury (CES), Will Garrett-Petts (Universidade de Thompson Rivers, Canadá)

As cidades são cada vez mais desafiadas a desenvolver políticas culturais e sociais - e metodologias de investigação relacionadas - que se espera que funcionem com outras áreas, como o desenvolvimento económico, a inclusão social e o planeamento urbano. O mapeamento cultural participativo proporciona uma abordagem e uma plataforma prontas para este trabalho interssetorial. Como campo de investigação, a cartografia cultural representa duas áreas de estudo e de prática inter-relacionadas. A primeira centra-se nos bens culturais, identificando, localizando e quantificando bens tangíveis e intangíveis, normalmente com o objetivo de desenvolver um mapa de recursos culturais ou de bens comunitários. A segunda área, associada à ascensão da cartografia crítica, emprega técnicas de mapeamento participativo para criar uma narrativa comunitária multivocal do lugar, reunindo as partes interessadas numa conversa intencional e na resolução de problemas em grupo. No seu conjunto, as duas áreas do mapeamento cultural procuram combinar as ferramentas da cartografia moderna com métodos vernaculares e participativos de narração de histórias para a representação espacial, visual e textual dos conhecimentos, bens, valores, pontos de vista e memórias autênticos das comunidades locais. Ambas as formas de mapeamento têm vindo a ser cada vez mais utilizadas pelos governos, nomeadamente por municípios, e por académicos de todo o mundo, muitas vezes sob a premissa de que prometem uma capacidade de empenho e ligação com populações e comunidades que normalmente não estão inclinadas para a participação política/académica. Pretendemos discutir a forma como o mapeamento participativo se pode tornar um mecanismo eficaz para promover intervenções lideradas por cidadãos e cidadãs e pela governação democrática, com base em processos que promovem novos modos de interação participativa (Ortega Nuere e Bayón, 2015). Notamos, contudo, que na maioria das situações o mapeamento cultural participativo tende a ser empregue como iniciativa única, mais como um projeto do que como uma estratégia de longo prazo e, portanto, normalmente não permanece totalmente articulado ou integrado nas práticas de planeamento e de desenvolvimento da comunidade (Duxbury, 2019; Garrett-Petts et al., 2021; Garrett-Petts e Gladu, 2021). Argumentamos que, para que o mapeamento cultural se torne sustentável e transformador, o empenhamento da comunidade deve basear-se em parcerias que não sejam meramente transacionais - ou seja, focadas em mais do que tarefas operacionais e cumprimento de expectativas de curto prazo. Convidamos à apresentação de propostas que dialoguem com estas preocupações e questões.

 

Comunidades de prática na política cultural local
Coordenadores: Claudino Ferreira (FEUC, CES), Jordi Baltà (Universidade Ramon Llull - Blanquerna, Espanha)

A noção de “comunidades de prática”, referente a processos de aprendizagem coletiva através da prática num determinado domínio de interesse, envolvendo a adesão a atividades, discussões e partilha de informações (Wenger, 1998; Wenger-Trayner e Wenger-Trayner, 2015), liga-se bem ao entendimento das cidades como laboratórios vivos, que podem promover a participação dos cidadãos e das cidadãs, a capacitação e o reforço das capacidades. O uso das comunidades de prática é relativamente frequente em algumas áreas da política e gestão locais, como a ciência cidadã (Göbel, Cappadonna et al., 2016; Manzoni, Vohland et al., 2021), mas menos comum na política cultural - onde as ligações só foram formuladas em termos relativamente abstratos (Sacco, 2011, 2021) ou utilizadas apenas quando se referem a áreas específicas, como o património cultural ou os festivais de artes (Adell, Bendix et al., 2015; Comunian, 2017; Kockel, Nic Craith et al., 2020). Acreditamos, no entanto, que as implicações das comunidades de prática na política cultural, particularmente a nível local, poderiam ser mais exploradas, nomeadamente no que se refere à colaboração com as partes interessadas nos ecossistemas culturais locais num cenário “horizontal”, às ligações entre experiências locais e desenvolvimentos globais (por exemplo, através de redes e projetos transfronteiriços) e às estratégias adaptativas relacionadas com modelos de governança. Esta sessão visa discutir as implicações das comunidades de prática na política cultural local, quais as condições que podem permitir a sua emergência e quais os modelos existentes na conceção, implementação e avaliação da política cultural, ou projetos e atividades culturais conexos, que podem assemelhar-se a comunidades de prática - por exemplo, grupos de trabalho e redes a nível local, nacional ou internacional, projetos participativos, iniciativas que ligam cultura e educação ou cultura e sustentabilidade, etc. Pretende também analisar o modo como universidades, centros de investigação ou observatórios podem desempenhar um papel nesses processos de aprendizagem coletiva.

 

Infraestruturas urbanas para a juventude
Coordenadores: Cláudia Pato de Carvalho (FEUC, CES), Stuart Poyntz (Universidade Simon Fraser, Canadá)

As organizações/iniciativas juvenis de artes criativas e dos media - tais como grupos de jovens, associações, iniciativas relacionadas com as artes juvenis e outros espaços públicos não formais onde os jovens intervêm como agentes de mudança social - representam possibilidades relacionadas com formas alternativas de intervir na sociedade, particularmente em espaços urbanos, mas também em contextos de educação não formal. Os contextos de aprendizagem não formal são diversos e tendem a ser subestimados e, por vezes, invisibilizados em termos do impacto que representam para o desenvolvimento das capacidades e possibilidades de aprendizagem dos jovens - e de como podem abrir possibilidades em termos de desenvolvimento profissional dos jovens enquanto criadores e artistas no setor criativo. Há ainda muito a analisar em termos das possibilidades que estes esforços criativos dos jovens oferecem ao desenvolvimento do sector criativo, contribuindo para o seu potencial inovador. Que tipos de interações precisam de acontecer, ou estão a acontecer, entre os contextos educativos mais formais das artes criativas e os contextos educativos não formais que podem ser importantes para o setor? Que tipo de impacto têm os contextos educativos não formais na vida dos jovens e no seu futuro profissional relacionado com o sector criativo? Como é que estes contextos educativos não formais capacitam os jovens para serem agentes ativos de mudança social nas suas comunidades?

Temasdasmesas-redondas

Criar comunidades resilientes através de práticas de gestão colaborativa do património
Coordenadores: Catarina Almeida Marado (CES), Lorena Sancho Querol (CES)

As práticas social e culturalmente colaborativas no domínio da gestão do património são instrumentos fundamentais para novas formas e fórmulas de sustentabilidade cultural, a ressignificação do património e as adaptações socioculturais, bem como para a resiliência das comunidades. A participação cívica na produção do património cultural, compreendendo o seu significado e a construção coletiva de ações de preservação e valorização, contribui para a criação de comunidades mais resilientes, capazes de prevenir, enfrentar e recuperar coletivamente dos desafios quotidianos. Os habitantes locais são os conhecedores, os utilizadores e os transformadores do património cultural que emerge das interações culturais e sociais, da construção e transformação do ambiente construído, dos saberes e técnicas ancestrais, dos rituais e dos modos de vida. Como podemos gerir coletivamente o património local de modo a criar um processo com benefícios para as várias partes, em que a comunidade local copensa, coproduz e codecide sobre a vida do seu próprio património? O objetivo desta mesa redonda é discutir a natureza e a anatomia das práticas colaborativas e inovadoras de gestão do património cultural, tangível e intangível, e o seu contributo para o desenvolvimento de comunidades mais ativas, responsáveis e resilientes. Começará com a apresentação dinâmica de quatro casos de estudo inovadores, complementares e desafiantes, dando de seguida a voz ao público. O objetivo é discutir os casos e estimular a reflexão e o debate crítico sobre os efeitos transformadores, regenerativos e resilientes destas práticas de gestão em que as comunidades locais desempenham um papel essencial.


Urbanidades socioculturais
Coordenador: Carlos Fortuna (FEUC, CES)

As cidades, sejam metrópoles ou cidades pequenas, e os gestos urbanos desenvolvem-se em ambientes socioculturais de natureza diversa e em contextos espaciais delimitados, que nos permitem captar paisagens socioculturais ou urbanidades múltiplas e muitas vezes sobrepostas. Algumas envolvem-nos com vestígios de tempos históricos (historicidades diversas, património disputado, etc.), outras relacionam-se com usos da cidade (ambientes urbanos, turismo, tecnologias, mobilidades, etc.), outras ainda dependem de experiências afetivas ou sensoriais (paisagens sonoras e olfativas, paisagens alimentares, paisagens artísticas, etc.). Esta sessão, que será realizada sob a forma de uma mesa redonda híbrida com académicos convidados, apela a uma série de contribuições de 10-15 minutos (textos curtos) que revelem diferentes formas de discutir experiências espaciais particulares, a caraterização de lugares urbanos ou as práticas sensoriais em encontros urbanos. O objetivo último é ajudar a interpretar as urbanidades socioculturais contemporâneas, de modo a abrir formas mais expansivas de reimaginar as culturas urbanas e de conceber outras políticas e intervenções públicas.


Resiliência criativa e sistemas de conhecimento indígenas
Coordenadores: Julius Heinicke (Cátedra UNESCO “Cultural Policy for the Arts in Development” da Universidade de Hildesheim, Alemanha) e parceiros da Cátedra UNESCO, Nancy Duxbury (CES)

O painel apresentará vários modelos de formas de conhecimento indígenas que são transmitidas em formatos artísticos em contextos urbanos e examinará o seu potencial para o conceito de “resiliência criativa”. Por um lado, os conceitos artísticos e criativos indígenas podem ser utilizados em contextos urbanos para criar definições inovadoras e contemporâneas de cultura, a fim de captar a diversidade das sociedades urbanas e oferecer a muitos grupos pontos de contacto. Por outro lado, estes conceitos podem ser utilizados de diferentes formas para abordar o tema da sustentabilidade e são talvez adequados para compreender a resiliência criativa no contexto da sustentabilidade. Ambos promovem a resiliência das localizações culturais e criam espaços sustentáveis de negociação de uma sociedade urbana resiliente. O painel será realizado em formato híbrido, com parceiros da Cátedra UNESCO que estão a realizar investigação nos campos do conhecimento indígena, da resiliência artística e da sustentabilidade criativa: Dr. Prüfer-Durojaye, Hildesheim, Alemanha; Dr. Alfdaniels Mabingo, Uganda; Dr. Harriet Adjahoe, Gana; Dr. Sarah Foster-Sproull, Nova Zelândia.* (participantes a confirmar)


Arte, ética e política mais do que humanas
Coordenadores: Patricia Vieira (CES); Alfredo Ramos (CSIC, Espanha); Giovanni Allegretti (CES)

Podemos encontrar duas premissas básicas dentro da viragem do mais do que humano nas ciências sociais (Grussin, 2015). A primeira é a necessidade de questionar o antropocentrismo, dirigindo a nossa atenção para o campo diversificado dos mais do que humanos (que inclui fungos, plantas, animais não humanos, objetos, tecnologias, etc.). A segunda refere-se ao facto de que, enquanto os problemas que os humanos enfrentam atualmente estão diretamente dependentes do destino do mais do que humano, as democracias, com algumas exceções, são caracterizadas pela sua exclusão estrutural. Neste contexto, o painel procura analisar como diferentes formas de representar ou apresentar diretamente a diversidade dos mais do que humanos estão a ser desenvolvidas através de práticas artísticas. Partimos da hipótese de que estas práticas têm o potencial de alterar os quadros ontológicos e epistemológicos que configuram a exclusão dos seres mais do que humanos. Desta forma, estas práticas artísticas permitem-nos discutir como podemos alargar o âmbito da política e da democracia para incorporar ativamente mais do que humanos e como transformar as nossas democracias humanas em democracias multi-espécies (Donaldson, Vink e Gagnon, 2021).


Utopia/Distopia – experiências na habitação
Coordenadores: Jorge Figueira (DARQ, CES), Bruno Gil (DARQ, CES), Gonçalo Canto Moniz (DARQ, CES), Giovanni Allegretti (CES)

Esta mesa redonda está relacionada com a exposição “Utopia/Distopia - experiências em habitação”, que resulta das pesquisas e propostas pedagógicas desenvolvidas no Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra e na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP). Segue o projeto Land Purpose coordenado por Renato Cymbalista na FAUUSP e mostra a investigação dos alunos e alunas das referidas unidades, abordando diferentes experiências sobre habitação, desde resultados utópicos a distópicos, da reabilitação ou ocupação de espaços a modelos futuristas. Como se afirma no projeto Finalidade da Terra: “as pessoas sempre procuraram produzir realidades utópicas com estes mesmos recursos: propriedade que não pode ser comprada e vendida, que democratiza o acesso à habitação, que garante a coabitação entre seres humanos e não humanos, que preserva a memória e o ambiente para as gerações futuras. O projeto Land Purpose procura dar visibilidade a estas pessoas e a estes projetos. Mostra a diversidade de arranjos de propriedade: fundações, associações, kibutzim, squats, territórios espirituais, quilombos, cooperativas”. A versão da Universidade de Coimbra deste projeto apresenta o caso de estudo “República” como um lugar de experiências habitacionais justapostas a outros casos de experimentação radical que lidam com a ecologia, a velhice, o vegetarianismo e a religião. Esta mesa redonda tem por objetivo discutir estas duas experiências pedagógicas complementares em diálogo com outras investigações sobre a habitação apresentadas por investigadores convidados.


Compreender a “arquitetura contemporânea”
Coordenadores: Márcio Valença (UFRN, CES), Gonçalo Canto Moniz (CES)

Os estudos sobre arquitetura contemporânea são dominados por debates controversos e pela indeterminação quanto à forma de a definir. Estes estudos relacionam-se com a natureza imprecisa, complexa e diversa da produção arquitetónica atual. Esta diversidade - de formas, linguagens, materiais, técnicas, etc. - e a dificuldade em apontar os seus pontos comuns permitem-nos designá-la na forma plural: arquiteturas contemporâneas. Contudo, é possível mostrar o tipo de mudanças que surgiram em relação ao modo como a arquitetura era praticada no passado imediato. A mesa redonda discutirá os contextos sociais, políticos, económicos, culturais e urbanos em que estas arquiteturas se desenvolveram. Uma linha temporal relativamente a este desenvolvimento é também difícil de determinar, mas aqui as arquiteturas contemporâneas são as que coincidem com o que é agora conhecido como o período da “globalização” ou “pós-fordismo”. Há muito a revelar, investigar, interpretar e compreender no tocante ao papel atual, para as cidades, desta nova arquitetura, enquanto artefacto cultural e sujeito da vida urbana. Os contextos de Portugal e do Brasil serão considerados para orientar as discussões.

Exposição

EXPOSIÇÃO


Terra propósito
Coordenadores: Jorge Figueira (DARQ, CES), Bruno Gil (DARQ, CES), Gonçalo Canto Moniz (DARQ, CES)

“Utopia/Distopia – experiências em habitação” é uma exposição resultante das propostas de investigação/pedagógicas das disciplinas de História da Arquitetura e Teoria da Arquitetura do Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Surge na sequência do projeto Land Purpose, coordenado por Renato Cymbalista na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, e mostra a investigação dos alunos e alunas das referidas unidades curriculares, lidando com diferentes experiências sobre habitação, desde resultados utópicos a distópicos, da reabilitação ou da ocupação de espaços até modelos futuristas.

Conforme se afirma no projeto Land Purpose: “as pessoas sempre procuraram produzir realidades utópicas com estes mesmos recursos: propriedade que não pode ser comprada e vendida, que democratiza o acesso à habitação, que garante a coabitação entre seres humanos e não humanos, que preserva a memória e o ambiente para as gerações futuras. O projeto Land Purpose procura dar visibilidade a estas pessoas e a estes projetos. Mostra a diversidade de arranjos de propriedade: fundações, associações, kibutzim, squats, territórios espirituais, quilombos, cooperativas”. A iteração da Universidade de Coimbra deste projeto apresenta o estudo de caso “República” como um lugar de experiências habitacionais justapostas, juntamente com outros casos de experimentação radical que lidam com a ecologia, a velhice, o vegetarianismo e a religião.

De acordo com o modelo de Land Purpose, os componentes da exposição serão constituídos por folhas A4, frente e verso, a preto e branco, onde “a primeira página é vista na exposição, contendo informação técnica sobre o caso de estudo, uma imagem de boa qualidade com uma legenda cuidadosamente construída e um texto de chamada”. A exposição “Utopia/Distopia - experiências em habitação” apresentará ainda o processo de investigação que conduziu ao resultado final e integrará sessões de mesas redondas sobre o assunto.

Oficinas

MASTERCLASS PRÉ-CONFERÊNCIA

13 de novembro de 2024, 15h00

Sala 2, CES | Alta

 

Where Cultural Mapping Meets Cultural and Social Planning: Exploring and Critiquing Selected Models of Community-University Collaboration
Dr. Cheryl Gladu (Human Enterprise and Innovation, Thompson Rivers University), and Dr. Will Garrett-Petts (English Department and Office of the Provost, Thompson Rivers University)

 

Esta masterclass interativa irá explorar a forma como as técnicas de mapeamento cultural podem ser adaptadas para efetuar mudanças através de parcerias de colaboração com universidades, governos locais, o sector sem fins lucrativos, o sector empresarial, escolas e organizações comunitárias.

No final da masterclass, os participantes terão uma melhor compreensão da forma como os mapas culturais são produzidos e interpretados; e, no processo, explorarão a forma como o mapeamento cultural pode melhorar a investigação de base comunitária e contribuir para o desenvolvimento de parcerias sustentáveis a longo prazo.

Língua da masterclass: Inglês


A inscrição é gratuita, mas obrigatória. Limitado a 20 participantes.


Mais informações aqui.

 


 

OFICINA PÓS-CONFERÊNCIA

16 de novembro de 2024, 10h00

Sala 2, CES | Alta

 

Making Sense of Community-Engaged Research Methods: Stories from the Field, For the Field
Dr. Stuart Poyntz (School of Communication and Director of the Community Engaged Research Initiative - CERi, Simon Fraser University)

 

Este workshop explora os métodos de investigação de base comunitária numa série de disciplinas das ciências sociais e naturais, das ciências humanas e das ciências da saúde. O Dr. Stuart Poyntz, Diretor da Community Engaged Research Initiative (CERI) na Universidade Simon Fraser em Vancouver, Canadá, apresentará o campo da investigação de base comunitária, juntamente com uma seleção de métodos, incluindo a criação de investigação de base artística, auscultação social, ciência cidadã, mapeamento participativos e história oral. Também examinaremos os principais desafios no desenvolvimento de projectos de investigação de base comunitária, incluindo questões de oportunidade, rigor, relacionalidade e resultados de conhecimento.

Língua da oficina: Inglês

 

A inscrição é gratuita, mas obrigatória. Limitado a 20 participantes.

 

Mais informações aqui.

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