Tomando como objecto de estudo a expressão mediática da justiça e a sua recepção pública, pretende-se compreender as configurações das tensões geradas pelas relações entre os meios de comunicação social e os actores judiciários e as respectivas repercussões na esfera pública. A estratégia metodológica adoptada assentará na análise de conteúdo qualitativa dos discursos mediáticos em torno da justiça, produzidos em anos recentes na sociedade portuguesa e em entrevistas junto de informantes privilegiados. As produções discursiva<s dos meios de comunicação social em torno do sistema judicial surgem como uma dimensão de análise pertinente, na medida em que possibilitam a problematização das fronteiras que enformam a construção e a produção de poder tanto na administração da justiça, como na esfera mediática, permitindo atingir dois objectivos principais, com assinaláveis repercussões sociais. Por um lado, compreender a complexidade das relações estabelecidas entre os actores massmediáticos e os actores judiciários, tentando captar, nomeadamente, os impactos dos média no próprio sistema judicial. Por outro lado, e na medida em que as representações do sistema judicial da parte dos cidadãos se ancoram tanto nas informações obtidas junto dos meios de comunicação social como nos contactos directos com os tribunais, este estudo permitirá perspectivar alguns traços das relações estabelecidas entre os cidadãos e o Estado.