infoTRAUMA #3

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Editorial

A propósito do 15 de outubro, um ano depois…

A evocação dos acontecimentos que nos atingem, como sociedade, só tem sentido se lhes extraímos as devidas elações e atuarmos efetivamente, seja modificando estratégias de prevenção, agindo sobre previsíveis desencadeantes ou melhorando formas de resposta. Lembremos desastres anteriores, como a queda da ponte de Entre os Rios, como nos comprometemos a não esquecer, a aprender com o acontecido, estruturando programas de prevenção e intervenção no trauma psicológico. Mas, em 2017, a desejada aprendizagem, os almejados programas, as necessárias medidas de prevenção e formação mantêm-se reservadas, longe do conhecimento e utilização prática do cidadão comum.
Para que todos nos responsabilizemos na construção das mudanças que se impõem é importante generalizar o conhecimento sobre as consequências psicológicas do trauma resultante das crises, desastres ou catástrofes. Uma experiência deste tipo provoca reações específicas e individualizadas, diferentes de pessoa para pessoa.
Felizmente, a maioria das vítimas consegue superar, a curto ou médio prazo, a experiência traumática, integrando-a sem sequelas psíquicas irreversíveis. Contribuem aqui as características intrínsecas da pessoa, o suporte da comunidade e a eficaz intervenção psicossocial na crise, que ajude no readquirir da saúde global do sobrevivente, ao nível físico, social e psicológico.
Porém, 5% a 8% da população alguma vez afetada mantém um sofrimento traumático de caraterísticas crónicas, com graves consequências pessoais, familiares e sociais, que se refletem, inclusive, nas economias das comunidades.
Nesse sentido, é necessário organizar respostas ao trauma, assentes em recomendações internacionais que não esqueçam a prática que fomos construindo; pugnar pela consolidação de programas nacionais de intervenção psicossocial na crise; efetivar uma rede nacional de intervenção terapêutica nas patologias pós-traumáticas; estruturar planos competentes de formação e proteção dos técnicos que intervém no terreno.
O objetivo é que a memória das tragédias de 2017 não se revele em vão. O Centro de Trauma reafirma-se disponível para esse combate.

Luísa Sales | Coimbra, 5 de novembro de 2018
Coordenadora do Centro de Trauma do CES/UC

Aconteceu

atividades
Formação, Informação e Prevenção

O Centro de Trauma continua a apostar na formação como estratégia para prevenir o trauma psicológico decorrente de crises, desastres ou catástrofes. Como tal, nos últimos meses o CT realizou um conjunto de iniciativas, respondendo a solicitações de diversas entidades.

formação
III Curso de Psicotraumatologia

Continua a decorrer o III Curso de Formação em Psicotraumatologia, promovido pelo Centro de Trauma e com acesso a certificação da ESTSS.

Reflexões
15 de outubro: um ano depois

Um ano depois da tragédia, o Centro de Trauma continuar a acompanhar com preocupação as ainda visíveis consequências psicológicas dos incêndios de 2017

colóquio
Media e Trauma

Teve lugar na FLUC o colóquio Trauma e Media, numa iniciativa conjunta do Centro de Trauma e da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Reunião
Board Meeting da ESTSS

O Centro de Trauma marcou presença na Board Meeting da Sociedade Europeia para os Estudos do Stress Traumático (ESTSS).

Vai Acontecer

Módulos opcionais
III Curso em Psicotraumatologia

A "Transculturalidade do Trauma" e as "Crises Anunciadas" são os próximos temas em debate no III Curso de Formação em Psicotraumatologia.

colóquio 40 anos ces
Trauma e Interculturalidade

O Centro de Trauma participa amanhã, 7 de novembro, no colóquio dos 40 anos do CES com a mesa "Trauma e Interculturalidade".

Parceiros

Neste espaço, convidamos os nossos parceiros a divulgar as suas atividades, relacionadas com a temática do trauma psicológico. Nesta edição, destaque para o 1º Congresso Ibérico da Academia Militar e para a Conferência ESTSS 2019.

Pontos de Vista

Espaço de divulgação de depoimentos, opiniões e comentários acerca de acontecimentos relacionados com o trauma psicológico. Nesta edição olhamos com especial atenção para o primeiro aniversário dos incêndios de 15 de outubro, na Região Centro.

Publicações

Propomos a consulta de alguns artigos científicos/livros recentes sobre a especialidade (Top4Trauma) e destacamos notícias, reportagens e vídeos sobre a temática do trauma psicológico (Trauma e Media).

Top4 Trauma

ARTIGOS

1. Dias, A. et al. (2018). Public Health actions to mitigate long-term consequences of child maltreatment. J Public Health Policy, 39, 294–303

2. Beja, M. et al. (2018). Primeiros Socorros Psicológicos: intervenção psicológica na catástrofe. Psychologica 1 (61), 125-142

3. Schneider, A. et al. (2018). Stigmatization Is Associated with Increased PTSD Risk and Symptom Severity After Traumatic Stress and Diminished Likelihood of Spontaneous Remission: A Study with East-African Conflict Survivors. Frontiers in Psychiatry, 9 (423)

4. Nagamine, M. et al. (2018). The relationship between dispositional empathy, psychological distress, and posttraumatic stress responses among Japanese uniformed disaster workers: a cross-sectional study. BMC psychiatry, 18(1), 328

LIVROS

1. (2018) Os Dez Espelhos do Benjamim Zarco – Richard Zimler, Porto Editora

2. (2018) A Guerra – José Jorge Letria, Pato Lógico

3. (2018) Mitigar – Aida Dias, ProefschriftMaken

4. (1996) Demasiado – Diana Andringa, Teorema

Trauma e Media

REFLEXÕES

1. E os profissionais? (Joana Proença Becker, julho de 2018)

2. A questão dos refugiados… (Diana Andringa, fevereiro de 2009)

3. Repercussões dos incêndios na Grécia (Luísa Sales, julho de 2018)

4. O resgate e a sobrevivência na gruta da Tailândia e a anunciada vida que se segue… (João Veloso, 9 de julho)

reportagem
Rádio Renascença

Entrevista com Bruno Brito, especialista em Psicotraumatologia e investigador associado do Centro de Trauma, sobre as consequências do resgate na Tailândia.

Reportagem
RTP Notícias

Bombeiros apresentam sinais de stress pós-traumático, de acordo com um estudo da investigadora do Centro de Trauma, Joana Proença Becker.