Uma recessão é uma contração da atividade económica generalizada, isto é, uma quebra de atividade simultânea em todos os setores de atividade. É habitual considerar que uma economia entrou em recessão quando se verifica uma redução do Produto Interno Bruto (PIB) medido em termos reais (descontado o efeito da inflação) em dois trimestres seguidos. No entanto, a definição técnica de recessão é mais abrangente. O National Bureau of Economic Research (NBER) dos EUA define uma recessão económica não só em termos de declínio do PIB real, como do rendimento, do emprego, da produção industrial e das vendas a grosso e a retalho. Uma recessão difere de uma depressão pela severidade do declínio da atividade económica. É habitual falar de depressão quando o declínio verificado é superior a 10% do produto. De acordo com este critério, a Grécia estará a experimentar uma depressão (contração do PIB de 11% entre 2007 e 2011), mas Portugal ainda não (contração do PIB de 3% entre 2007 e 2011). A contração do PIB verificada em 2011, em conjunto com a prevista para 2012, aproximará Portugal do nível próprio de uma depressão.
Embora exista unanimidade quanto à constatação da natureza cíclica da dinâmica das economias capitalistas, essa unanimidade não existe nem quanto às causas, nem quanto às respostas de política mais adequadas face às recessões. Karl Marx, num dos primeiros e mais importantes contributos para a análise das crises, defendeu que as crises cíclicas decorrem da tendência para a sobreacumulação inscrita no modo capitalista de produção. O investimento excessivo decorrente de lucros elevados na fase ascendente do ciclo daria origem a uma queda da taxa de lucro que se transformaria em contração da procura quando, em resposta a menores lucros, se acentuava a exploração do trabalho e caíam os rendimentos salariais que sustentavam o consumo.
No contexto da Grande Depressão dos anos 30 do século XX, os economistas (e os governos) dividiram-se quanto ao tipo de resposta apropriada. Enquanto uns, com destaque para John Maynard Keynes, defendiam políticas públicas, monetárias e orçamentais, de estímulo ao investimento e ao consumo, outros defendiam a contenção orçamental. Quase cem anos depois reencontramos este debate no quadro da atual crise.
José Maria Castro Caldas