Recentemente, o assunto “desigualdades salariais de gênero” nas relações de trabalho ganhou expressão midiática. Embora as mulheres tenham conquistado espaços nas últimas décadas, as diferenças salariais e de oportunidades de trabalho, persistem. Afinal, por que as mulheres (ainda) ganham menos que os homens?
A partir de uma perspectiva dos Estudos Feministas, e também feminista, este seminário busca debater a atual condição das mulheres no mercado empresarial ou corporativo de trabalho. Para apoiar a discussão, irei me basear em dados do Brasil, e eventualmente, de Portugal. De todo modo esta é uma questão mundial.
De acordo com Ferreira, “Independentemente das fontes e dos métodos de cálculo, um relativo consenso de que os diferenciais tem permanecido estáveis ao longo das últimas décadas, o que não deixa de ser algo misterioso das mudanças dramáticas que o mundo laboral conheceu neste período. A evidência empírica mostra, contudo, que mesmo controlando muitas dessas variáveis que sofreram alterações, nomeadamente as características pessoais de homens e mulheres em termos do chamado capital humano e as estruturas do emprego, as disparidades salariais persistem e mantém praticamente os mesmos níveis”. (Ferreira, 2015: 143. Grifos Kareen Terenzzo)
“A crescente participação das mulheres na actividade econômica e o envelhecimento da população contribuíram para reduzir as desigualdades de rendimento, mas por outro lado, o aumento do nível médio de escolaridade teve o efeito contrário” (Ferreira, 2015: 150)
A partir das reflexões acima, o seminário pretende convidar as/os participantes para debater: como é possível que tudo mude mas tudo continue na mesma? Qual a parte não explicada? Qual a heterogeneidade não observada?
Atividade no âmbito do Ciclo de Debates «Trabalho e Sociedade»
Programa
14h00: Apresentação do tema em linhas gerais
- Cenário das desigualdades salariais entre homens e mulheres
- Feminização
- Segregação
- “Impossibilidade” das mulheres chegarem aos altos escalões com autonomia e liderança
- Políticas de emprego
- “Empoderamento feminino” X empreendedorismo
- Idadismo ou preconceito etário
14h30: Dinâmica
15h00: Debate
Bibliografia recomendada:
Britto da Motta (1999). As dimensões de gênero e classe social na análise do envelhecimento. Cadernos Pagu (13) 191-22. Disponível em https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8635327
Casaca, Sara (2012). "Género, idade e mercado de trabalho" (com Sally Bould), in Casaca, Sara Falcão (coord.) In Mudanças Laborais e Relações de Género. Novos Vetores de Desigualdade. Fundação Económicas/Almedina. 87-132.
England, Paula, (2010). “The Gender Revolution: Uneven and Stalled”. Gender & Society, vol 24, issue 2, pp. 149 – 166. Sage Publications, Inc.
Ferreira, Virgínia (2015). “A evolução das desigualdades entre salários masculinos e
femininos: um percurso irregular” in Ferreira, Virgínia (Org.) A igualdade de mulheres e
homens no trabalho e no emprego em Portugal. Políticas e circunstâncias. Lisboa: CITE. 139-185.
Proni, Thaíssa Tamarindo da Rocha; Proni, Marcelo Weishaupt Proni. 2018.
“Discriminação de gênero em grandes empresas no Brasil” in Revistas Estudos Feministas, vol. 26. núm. 1, Florianópolis. Consultado a 15-Junho-2018 em https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/41780
Russell, Helen; Fahey, Tony (2004). Ageing and Labour Market Participation - The Economic and Social Research Institute. Equality Research Series.
Rubery, Jill; Grimshaw, Damian (2014). “The 40-year pursuit of equal pay: A case of
constantly moving goalposts”, in Cambridge Journal of Economics.
(algumas) Referências Webgráficas
https://www.youtube.com/watch?v=6wx-Qh4Vczc
https://g1.globo.com/economia/noticia/diferenca-de-salario-medio-de-homens-e-mulheres-pode-chegar-a-quase-r-1-mil-no-pais-aponta-ibge.ghtml