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Geoestratégia dos Espaços Econômicos:
poder local, poder global e gestão do território
Marcelo Milano Falcão Vieira (Fundação Getúlio
Vargas - Escola Brasileira de Administração Pública
e de Empresas)
mmfv@fgv.br
Eurípedes Falcão Vieira (Fundação Universidade
Federal do Rio Grande)
falcaovieira@vetorial.net
Neste trabalho estuda-se e analisa-se o cenário econômico,
geoestratégico e as formas de organização, redefinição
e gestão do território, considerando, no âmbito do
processo de globalização, a formação de novos
espaços econômicos. A economia global criou espaços
globais que representam fragmentos espaciais territorializados. A territorialização
dos espaços produtivos mundiais caracteriza lugares-globais que
representam desterritorialização de espaços nacionais.
Sobre essas áreas de interesse das grandes corporações
multinacionais se manifestam formas de influência sobre a gestão
do território. A transformação de lugares-locais
em lugares-globais ocorre com a apropriação de espaços
produtivos e de circulação produtiva, estabelecendo novas
relações de poder. Pode-se, portanto, admitir que os novos
cenários dos lugares-globais estabeleçam conexões
lógicas entre a ação de produção e
a manifestação de poder. Em conseqüência, a ação
e o poder se materializam sobre um objeto físico que é o
lugar-global, transformando-o em um objeto geográfico onde se circunscrevem
as práticas econômicas e se produzem manifestações
de poder.
O poder econômico é multipolar na ação, mas
hegemônico nos centros de grande suporte político e militar.
A geoestratégia dos espaços econômicos globais é
uma configuração espaço-temporal de uma tríade
regional que se fortalece rapidamente. Com efeito, a ALCA, a EU e a ASEAN,
com parlamentos próprios, moeda comum e estratégias globais
dominarão os meios de produção, de circulação
e consumo nos próximos anos. Serão, também, e naturalmente,
as sedes do poder global irradiado pelas multipolaridades locais e regionais.
O espaço econômico, em nível mundial, passou por profundas
reformulações a partir, principalmente, dos anos 80 do século
XX. O paradigma espaço-tempo ganhou novos atributos e configuração
com os avanços da microeletrônica, da multipolaridade produtiva
e de uma verdadeira revolução nos métodos de gestão.
A espacialidade logística passou a ser decisiva na definição
e redefinição de novas áreas de produção.
Os lugares-globais são estabelecidos em função de
macrorregiões, em áreas regionais de grande potencial de
consumo. Os acordos multilaterais asseguram os benefícios e vantagens
comparativas entre países e grupos de países. Uma nova dimensão
espaço-tempo territorial ganha preponderância sobre os antigos
formatos da produção mundial.
O advento da era informacional - conhecimento e informação
- reorientou o próprio processo evolutivo da sociedade, dominante
até os anos 70 do século XX. O espaço-tempo cibernético,
introduzido pelos avanços da tecnologia microeletrônica,
mudou os padrões de produção, organizacionais e de
gestão. O conhecimento e a informação assumiram o
comando da vida econômica e a partir dela condicionaram, de certa
forma, os costumes, procedimentos e tendências. Os signos, valores
e significados da modernidade industrial foram substituídos pelas
novas imagens da era que se descortinava, a era pós-industrial.
Configuram-se os novos modelos de gestão, principalmente, o de
associação entre o público e o privado.
A questão do poder e a gestão do território só
serão entendidas sob as luzes da nova realidade. Os estados nacionais
perderam poder com a economia global e vêm sofrendo vários
arranhões em suas soberanias. Os grandes blocos econômicos
e os inúmeros organismos internacionais que controlam o setor financeiro
e o comércio mundial formam como que uma governança global
à qual os estados nacionais da orla capitalista são obrigados
a se submeterem no contexto de uma histórica dependência.
A globalização é um fenômeno político,
econômico e cultural da presente atualidade. Não será
detida, ao contrário, crescerá em dimensão nos próximos
anos. O grande dilema é como encontrar e praticar formas de relações
mais harmônicas, simétricas e justas entre todos os membros
da comunidade internacional.
Título da Comunicação: A deslocalização
como estratégia empresarial: riscos e oportunidades.
Maria Manuel Serrano da Fonseca
A presente comunicação tem como objectivo reflectir sobre
a estratégia de deslocalização de empresas, respectivas
lógicas e consequências. A pertinência do tema pareceu-me
desde logo evidente já que constitui uma realidade que não
é alheia a nenhum dos países presentes neste Congresso.
Não é minha intenção tomar uma posição
sobre este fenómeno, mas alertar para as duas faces desta realidade:
os riscos e as oportunidades.
As ideias que trago para partilhar convosco são o resultado de
uma reflexão auxiliada por várias fontes: a observação
directa do quotidiano e divulgada pelos media, leituras diversas (artigos
de opinião, documentos produzidos pelos partidos políticos
da oposição e pelo Governo, análise da imprensa,
entre outros), os quais possibilitaram a produção deste
texto.
Desenvolvimento Local e Sindicatos no Novo Pólo Automobilístico
de Gravataí (Brasil)
Sandro Ruduit Garcia (Universidade Federal do rio Grande do Sul)
sandroruduit@ig.com.br
A indústria automobilística, no Brasil, experimentou, na
segunda metade da década de 90, um novo ciclo de investimento direto
estrangeiro (IDE), materializado na reestruturação de plantas
montadoras já existentes, na fusão de empresas de autopeças
nacionais e estrangeiras e na instalação de novas plantas
industriais, fora do ABC paulista, região consolidada na produção
e montagem de veículos automotores. Os novos pólos automobilísticos
beneficiaram-se da chamada guerra fiscal, promovida por governos estaduais
e municipais na disputa pelos recursos externos, mediante a concessão
de incentivos fiscais e o compromisso de investimentos em infra-estrutura.
Discute-se se os novos pólos automobilísticos implicam simples
uso das localidades (baixos salários, isenção de
impostos, degradação ambiental), ou, além disso,
oportunizam o desenvolvimento local, em termos de prosperidade econômica,
de ampliação de capacidades e qualificações,
de mudanças na cultura organizacional e sindical, de expansão
da densidade institucional e do poder político local vis-à-vis
o contexto nacional e de auto-estima da comunidade. O município
de Gravataí, situado na Região Metropolitana de Porto Alegre,
extremo Sul do Brasil, recebeu uma unidade montadora da General Motors,
cuja operação iniciou-se no mês de julho de 2000.
Como é típico deste setor, a montadora apóia-se nos
princípios da lean production, desenvolvendo um novo arranjo organizacional,
denominado de Condomínio Industrial: há dezesseis empresas
de capital estrangeiro que fornecem sistemas do veículo (sistemistas),
localizadas no terreno da montadora, facilitando o ajuste de projetos
e pesquisas comuns, de tecnologias, de métodos organizacionais
e mesmo de relações de trabalho. Há, ainda, uma divisão
do trabalho com fornecedores de peças, insumos e serviços,
tanto para a montadora, como para as sistemistas, mediante rígidas
exigências de custos, de qualidade e de escala de produção.
Este segundo nível de fornecimento é composto por firmas
instaladas na região (empresas locais) e fora dela (São
Paulo, Paraná, Minas Gerais, empresas estrangeiras). Apesar de
relativamente modesto, o número de fornecedores locais operando
junto à montadora e às sistemistas vem-se ampliando, indicando
que à medida que os fornecedores locais vão se capacitando,
passam a ocupar o espaço de fornecedores externos. A questão
é saber como será possível a reestruturação
dos fornecedores locais, posto que a GMB e as sistemistas não desenvolvem
programas de capacitação, limitando as possibilidades de
inserção das empresas locais, especialmente as de menor
porte. Qual o papel das instituições sociais e políticas
nesse processo? A integração ao novo pólo industrial
implica a elevação dos níveis salariais, a melhoria
dos benefícios sociais e a estabilidade no emprego, considerando-se
as exigências de redução de custos impostas pelas
montadoras e pelas sistemistas? Inexperientes em relação
à indústria automobilística, os sindicatos enfrentam
também uma nova realidade: negociar com diversos atores empresariais
(empresas locais e empresas globais, com diferentes práticas gerenciais)
e representar uma categoria fragmentada em múltiplas empresas,
malgrado pertencerem ao mesmo complexo industrial. O objetivo central
deste trabalho consiste em examinar as características do novo
pólo automobilístico de Gravataí e suas repercussões
na localidade, em termos de reestruturação/ capacitação
das empresas locais, de mudanças nas relações de
emprego e de mudanças nas práticas e estratégias
dos sindicatos de trabalhadores, focalizando-se o setor metal-mecânico,
particularmente indústria de autopeças. O estudo apóia-se
em dados secundários, relativos ao setor metal-mecânico local,
e primários (entrevistas com informantes da montadora, de empresas
fornecedoras e dos sindicatos locais e visita ao chão-de-fábrica
da montadora). Argumenta-se que tal é a complexidade do fenômeno
em questão que ele não pode ser abordado em termos dicotômicos:
as repercussões locais decorrentes dos novos pólos automobilísticos
são positivas ou negativas? Em lugar disso, seria preciso pensá-las,
sociologicamente, em termos de implicações ambivalentes,
de avanços e de retrocessos, de processos conflitivos e não
lineares.
Metodologia para avaliação de infra-estrutura municipal
de serviços de utilidade pública referida ao bem-estar
Silvano José da Silva
Trata-se aqui de metodologia para avaliação de desenvolvimento,
este referido à promoção das capacidades humanas
e no contexto de um estado de bem-estar social. O Relatório do
Desenvolvimento Humano de 1998 define os fatores para efetivação
do consumo numa perspectiva do desenvolvimento humano (capítulo
2), alinhando entre os quais a provisão pública, objeto
da pesquisa que originou a metodologia.
Para impor as virtudes da economia de mercado aos vícios da sociedade
capitalista, não há como dispensar a presença da
administração pública interpretando o estado nacional
em seu papel de agente ativo na economia como interventor direto, sempre
que a natureza da atividade econômica for tipicamente de monopólio
natural. Pois tanto quanto a chamada concorrência perfeita configura
um mercado ideal (nos sentidos de abstrato e de desejável), também
o monopólio pode configurá-lo idealmente em ambos os sentidos.
Indesejavelmente quando o mercado do produto (bem ou serviço) não
seja de monopólio. Porém inevitavelmente quando esse mercado
seja de monopólio natural. Este último é o mercado
reservado à participação do estado na economia, eis
que não é razoável esperar interesse público
na prioridade de qualquer negócio.
Ocorre que políticas sociais são intimamente relacionadas
a políticas econômicas das quais dependem para viabilizar
a base material que garanta tanto a sua eficácia como a referência
para que a política pública possa sujeitar-se a avaliação.
Tal avaliação é indispensável como responsabilidade
pública, fato que motivou a pesquisa.
A metodologia obtida foi testada numa parcela de municípios do
interior do Estado do Rio de Janeiro, os quais foram convenientemente
selecionados em duas áreas aparentando disparidade em desenvolvimento.
Pressupõe-se que o desenvolvimento do Estado depende do desenvolvimento
do interior. As bases (materiais) de apoio para a avaliação
são os serviços de utilidade pública de abastecimento
de água residencial, fornecimento de energia elétrica residencial,
acesso à malha rodoviária e telefonia fixa residencial.
Tais serviços foram considerados através de variáveis
de estoque (disponibilidade) e fluxo (utilização), com dados
de 2000. Em si a metodologia consiste da avaliação dos referidos
serviços em âmbito municipal segundo dois enfoques:
o orientação para a infra-estrutura; e
o orientação para o bem-estar.
Para tanto é utilizada a Análise Envoltória de Dados
(DEA)(***), ferramenta de pesquisa __________
(***) Sigla em inglês para "Data Envelopment Analysis"
operacional em programação linear fracionária, capaz
de analisar as unidades em si mesmas, maximizando cada uma delas com base
nos dados fornecidos, sem prejudicar nenhuma das outras do universo, seja
quanto aos dados de entrada, seja aos de saída. As orientações
são dadas por variáveis de saída, estas relacionadas
a variáveis de entrada, todas selecionadas para avaliar a eficiência
técnica decorrente dessas relações.
No primeiro enfoque estoque e fluxo são avaliados, um de cada vez,
como variáveis de saída (orientação para infra-estrutura),
de modo a aferir inicialmente quanto é o bastante?. No segundo
enfoque estoque e fluxo são considerados de uma só vez como
variáveis de entrada (orientação para o bem-estar),
de modo a determinar que desenvolvimento?. Assim procedendo pode-se ter
uma idéia sobre como a infra-estrutura está contribuindo
para o bem-estar da comunidade. Dos resultados das avaliações
por ambas as orientações podem se extrair frações
superiores e inferiores, permitindo identificar mais ou menos incidências
de municípios nas áreas estudadas.
A comparação dos dois enfoques permite avaliar quem: (a)
evoluiu, ou (b) involuiu, do primeiro para o segundo enfoque, orientando
o poder público na decisão por investir (caso b), ou não
(caso a), na citada infra-estrutura. No caso b, a orientação
serve ainda para decidir fazer obras de ampliação do estoque
de infra-estrutura, ou promover melhorias de gestão dos seus serviços
em tal ou qual município.
Políticas Públicas, Desenvolvimento Sustentável
e Cultura Local:
uma discussão acerca do Nordeste do Brasil
Suely Salgueiro Chacon
Marcel Bursztyn
Como as políticas públicas impactam no processo de construção
do desenvolvimento sustentável, especialmente em regiões
que apresentam graves índices de pobreza e atraso tecnológico?
Esta é a questão básica que este trabalho se propõe
responder, focando especialmente essa discussão nas ações
do Estado na região Nordeste do Brasil.
A Região Nordeste, em particular o Semi-Árido, tem sido
marcada por sucessivos programas de fomento governamentais ao longo das
últimas décadas, sobretudo a partir da criação
da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste - Sudene,
em 1959. De uma maneira geral, todos esses mecanismos têm em comum
estratégias de desenvolvimento da economia regional e o combate
aos efeitos da seca. Em grande medida, a ação governamental
para a região tem sido pautada a partir de financiamentos de organismos
multilaterais internacionais (BID e BIRD), o que contribui para o aumento
da dívida externa brasileira, dentre outros pontos não positivos.
Os programas governamentais sempre previram a necessidade de interiorizar
o crescimento e a produção, elegendo esta como a condição
sine quo non para alcançar um verdadeiro estado de desenvolvimento.
Porém, governo após governo, a idéia tem se restringido
a iniciativas que não lograram sucesso real e sustentável,
continuando o Semi-Árido nordestino excluído dos resultados
positivos do desenvolvimento do país. Constata-se que os programas
de desenvolvimento promovidos pelo Estado, distribuídos por diferentes
órgãos, apresentam pouca complementaridade e continuidade,
além da incapacidade de atingir o seu público-meta, e da
inabilidade de trabalhar com este público, que é teoricamente
a finalidade de sua existência.
O resultado visível destas metodologias equivocadas é a
permanência de uma baixa produtividade, gerada por processos produtivos
arcaicos, completamente dissociados da idéia de sustentabilidade,
ou seja, sem a devida racionalidade no uso dos recursos, onerando a produção,
sem o mínimo padrão de qualidade, resultando na não
efetividade dos programas de incentivo. Resultado: a idéia de desenvolvimento
sustentável passa longe das comunidades supostamente beneficiadas,
que permanecem excluídas, vivendo em estado de miséria e
com pouca perspectiva de desenvolvimento do ponto de vista da produção
e da sua qualidade de vida.
Em contraponto a essas constatações, esse trabalho também
revela que existem notáveis experiências que vêm sendo
implementadas na região, com baixo custo e grande impacto social
e econômico. Trata-se, geralmente, de iniciativas que contam com
a indispensável mobilização das comunidades-objeto,
que atuam também com sujeitos da promoção de suas
oportunidades. Alguns municípios, até mesmo de forma espontânea,
vêm protagonizando um desempenho muito positivo em matéria
de avanços econômicos e sociais, com o aproveitamento de
oportunidades e vantagens comparativas locais. Nesse caso, fica patente
a importância de não se buscar fórmulas universais
e simultâneas.
Experiências exitosas são resultado principalmente da adequação
dos instrumentos à cultura local. Não se pode continuar
a incorrer no erro de definir mecanismos genéricos e depois buscar
adaptar a realidade ao modelo. A incapacidade de liderança e gestão
dos operadores das estratégias de desenvolvimento públicas
é um gargalo que não deve ser negligenciado. Sem gestão
competente e lideranças legítimas, não há
sucesso.
É necessária uma urgente revisão na forma de planejar
e avaliar os projetos que beneficiam comunidades e regiões carentes,
enfatizando a necessidade de promover um planejamento integrativo e incorporar
à elaboração, análise e avaliação
dos projetos elementos mais dinâmicos que contemplem não
só os aspectos quantitativos, normalmente genéricos, mas
também aspectos específicos revelados pela atenta observação
da cultura local, do modo de vida e da organização daqueles
que devem receber os possíveis benefícios de um programa,
envolvendo-os e levando-os a uma tomada de consciência do seu papel,
buscando assim uma solução de fato sustentável.
O Estado e a reprivatização da natureza na Amazônia
brasileira
Elder Andrade de Paula (Universidade Federal do Acre - Brasil)
O objetivo da comunicação é discutir a partir de
uma perspectiva histórica, as repercussões das reformas
do Estado no que tange as políticas e estratégias voltadas
para a exploração mercantil dos recursos naturais na Amazônia
brasileira. Em linhas gerais, procura-se questionar os argumentos que
advogam a supremacia do "mercado" na dinâmica do desenvolvimento,
colocando em relevo, os dispositivos ativados pelo Estado - como concessão
de florestas públicas a grandes empresas para extração
de madeiras, isenção fiscal etc; - para atrair e incentivar
o capital na retomada da exploração daquele território
no final do Século XX. Os argumentos utilizados estão ancorados
na pesquisa que resultou na minha Tese de Doutoramento ("Estado e
Desenvolvimento Insustentável na Amazônia Ocidental: dos
missionários do progresso aos mercadores da natureza"CPDA/UFRRJ,
2003), e em fontes complementares pesquisadas posteriormente. Como é
sabido, a partir da década de 1960, a região amazônica
situada no território brasileiro passou a constituir-se em uma
"nova fronteira" a ser incorporada ao processo de acumulação
capitalista. A fase inicial desse movimento expansionista é caracterizada
pela tentativa de "integrar" àquele território
à nação através de um conjunto de políticas
coordenadas e centralizadas pelo "Estado desenvolvimentista".Tais
políticas( dotação de infra-estrutura, incentivos
fiscais, créditos subsidiados etc;) destinavam-se a promover a
"modernização" econômica em sintonia com
o novo ciclo de industrialização inaugurado no país
logo após o golpe militar de 1964. Em um curto espaço de
tempo, apareceram os primeiros sinais da destruição da natureza
e agravamento das condições sociais de vida da população
local, resultantes sobretudo, da exploração predatória
praticada por empreendimentos privados, associados e individuais. Nos
anos 80, esse "modelo" enfrenta forte oposição
dos movimentos sociais e organizações ambientalistas nacionais
e internacionais, que passam a reivindicar entre outros, a criação
de áreas de conservação e ou preservação
ambiental - regulamentadas na forma de propriedade estatal - ressaltando
a dimensão pública da proteção do patrimônio
natural amazônico. A segunda fase, cujos contornos aparecem de forma
mais nítida na década de 1990, é marcada pelo abandono
da idéia de "integração nacional" bem como,
a do Estado como indutor do desenvolvimento.As críticas ao "Estado
intervencionista" e a crescente valoração do mercado
como dinamizador do desenvolvimento, legitimam uma escalada de reprivatização
do patrimônio natural na região, expresso nitidamente na
concessão legal de terras públicas a grandes empresas privadas
para fins de exploração comercial de madeiras em larga escala.
Em síntese, concordando com Janine Broidie (1996) o aprofundamento
dos estudos sobre a "reconfiguração da linha divisória
entre público e privado" que marcaram a edificação
do Estado moderno é essencial para a compreensão do papel
reservado ao aparato estatal no período recente.
Palavras chave: Estado, Desenvolvimento, Amazônia
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