O conceito surgiu nos Estados Unidos no início dos anos setenta do século passado, para designar a resposta ultraconservadora às posições da política interna, moderadamente progressista, da Great Society do Presidente Lyndon Johnson. O objectivo da Sociedade Ampla de Johnson era eliminar a pobreza e minorar as desigualdades raciais. Alguns ideólogos americanos, autodesignados neoconservadores e mais tarde pejorativamente apelidados de neocons, tendo inicialmente apoiado estes ideais (direitos cívicos, integração racial, Martin Luther King, Jr.), não tardaram a sentir-se ameaçados pelas suas implicações igualitárias e, sobretudo, pela radicalização dos afro-americanos (Black Power).
Em pleno contexto de Guerra Fria, estes neocons convenceram-se de que era necessário reinventar o destino que reiteravam excepcional da nação americana numa política externa agressiva. Esta preocupação viria a acentuar-se durante as presidências de George H. Bush, Bill Clinton e George W. Bush. E continuou com Barak Obama, que tem dado continuidade ao belicismo imperialista que sempre definiu os Estados Unidos.
Depois do colapso da União Soviética, o objectivo dos neocons passou a ser aumentar a hegemonia e o poderio dos Estados Unidos como a única potência mundial, e alargar e consolidar um novo imperialismo americano. O programa político dos neocons para reinventar o excepcionalismo americano assenta em dois imperativos, e tem tido a conivência dos grandes meios de comunicação social: a necessidade de defender a todo o custo, de supostos iminentes ataques “terroristas”, os Estados Unidos, essa dita salvaguarda última do “mundo livre”; e a liberalização dos mercados financeiros para continuar a garantir o dólar, contra o euro, como moeda da globalização. E assim se chegou ao paradoxo de esta nação “excepcional” ter uma dívida soberana que ameaça incumprimento, ao mesmo tempo que controla os destinos do resto do mundo.
Maria Irene Ramalho
Nota: A pedido da autora, esta entrada mantém a grafia anterior ao novo acordo ortográfico.