O país onde, a 15 de maio de 2011, nas vésperas das eleições regionais e municipais, milhares de pessoas se concentraram na Puerta del Sol, em Madrid, para expressar os seus sentimentos de indignação e mal-estar diante de um modelo social, económico, político e ecológico globalizado que lhes rouba a sua dignidade e destrói a sua esperança. É o país onde a crise global despertou as energias utópicas e emancipatórias do fenómeno 15-M, o movimento dos indignados que levou a sociedade espanhola a participar num processo de mudança, a chamada Spanish revolution. Desempregados, trabalhadores precários, estudantes, reformados, jovens de toda condição, hipotecados e, em geral, gente comum e diversa com vontade de converter o seu compromisso em ação, exigiram uma mudança de rumo e um futuro digno.
Sob o lema “Não somos mercadoria nas mãos de políticos e banqueiros”, a indignação materializou-se num conjunto de protestos cidadãos pacíficos, manifestações, acampamentos, ocupação de ruas e praças, assembleias e ativismo em prol da ampliação, revitalização e experiência da democracia num sentido mais real e autêntico. Mas é também o país que conheceu uma das maiores bolhas imobiliárias, que tem a maior taxa de desemprego da zona euro (com mais de cinco milhões de desempregados, sendo os jovens os mais prejudicados pela crise) e onde a direita ganhou as eleições com maioria absoluta depois do surgimento do movimento dos indignados.
Antoni Aguiló