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Coooperativismo, autogestão,
enomia solidária - Mutações do trabalho e do capital
Maurício Sardá de Faria
No Brasil, em meio ao aprofundamento da crise econômica e social
durante os anos 90, emerge um fenômeno social novo que, pouco a
pouco, ganha amplitude e projeta-se como alternativa à escalada
do desemprego, à deterioração do mercado de trabalho
e à precarização das relações de trabalho.
Trata-se da criação de inúmeras experiências
em que os trabalhadores assumem a propriedade das empresas em processo
falimentar, permitindo o surgimento de análises que apontam para
um verdadeiro "ressurgimento do cooperativismo".
O espaço social ocupado pelas inúmeras cooperativas ou empresas
em autogestão, nos mais diversos ramos de atividade, ensejou a
criação, entre outros, da Associação Nacional
dos Trabalhadores em Empresas em Autogestão (ANTEAG), da Agencia
de Desenvolvimento Solidário da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
e da Central de Cooperativas UNISOL dos Sindicatos dos Metalúrgicos
do ABC paulista, estabelecendo-se relações com os poderes
públicos e parcerias com agentes nacionais e internacionais do
campo sindical e cooperativo.
Além dessas múltiplas experiências no campo da produção
industrial e de serviços, o fenômeno incorpora também
inúmeras práticas associativas na agricultura (sobretudo
a partir das cooperativas do MST), difundem-se instituições
de micro-crédito e crédito popular, cooperativas de consumo,
e verifica-se a auto-organização das populações
a partir dos bairros nas periferias das cidades brasileiras. E o conjunto
dessas iniciativas deu azo ao surgimento da expressão economia
solidária, enquanto conceito que remete à busca de um sistema
alternativo de produção ou, até mesmo, de um novo
modo de produção baseado no cooperativismo e na solidariedade
(tese defendida, no Brasil, por Paul Singer).
Mais recentemente, o governo Lula criou a Secretaria Nacional de Economia
Solidária (SENAES), vinculada ao Ministério do Trabalho
e Emprego, com o objetivo de fomentar e dar sustentação
às experiências e formular políticas públicas
para o desenvolvimento deste campo associativista e cooperativista. Com
isso, tem em vista o potencial que essas práticas comportam para
a manutenção e criação de postos de trabalho
e, também, para a elaboração de políticas
públicas que impulsionem formas não-capitalistas de produção,
ainda que no interior de um sistema produtor de mercadorias.
A nossa comunicação pretende refletir esse processo recente
dos trabalhadores brasileiros no campo da Economia Solidária a
partir da experiência histórica dos trabalhadores, por um
lado, e das formas como esse fenômeno vem se apresentando em outros
países, por outro, que apresentam denominações variadas
como economia social, popular, do trabalho, plural, socioeconomia etc.
(conforme o mapeamento internacional apresentado na recente publicação
organizada por Boaventura de Souza Santos: Produzir para viver: os caminhos
da produção não capitalista. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2002.)
A reflexão sobre as experiências alternativas dos trabalhadores
na esfera econômica deve caminhar por duas dimensões: a econômica
e a emancipatória. A primeira diz respeito, pelo menos, ao quadro
geral da crise do capitalismo que conforma um conjunto de condições
específicas que favorecem e, ao mesmo tempo, dificultam o desenvolvimento
dessas experiências; a capacidade para a efetivação
dessas práticas associativas e autogestionárias e das novas
relações sociais anti-capitalistas no marco de um sistema
mundial ainda regido pela lei do valor; a constituição de
mercados alternativos e de solidariedade que circunscrevam as relações
das experiências com o mercado mundial, suas regras e critérios
de eficácia instrumentais; e a possibilidade de justificação
e viabilidade da produção autogestionária a partir
de critérios outros (político-sociais, ecológicos,
pedagógicos), para além dos imperativos da competividade
e do mundo das mercadorias.
A dimensão emancipatória diz respeito ao conteúdo
utópico que essas experiências carregam no ventre, a partir
transformação da propriedade privada dos meios de produção
em propriedade coletiva e social das condições materiais
de existência; a possibilidade que abrem para recuperar o debate
sobre a radicalização da democracia na esfera econômica,
impulsionando formas mais avançadas de democracia direta nos locais
de trabalho e moradia; e da recuperação do projeto autogestionário
enquanto praxis, prática ao mesmo tempo material e social, e isto
num ponto nevrálgico do sistema.
Os sentidos possíveis da experiência cooperativista dos trabalhadores,
no Brasil e nos conjunto da periferia do sistema mundial, são indispensáveis
para pensarmos o novo contorno das lutas sociais do milênio que
apenas se inicia.
O cooperativismo e a questão social no contexto da globalização
excludente
Rosangela Nair de Carvalho Barbosa
rcarvalhobarbosa@aol.com
A presente comunicação aborda a economia social (solidária)
como alternativa de enfrentamento do desemprego e reordenação
do trabalho advindos com a reestruturação produtiva e os
processos de globalização excludente do capitalismo na contemporaneidade.
Indaga-se, qual seria a capacidade dessas práticas de economia
social suprirem as necessidades sociais e também incorporarem a
cultura da cidadania sustentada na realização dos direitos
e na democracia participativa? Particularmente, como o cooperativismo
enquanto uma das esferas da economia social, se situa na nova ordem mundial
avessa a generalização do trabalho regulamentado, massivo
e subordinado a esfera pública. Como a partir de sua tradição
histórica de alternativa a exploração capitalista,
o cooperativismo se coloca no quadro de mudanças estruturais dos
tempos que correm, na medida em que passa a constar das estratégias
sugeridas pelas agências multilaterais.
Com a crise do Estado providência e do pleno emprego, a temática
da economia social e da solidariedade é recolocada, principalmente
porque o desemprego estrutural e a terceirização da produção
conformam os elementos chaves desse processo econômico e de fragilização
social que diminui o assalariamento e a proteção social
inerente ao trabalho regulamentado. Os direitos socìais perdem
a referência política e ideológica de universalidade
de modo que o emprego é retirado da arena de compromissos públicos
do Estado e se converte em atenção residual de programas
de capacitação para mobilizar atributos individualizados
de empregabilidade. Ou ainda de ações de solidariedade da
economia social.
A União Européia vem financiando programas diretamente voltados
para esse tipo de resposta ao desemprego. A idéia central é
fomentar pequenos negócios - em si mobilizadores de ocupação
e renda - a partir de uma perspectiva de desenvolvimento voltada para
as necessidades e vocações sociais da localidade em que
estão inseridos. Os principais meios de fomento tendem a se concentrar
em políticas de microcrédito, de capacitação
e de organização cooperativa em rede de microempreendimentos.
Trata-se de uma perspectiva empresarial, que propõe a revisão
das regulações estatais para retirar atividades da informalidade
e estimular pequenos empreendimentos, além da capacitação
e modernização para competir no mercado. Outro enfoque,
é o que se baseia na difusão de valores como solidariedade
e reciprocidade nas ações familiares e comunitárias
de sobrevivência deslocando a unidade econômica do valor de
troca do mercado.
A América Latina, desde os anos de 1980, acolhe experiências
coletivas de unidades econômicas a que chamam economia solidária;
que em geral, são orientadas por diferentes matrizes ideológicas,
tendo a frente organizações religiosas católicas,
partidos, sindicatos, associações ou organizações
privadas.
A partir dos anos de 2000 essa noção de economia solidária
passa a ser uma das áreas de experimentação do Fórum
Social Mundial que se constituiu em 2001 como uma articulação
internacional de indivíduos, movimentos associativos, intelectuais,
partidos e organizações da sociedade civil contra a globalização
excludente.
A forma cooperativa passa a ser revisitada em suas origens para tratar
estruturas mais igualitárias e participativas na unidade econômica.
Ainda que o cooperativismo tenha se acomodado no capitalismo como são
as cooperativas tradicionais que conseguiram se colocar no mercado funcionando
quase como empresas -baseadas em práticas formalistas e autocráticas,
sem participação substantiva dos seus membros -, as cooperativas
de que se fala nesse terreno do Forum Social Mundial é a de resgate
das pioneiras referências do século XIX e de sua compatibilização
com as necessidades sociais contemporâneas de um desenvolvimento
sustentável, multicultural e solidário porque plasmado na
gestão e propriedade coletiva das unidades econômicas.
O discurso do cooperativismo tradicional é ainda vacilante quanto
a essas relações entre cooperativismo e economia social,
sendo, todavia, aderente as linhas de investimento da União Européia
que estão a promover a economia social como forma de suplementar
a fissura deixada pelo desemprego estrutural. Mais que isso, o cooperativismo
é que pode contribuir com esse novo universo de práticas
de ocupação e renda da economia social, tomando o espaço
deixado pelas privatizações. Pela própria indução
das verbas e do debate em torno da questão social na contemporaneidade,
o entrelaçamento entre cooperativismo e economia social vem se
constituindo como uma problemática legítima no campo das
políticas públicas de ocupação e proteção
social.
As cooperativas como protagonistas do desenvolvimento social
Rui Namorado (CES, Centro de Estudos Cooperativos da FEUC)
namorado@fe.uc.pt
As cooperativas têm inscrita, no seu código genético,
a aptidão para serem protagonistas fecundos do desenvolvimento
social.
Haverá sinergia entre o fenómeno cooperativo e o desenvolvimento
social? Parece ser fácil a cumplicidade entre as práticas
cooperativas e o desenvolvimento social.
A título de exemplo, pode salientar-se que as cooperativas : 1º-
são parceiros estruturalmente fiáveis do desenvolvimento
local ; 2º - valorizam especialmente a sustentabilidade ambiental
do desenvolvimento; 3º- dão importância central à
intercooperação em rede; 4º- mostram consonância
com a ideia de uma educação ao longo da vida, uma vez que
encaram a educação como elemento incontornável da
sua identidade.
Projectando estas sinergias no concreto, haverá ramos do sector
cooperativo especialmente implicáveis em alguns aspectos do desenvolvimento
social.?
Alguns exemplos podem ajudar a responder: 1º as cooperativas de habitação
podem ter um papel de relevo, na modernização humanizante
do urbanismo;2º as cooperativas agrícolas podem ser agentes
qualificados do desenvolvimento rural;.3º- as cooperativas de solidariedade
social podem ser um factor de coesão social que se afasta do assistencialismo;
4º as cooperativas de trabalho mostram ser possível usar o
capital como verdadeiro instrumento dos trabalhadores.
Se a lógica cooperativa se harmoniza com a lógica do desenvolvimento
social, poderá essa sinergia ser verdadeiramente fecunda se não
se assumir como um dos aspectos de uma globalização emancipatória
?
O cooperativismo popular como forma de inserção
econômica
Celso Augusto Tôrres do Nascimento
ictorres@horizon.com.b
Este estudo examina o tema do cooperativismo popular na cidade de Manaus.
Trata-se de uma alternativa de geração de renda que assume
relevância na atualidade e que se apresenta como uma possibilidade
de reinserção dos trabalhadores no processo produtivo. O
trabalho de campo foi realizado sob a técnica de entrevista semi-estruturada
junto a quatro cooperativas. Os resultados apontam para a retomada dos
princípios da democracia e solidariedade entre os trabalhadores.
Trabalho, autogestão e mercado: como ficam os trabalhadores?
Jacob Carlos Lima - Universidade Federal da Paraíba,Brasil
jacobl@uol.com.br
A partir dos anos 90, com o processo de reestruturação
econômica e adoção de políticas neoliberais
no Brasil, com o fim da proteção a setores industriais,
privatização de empresas estatais e tentativas de desregulamentação
do mercado de trabalho, multiplicaram-se pelo país cooperativas
de trabalho. Esse crescimento de empresas, em tese, autogestionárias,
respondeu a duas lógicas: uma empresarial, de rebaixamento de custos,
com o incentivo e mesmo organização (às vezes com
apoio estatal) de cooperativas por parte de empresas para reduzirem gastos
com a gestão da força de trabalho(chamadas de falsas cooperativas
ou cooperativas de fachada); e outra sindical ou vinculadas a propostas
de economia solidária para minimizar o aumento do desemprego e
garantir renda para trabalhadores expulsos do mercado de trabalho(cooperativas
de fato). Em comum, a necessidade de inserção num mercado
competitivo que, na prática, tem significado o abandono explícito
ou não dos ideais cooperativistas como condição de
sobrevivência dessas cooperativas, independente da lógica
adotada. Para os trabalhadores, o trabalho nas cooperativas, tem significado
ora a precariedade das relações de trabalho, uma atividade
complementar e temporária, enquanto procuram um emprego como assalariados;
ora uma ocupação remunerada em regiões sem outras
opções de trabalho remunerado cujo caráter autogestionário
é praticamente ignorado.
Essas considerações fundamentam-se em pesquisas realizadas
com cooperativas de produção industrial no nordeste brasileiro
com a realização de visitas, observação do
trabalho, entrevistas com dirigentes, trabalhadores e técnicos
de órgãos de fomento a empreendimentos cooperativos.
A solidariedade e o projeto histórico de emancipação
humana: questões e perspectivas no Brasil
Josefa Batista Lopeso
Marina Maciel Abreu
maciel.m@uol.com.br
Na sociedade brasileira, desde o início da década de 90
do século XX, propostas diferenciadas de solidariedade vêm
sendo redefinidas, a partir de contraditórios interesses das classes
sociais e ressituadas na base dos processos de atualização
e construção de antagônicos sistemas de controle social
na luta pela hegemonia na sociedade. Esses processos tendem a ser confundidos
pelas estratégias dominantes, com o apelo à solidariedade
indiferenciada, a partir de um discurso genérico, como responsabilidade
de todos. Impõe-se o repensar crítico das propostas de solidariedade,
considerando: as demandas postas pelo movimento de reestruturação
capitalista, consubstanciadas na solidariedade indiferenciada que conduz
à organização de uma pretensa cultura do consenso;
e, a solidariedade intraclasse, como necessidade histórica da classe
trabalhadora, na luta pela emancipação desta classe e de
toda a humanidade.
Alteram-se as bases materiais da constituição da solidariedade
(Mészáros,1996) intra classe trabalhadora e redimensionam-se
os desafios desse processo numa perspectiva emancipatória; ao mesmo
tempo são reatualizadas estratégias históricas construídas
pelas classes sociais no enfrentamento da questão social, em que
se sobressaem a filantropia e o cooperativismo, cujas práticas,
admite-se, consubstanciam-se em distintas concepções de
solidariedade.
O incentivo ao cooperativismo vincula-se, principalmente, aos processos
de terceirização, no contexto da flexibilização
econômica, distanciando-se de seu sentido histórico, na luta
dos trabalhadores contra a exploração capitalista; é,
também, utilizado pelos trabalhadores como alternativa ao desemprego
estrutural e à redução e precarização
dos atendimentos sociais pelo Estado e coloca-se como uma possibilidade
de construção de formas coletivas de inserção
produtiva e distribuição autogeridas, adequadas às
necessidades e valores dos que buscam criar alternativas à exploração
econômica capitalista.
No âmbito da reprodução, implementam-se propostas
de "participação solidária", que materializam
um deslocamento do chamado pacto da solidariedade social, base das políticas
redistributivas, para políticas centradas na pobreza extrema. Verifica-se
a reatualização da filantropia com a reafirmação
de sua função histórica de controle social sobre
"pobres" e "necessitados" e são introduzidas
novas configurações sob a forma da chamada filantropia empresarial,
que passam a compor o denominado terceiro setor.
A solidariedade intraclasse trabalhadora, como necessidade e possibilidade
na luta pela emancipação humana, deve ser pensada enquanto
uma questão no âmbito dos impactos que as transformações
nas formas de organização da produção tiveram
sobre o mundo do trabalho e as organizações de mediação
política dos trabalhadores. Do final do século XX ao início
do XXI verifica-se que as lutas sociais, no país, perderam significativos
referenciais históricos, no campo econômico e político,
com a desarticulação dos grandes parques industriais, como
o do ABC paulista, e ainda a inflexão das forças majoritárias
do PT e da CUT - duas das maiores e mais expressivas organizações
de mediação política da luta dos trabalhadores, hoje
base de sustentação do governo - em relação
ao projeto emancipatório. A manter esta perspectiva destaca-se
apenas o Movimento dos Trabalhadores sem terra - MST que implementa e
assegura a visibilidade da luta pela terra, no âmbito de um projeto
popular totalizador de sociedade, nacional e internacionalista. As análises
apontam no sentido de que a emancipação, como necessidade
e como projeto, tem vigência histórica e está demandando
outras formas de organização e de luta, enquanto a classe
trabalhadora se repõe como classe, reconstrói ou constrói
suas instituições de mediação política.
REFERÊNCIAS
ABREU, Marina Maciel. A constituição da solidariedade e
o significado histórico da reatualização da filantropia
e do cooperativismo. Projeto de pesquisa. São Luís: DESES/NUPPP/UFMA,
2003.
MÉSZÁROS, István. O poder da ideologia. São
Paulo: Ensaio, 1996.
ROSANVALLON. Pierre. A crise do Estado-Providência. Goiânia:
Editora da UFG; Brasília: Editora da UnB, 1997.
Sociedades cooperativas e realidade brasileira: uma abordagem
crítica da legislação e do papel do Estado
Luciana Vargas Netto Oliveira - Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE); Universidade Federal do Paraná
cristi@fae.ufmg,.br
O modo de produção capitalista tornou-se hegemônico
há mais de dois séculos, tendo como princípios básicos
a propriedade privada e o direito à liberdade individual, dividindo
a sociedade em duas classes: aquela que é possuidora do capital
e aquela que não dispõe de capital e, portanto, vende sua
força de trabalho à primeira. Os aspectos negativos desse
modelo de produção podem ser minorados e até mesmo
transformados com uma outra forma de produção coletiva e
autogestionária, como se verifica nas sociedades cooperativas.
Nessa maneira de organização da produção,
consumo e outras modalidades econômicas, a prática da solidariedade
toma o lugar da competição, pois o ganho de cada um depende
diretamente do ganho dos outros e fica bastante reduzida a possibilidade
de alguns se beneficiarem em detrimento dos outros.
Na realidade, existe um feixe de valores que embasa o cooperativismo completamente
diferente em relação ao sistema capitalista de produção.
Resumidamente, são eles: adesão voluntária e livre;
gestão democrática pelos sócios através de
decisões tomadas em assembléias em que cada associado vale
um voto; participação econômica igualitária
dos membros; permanente educação, formação
e informação dos sócios; integração
com outras cooperativas em rede buscando melhores condições
a seus membros e comunidade; autonomia e independência sobre os
negócios e o futuro das cooperativas; e, por último, interesse
pela comunidade onde as cooperativas se inserem.
Com base nessas premissas, o estudo em questão procura conhecer
mais profundamente como e em que condições o movimento cooperativista
se iniciou na América Latina, suas principais características
e especificidades em relação ao movimento na Europa. Dentre
os países da América Latina, destacou-se o caso do Brasil
ante esse fenômeno, procurando-se desenhar um quadro histórico,
econômico, social e político a fim de entender o surgimento
e desenvolvimento do movimento cooperativista no Brasil, bem como a legislação
referente à matéria.
A partir desses conhecimentos preliminares, o estudo parte para análise
da legislação cooperativista no Brasil, suas fases, as modificações
trazidas pela promulgação da Constituição
Federal de 1988, bem como pelo novo Código Civil de 2002. Esses
aspectos legislativos são confrontados posteriormente com a dinâmica
da realidade brasileira e com os reflexos que esta tem recebido das transformações
ocorridas em todo o planeta a partir da globalização da
economia, o problema do desemprego, da exclusão e da precarização
das condições de trabalho. Na seqüência, procura-se
compreender como esse novo contexto forçou à conformação
de um "novo cooperativismo" e de outras formas de produção
coletiva, denominadas de "Economia Solidária", nas décadas
de 1980 e 1990.
Diante desse novo contexto e das contradições que dele emergem,
a investigação direciona-se a compreender o papel do Estado
em relação a esses novos movimentos, não somente
referentes aos projetos de lei atualmente em estudo no país, mas
principalmente no sentido de verificar as possibilidades de implementação
de políticas públicas de fomento ao cooperativismo e às
demais formas de economia solidária no Brasil.
Na parte final do estudo, chega-se a algumas conclusões a respeito
do tema frente a todas as transformações ocorridas ao longo
das últimas décadas e procura-se analisar as perspectivas
para o futuro desses movimentos no Brasil.
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